23 ago 2005 - 19h53

Petraglia promete Arena para 40 mil pessoas em 2008

O presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mario Celso Petraglia, participou nesta terça-feira do programa Transamérica Esportes, da Rádio Transamérica (100,3 FM), na série de entrevistas especiais com os dirigentes dos três clubes de Curitiba. Petraglia foi entrevistado por Marcelo Fachinello, Airton Cordeiro e Fernando Gomes e teceu considerações sobre os mais diversos assuntos. Adotando um tom de voz calmo, o dirigente começou o programa falando sobre os projetos de investimento na estrutura do clube, como a ampliação do CT do Caju, a finalização da Arena e a construção da "Areninha", um ginásio para eventos esportivos e de entretenimento. Ele até fixou prazo para a inauguração do novo complexo: início de 2008.

Petraglia falou também de futebol, comentando erros e acertos nas contratações de técnicos e jogadores e prometeu que nenhum atleta do grupo principal será negociado até o final do ano. Por fim, Mario Celso Petraglia tratou de temas atuais, dizendo-se arrependido dos adjetivos que utilizou para reclamar do zagueiro são-paulino Alex, responsável pela lesão de Fabrício. Afirmou estar tranqüilo quanto à possibilidade de ser julgado por esse evento e garantiu que o Atlético não deverá perder o mando da Arena porque tomou todas as medidas preventivas e repressivas. Por fim, optou por não responder ao presidente do Coritiba Giovani Gionédis (a quem classificou de "ex-amigo") e ao técnico Levir Culpi ("quero que ele me processe"), que recentemente fizeram acusações a ele através do jornal Gazeta do Povo.

Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida por Mario Celso Petraglia ao Transamérica Esportes e coletadas pela Furacao.com em tempo real. As declarações estão organizadas em ordem cronológica e separadas por assuntos:

PERMANÊNCIA NO ATLÉTICO
"A continuidade depende dos sócios que votarão se nós apresentarmos a nossa candidatura. Obviamente que nós temos essa intenção, pois acreditamos que a transformação do Atlético ainda não terminou. O que me motiva não é o cargo, o que me motiva é o projeto. O que me leva a todos esses confrontos, encontros e desencontros, é a transformação do Atlético no maior clube das Américas."

LIMITES PARA O CRESCIMENTO DO ATLÉTICO
"O céu é infinito. O que se pode conquistar não tem fim."

BALANÇO DA ATUAL TEMPORADA
"O ano de 2005 é próspero para o Atlético. Nós realizamos muito: fomos campeões paranaenses, fomos vice-campeões das Américas, derrubamos o famoso muro do Colégio (Expoente), nós compramos os outros 50% do terreno do colégio (pagamos à vista), estamos ampliando nosso centro de treinamentos em quase quatro mil metros quadrados de área construída, com um novo hotel e mais quatro campos. Somente este ano a performance do Atlético dentro e fora do campo é grandiosa. Não acredito que tenha na América um clube que tenha investido e conseguido o que o Atlético conseguiu."

ARREPENDIMENTOS
"Claro (que possuo arrependimentos). Eu me arrependo muito mais do que eu deixei de fazer, mas também me arrependo do que eu fiz. No episódio de sábado, por exemplo, eu me arrependo de ter xingado o jogador da forma que eu xinguei. Naquele momento, quem falou foi o torcedor. Antes de tudo, eu sou um apaixonado torcedor, um grande torcedor. Naquele momento, vendo o estado lamentável que ficou o joelho do Fabrício, eu me perdi um pouco e falou mais alto a voz do torcedor."

ENTREVISTA COLETIVA DE 12 DE MAIO
"Naquele episódio (da entrevista coletiva), quem sabe eu tenha me excedido um pouquinho na forma, mas no conteúdo não me arrependo em nada de ter dito o que eu disse. E hoje talvez repetiria ainda com mais veemência. Estão tratando há algum tempo tendenciosamente, maliciosamente a imagem do Petraglia como se eu estivesse no Atlético por interesses pessoais. Isso eu não aceito. Se houver críticas quando às minhas decisões, se eu errei no futebol ou naquilo outro, eu aceito. Mas quando levam para o lado pessoal, da honra e da honestidade, eu não posso aceitar, não vou permitir e vou sempre reagir."

GENERALIZAÇÃO CONTRA A IMPRENSA
"Eu concordo (que errei ao generalizar o ataque contra a imprensa). Mas eu não tinha outra forma de fazê-lo. Se eu partisse para o particular ou indicasse todas as pessoas, nós não chegaríamos ao fim da entrevista. Eu tive de generalizar e fui claro que servisse a carapuça a quem se sentisse atingido. A quem eu me dirigia sabe disso. Eu fui bastante injusto com aqueles que não mereciam. Mas aqueles que não mereciam também sabiam que a carapuça não lhes servia."

