Um turno, dois Atléticos
Acabou no final de semana passado o primeiro turno do Campeonato Brasileiro 2005. É tempo de avaliações, balanços, análises e também de projeções para a parte final da competição. O Atlético terminou o primeiro turno na décima quinta colocação, com 25 pontos, 21 jogos, sete vitórias, quatro empates, dez derrotas, 33 gols marcados e 34 sofridos. Está 14 pontos abaixo do líder (Corinthians) e nove acima do lanterna (Paysandu). Dizem que contra números não há argumentos. Porém, é preciso fazer um exame mais aprofundado do desempenho do Furacão para se chegar a uma conclusão sobre o que representa a campanha atleticana até aqui neste Brasileirão.
Para começar, o que chama mais atenção é a diferença do desempenho rubro-negro na primeira metade do turno. Nas dez primeiras rodadas, o Furacão fez uma campanha pífia, permanecendo na lanterna por diversas rodadas. Foram sete derrotas (seis delas consecutivas, logo no início) e somente três empates. Durante várias rodadas, teve o pior ataque da competição. A virada no campeonato se deu às vésperas do último jogo da Libertadores. Coube ao time reserva vencer justamente o rival Coritiba por 1 a 0, no dia 10 de julho e começar ali uma nova fase do time na competição.
Até então, a equipe havia feito 5 gols e sofrido 14. O aproveitamento era de exatos 10% dos pontos disputados. Nesses jogos, o time foi dirigido por Edinho (três partidas), Borba Filho (duas) e Antonio Lopes (cinco). O time principal estava focado na fase decisiva da Libertadores e ainda teve de amargar a realização de duas partidas no Estádio Couto Pereira de portões fechados por uma punição imposta pelo STJD devido a um rojão arremessado por um torcedor na partida contra o Corinthians, na Arena.
Virada
Depois disso, o Atlético mudou radicalmente. Ainda sob a decepção da perda do título intercontinental, a equipe fez seus primeiros três pontos longe da Baixada vencendo o desesperado Atlético Mineiro por 3 a 2 no dia 17 de julho. O reencontro do time com a torcida ocorreu três dias depois, numa típica fria noite curitibana com vitória de 3 a 2 sobre o Fluminense. Depois, a equipe obteve vitórias memoráveis sobre o Vasco (7 a 2), Cruzeiro (5 a 4) e São Paulo (4 a 2).
O aproveitamento pós-Libertadores é significativamente melhor. Nas dez partidas após a final, o Atlético venceu seis, empatou uma e perdeu três vezes, com aproveitamento de 63,33% dos pontos disputados. Numa projeção simplista, mantendo a média de aproveitamento da segunda metade do primeiro turno, o Atlético poderia chegar próximo dos 65 pontos, ficando provavelmente entre os classificados para a Copa Sul-Americana 2006.
"Estes números não garantem nada até o momento, mas provam que estamos no caminho certo e que continuaremos trabalhando bastante no sentido de colocar o glorioso Atlético Paranaense no lugar que merece, com cada vez mais destaque no cenário nacional", observou o técnico Antonio Lopes em sua avaliação sobre o desempenho do time depois do final da Libertadores.
Fator Baixada
Não passa despercebido do torcedor, porém, que a grande força do Atlético neste Brasileiro surge das arquibancadas. É jogando sob o apoio da fanática torcida rubro-negra, na Kyocera Arena, que o time joga seu melhor futebol e obtém os melhores resultados. Neste ano, ao contrário do ano passado, a torcida está podendo vibrar com a bateria e inova com ações como o mosaico atleticano, o primeiro do futebol brasileiro.
Jogando em casa, o Furacão tem o quinto melhor aproveitamento do Brasileirão, com 66,67% dos pontos disputados. Foram seis vitórias e três derrotas na Arena da Baixada. Em aproveitamento, o time só fica atrás de Palmeiras, Fortaleza, Cruzeiro e Goiás – e ao lado da Ponte Preta. Além disso, o Atlético venceu seus seis últimos jogos em casa, o que demonstra que a equipe vem atravessando um ótimo momento jogando em seus domínios.
Fora de casa, a situação é dramática. O Rubro-negro tem a terceira pior campanha como visitante e neste ponto parece estar o calcanhar de Aquiles do Atlético no Brasileiro. Foram apenas cinco pontos conquistados em dez jogos, o que representa 16,7% de aproveitamento. Analisando os números, conclui-se que o problema está no ataque fora de casa: foram apenas dez gols marcados longe da Baixada, o terceiro pior rendimento – enquanto isso, a defesa levou 18 gols, o que está na média do restante dos clubes. "Acho que agora nós temos de lutar para jogar fora de casa do mesmo jeito que jogamos em casa para encontrarmos o equilíbrio", comentou o capitão Marcão.
Desempenho individual
O atleta que mais atuou no primeiro turno foi o goleiro Diego, presente em 19 partidas, seguido do meia Fabrício com 18 e do zagueiro Danilo e do volante Alan Bahia, cada um com 16 partidas disputadas. Diego é também quem mais tempo esteve em campo: 1.704 minutos. Neste quesito, Alan Bahia (1.446 minutos) e Danilo (1.426) superam Fabrício (1.394 minutos).
O artilheiro do time no campeonato é o avante Lima, autor de sete gols, com Fabrício e Finazzi tendo balançado as redes em quatro oportunidades cada um. Outro problema do Atlético tem sido a grande quantidade de cartões. Foram 72 cartões amarelos e nove vermelhos – para se ter uma idéia, em todo o Brasileirão 2004, o time recebeu 125 amarelos e apenas quatro vermelhos. A manter esse ritmo no segundo turno, o clube encerrará o ano com quatro vezes e meia mais expulsões e cerca de 15% mais amarelos.
Na avaliação dos colaboradores da Furacao.com, o meia Evandro e o goleiro Diego foram os melhores jogadores do Atlético no primeiro turno. Evandro teve nota média de 6,80 e Diego ficou com 6,79, em um empate técnico. Diego jogou oito partidas a mais que o meia. O goleiro Tiago Cardoso (7,75) e o meia Ferreira (6,81) tiveram notas superiores, mas não jogaram partidas suficientes – Tiago fez apenas um jogo e Ferreira, seis.
Confira as melhores médias dos jogadores no primeiro turno de acordo com a notas do Troféu Furacao.com dos jogos do Brasileirão (apenas os que jogaram mais da metade do turno):
Evandro – 6,80
Diego – 6,79
Paulo André – 6,71
Jancarlos – 6,29
Danilo – 6,22
Fabrício – 6,21
Lima – 6,16
Marcão – 6,13
Alan Bahia – 5,71
André Rocha – 5,29
Ticão – 4,97
Colaboração: Juarez Villela Filho, da equipe de conteúdo da Furacao.com