VENDA DE ATLETAS
"Infelizmente, a estrutura do futebol brasileiro não permite que a gente tenha condições de segurar os nossos jogadores. Vêm ofertas milionárias, de salários altíssimos, de valores que o futebol brasileiro não tem condições de pagar. Então você vai ter um atleta insatisfeito, desmotivado, com a cabeça voltada para os dólares e os euros que estaria ganhando lá fora. Mesmo que o clube não precise dos recursos – o que não é verdadeiro -, fica dependente do jogador, que insiste para que a gente o libere porque ele vai ganhar muito lá fora e aqui nós não temos condições de pagar."

RECURSOS DOS CLUBES
"A televisão cobre, num orçamento normal, em torno de 30% a 40% dos valores do orçamento. Depois, nós temos a bilheteria, que no Brasil é insignificante. O Atlético ainda tem uma situação melhor porque cobramos o ingresso mais caro no Brasil, nós sabemos. Mas não porque é caro simplesmente, mas porque os outros dão de graça. Agora mesmo nós não entramos nessa promoção de ingressos (Nota: da Nestlé) porque dividiram as receitas do mesmo modo que dividiram as cotas da TV. Entao, um São Januário vale três vezes mais que a Baixada. Isso é inadmissível. No merchandising nós conseguimos uma boa verba agora com a venda dos direitos do nome da Arena para a Kyocera e na bilheteria o Atlético fatura de 11% a 12% de faturamento, quando deveria ser um terço. Então, nós teríamos de triplicar a nossa média de público para ter os valores que nós precisamos. Ainda chegaremos lá."

EVOLUÇÃO ATLETICANA
"A grande redenção do Atlético, na minha forma de ver, é o Centro de Treinamentos, porque é lá que nós formamos os jogadores. Por outro lado, a magia que a Arena desperta na nossa torcida e nos nossos jogadores tem dado uma condição especial ao Atlético. A patir da inauguração da Arena, em 24 de junho de 1999, nós ganhamos a Seletiva da Libertadores, quatro Campeonatos Estaduais, fomos campeões brasileiros, vice-campeões brasileiros e vice das Américas. Isso tudo com o estádio inconcluso. Felizmente, acertamos com o Colégio e eles vão desocupar toda a nossa área no dia 31 de dezembro de 2006. O Atlético terá um ano inteiro pela frente para estudar e planejar a conclusão do estádio."

PROJETOS PARA A ARENA
"Queremos concluir a Arena e fazer outra Arena, fechada, indoor, para pequenos espetáculos, com capacidade entre 6 a 8 mil lugares. Isso está sendo estudado, já há projetos e empresas contratadas para isso. Desta vez, o Atlético não fará as obras com dinheiro da venda de atletas. Hoje o Atlético tem estrutura e crédito para buscar um financiamento de longo prazo, de 10 a 12 anos, para pagar isso. O projeto para conclusão da Arena está sendo revisto para o estádio comportar 40 mil lugares. Anteriormente, era para 35 mil lugares, mas o regulamento (da Conmebol, para receber partidas da final da Libertadores) diz 40 mil, então não podemos fazer menor do que isso. Já há estudos e do outro lado temos área suficiente (para que a Arena fique simétrica). Aquelas colunas que do lado contrário ao colégio são para dentro ficarão no novo lado para fora. Isso nos ajudará a ampliar a capacidade. Além disso, temos intenção de eliminar o fosso, de mudar os vestiários para o lado do colégio, onde haverá também camarins e também um palco para shows. Nós vamos fechar a área atrás dos gols, então ali também haverá cadeiras. Mantendo a mesma arquitetura, com algumas mudanças estruturais, nós vamos alcançar 40 mil lugares."

PRAZOS
"Na mesma obra, com o mesmo tempo, recurso e condições, nós faremos a conclusão da Arena e a construção de outra Arena indoor. Elas serão inauguradas na mesma data, no mesmo evento. Terminaremos a conclusão da Arena e a Areninha em 12 meses. Se começarmos em janeiro de 2007, nós poderemos inaugurar em 2008. A Arena nós projetamos para 12 meses. Sem dinheiro, nós fizemos em 18 meses."

TREINADORES RENOMADOS
"O professor Antonio Lopes não é mais caro que o Levir Culpi. Então, o Atlético já havia contratado treinadores caros antes. Com o Levir, nós temos uma pendência de um prêmio pela Libertadores que nós havíamos prometido a ele verbalmente, mas para nós verbalmente vale também tanto quanto o escrito. O que estava assinado contratualmente já foi pago. Mas ele não cumpriu com a gente o que ele havia prometido a nós, que era ser um técnico que nós esperávamos que ele fosse."

RESPOSTA A LEVIR CULPI
"Vou dar uma entrevista à Gazeta do Povo no domingo respondendo item a item o Sr. Levir Culpi, dizendo que ele faltou com a verdade e vou querer que ele me processe para eu poder provar isso em juízo."

TÉCNICOS QUE FRACASSARAM
"O Edinho não deu certo, o Casemiro também não, mas você só sabe se não dará certo, trazendo. Eu não me arrependo (de tê-los contratado)."

NEGOCIAÇÃO DE ATLETAS
"Nenhum jogador será negociado até o final do ano."

SAÍDA DE COCITO FOI UM CASO À PARTE
"O Cocito, quando voltou ao Atlético para jogar a Libertadores, já veio com um compromisso nosso de que, havendo uma opotunidade na janela de verão, nós o liberaríamos. O Cocito tem 29 anos e está conosco há oito anos. Seria justo dar uma oportunidade a esse garoto, que nos ajudou em tantas conquistas e muito nessa Libertadores. Nós o liberamos e estamos trazendo outros para o substituir."

RISCO DE REBAIXAMENTO
"Este é o momento de provar se valeu a pena investir em infra-estrutura. Se tem risco de cair (para a Série B) ou não tem. Se o Atlético é grande ou não. Infelizmente, tivemos um começo ruim porque nós nos concentramos na Libertadores e a cabeça de jogadores você não pode administrar. Terminada a Libertadores, já vieram os resultados. Nós vamos reforçar o time, pois temos posições carentes e precisamos de qualidade. Mas a gente só acerta depois de trazer, testar e colocar para jogar."

ACUSAÇÕES DO SÃO PAULO
"Quem acusa tem o ônus da prova. Então, que eles provem (que a delegação são-paulina foi mal-tratada na Arena). Eles estavam lá filmando, então vamos ver. Eu vou me submeter ao julgamento soberano do tribunal (Nota: Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF). No meu entendimento, não houve nenhum prejuízo. O árbitro não relatou sobre o ocorrido pessoal meu. O São Paulo foi muito bem tratado, não houve nenhum risco para eles, nennum comprometimento, nenhuma ameaça. Eles foram direto para os vestiários e ali só têm acesso a imprensa e as delegações. A direção do São Paulo foi da garagem ao camarote por elevador, sem passar por torcida, nem nada. A Arena dá essa condição de conforto e segurança, que é o binômio exigido hoje em todo o mundo. Isso nós não tivemos no Morumbi. Mas acho que o tribunal não vai se submeter a pressões, isso está provado. O tribunal vai julgar dentro das normas, dos regulamentos e da lei. Se formos punidos, é porque devemos e vamos acatar. A denúncia é um direto que assiste ao tribunal. Vamos nos defender da denúncia, isso faz parte do jogo. Mas não acredito (em punição) porque o Atlético nada fez."

ARREMESSO DE OBJETOS AO GRAMADO
"Quanto à bolinha e ao copo, o árbitro já relatou na súmula todo ocorrido e juntou o Boletim de Ocorrência informando que que foi um menino que atirou a bolinha e ele já foi detido. É um desses meninos que ficam na rua, fazendo malabarismo com bolinhas. Já o copo foi jogado do banco do São Paulo, não veio das arquibancadas. Agora, o futuro a Deus pertence."

CONTRATAÇÕES
"O Atlético todos os anos contrata muitos jogadores, principalmente jogadores de baixíssimo custo e de baixa idade. Não há condições nem tempo de revelar tantos jogadores. Um menino que chega ao CT com 15 anos vai ter de pasar necessariamente três ou quatro anos para jogar no time profissional. Como o Atlético tem vendido muitos jogadores, não há tempo suficiente de só formarmos. Então, estamos trazendo jogadores ‘semi-prontos’ para jogarem. Trouxemos jogadores como o Caetano, o Danilo, Paulo Andre, o Cléo, que agora foi emprestado, jovens talentos que têm dado certo. Alguns não se adaptam, não têm a força e personalidade necessária para vestir a camisa do Atlético, mas a gente só sabe depois que os contrata."

RESPOSTA A GIOVANI GIONÉDIS
"Absolutmaente nenhuma (resposta sobre o caso Raul e Choco, infantis que trocaram o Coritiba pelo Atlético). Não vou responder ao presidente do Coritiba porque ele não merece. Não merece minha consideração nem minha resposta. Ele foi meu amigo. Deixou de ser amigo. Amigo você conhece nas boas e nas más horas. Ele disse que vai procurar seus direitos, então, pelo bom advogado que ele diz ser, que procure seus direitos."



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