31 ago 2005 - 13h10

1970, o Título da Raça: Valmor Zimermann

Se o Atlético é hoje um dos maiores clubes do Brasil deve muito disso ao que foi construído ao longo de seus 80 anos de história. Se hoje a torcida tem a oportunidade de vivenciar um momento histórico fantástico, há algumas décadas a situação era bem diferente. Mais precisamente nos anos 60, quando o clube atravessou um de seus momentos mais complicados. Depois de doze anos sem conquistar um título, o Atlético foi campeão paranaense de 1970 e, com uma conquista histórica, proporcionou uma das maiores festas de que se tem notícia na história do futebol paranaense.

Para comemorar os 35 anos da conquista do Estadual de 70, os sites Furacao.com e RubroNegro.Net publicarão uma série de entrevistas com personalidades atleticanas. Ex-jogadores, dirigentes, técnicos e apaixonados atleticanos revelarão detalhes daquela conquista épica.

A terceira entrevista da série é com o ex-presidente Valmor Zimermann. Em 1970, ele era um torcedor fanático e esteve em Paranaguá no jogo em que o Atlético derrotou o Seleto por 4 a 1 e conquistou o título estadual. Logo depois, participou do surgimento da Retaguarda Atleticana e tornou-se diretor do clube. Na década de 80, Valmor foi presidente do Rubro-negro por dois mandatos. Confira as impressões dele sobre a histórica conquista de 1970:

Em setembro, comemoram-se 35 anos da conquista do título paranaense de 1970 pelo Clube Atlético Paranaense. Qual a importância daquele título no contexto em que foi conquistado?
Eu acho que na época a conquista foi muito importante porque o Atletico estava desacreditado, há muito tempo sem ganhar titulo. Na época, eu era torcedor e sofria depois. Logo depois, comecei a participar da diretoria do clube. Acho que o título de 1970 foi fundamental para haver um renascimento da torcida atleticana.

Os mais novos talvez não saibam, mas o Atlético enfrentava graves dificuldades financeiras naquele início dos anos 70. Você lembra disso e de algum episódio que retrate a situação precária em que o clube se encontrava?
Eu lembro de um episódio do início dos anos 70, já depois da conquista do título. Foi inclusive um dos motivos para o surgimento da Retaguarda Atleticana. Logo que o Lauro Rego Barros assumiu o clube, eu li na Tribuna do Paraná que o Atlético não tinha treinado um dia porque não tinha dinheiro para comprar sabão para lavar os uniformes. Eu disse: "Isso não é possível. Não com o meu time". Fui até o Dr. Lauro e ele me disse que era verdade. Daí nós formamos a Retaguarda, que surgiu como um movimento para arrecadar fundos para tirar o clube daquela situação.

Como foi a comemoração do título no jogo em Paranaguá e depois, em Curitiba?
Eu estava lá em Paranaguá. Lembro do povo na beira da estrada, com bandeira, vestido de vermelho e preto. Foi algo fantástico.

Qual o momento mais marcante da trajetória do Atlético no Campeonato Paranaense de 1970?
A realidade é que ninguém esperava aquele título. Foi algo que devemos muito à atuação do presidente Passerino Moura e do Alfredo Ramos, que era o treinador. Ele trouxe o Julio e o Zico do Nacional, trouxe aqueles caras que vinham na base do amor. Vieram sem custo, senão não conseguiríamos formar o time. Acho que isso foi o mais marcante, essa luta para formar a equipe.

Naquela época, falava-se em uma possibilidade de fusão do Atlético com algum outro clube de Curitiba em função de dificuldades econômicas. Isso existiu mesmo?
Não, eu não sei de nada. Naquela época eu era apenas torcedor, mas mesmo assim não lembro de ter ouvido isso.

Você acha que o título de 1970 pode ser chamado de "O Título da Raça"?
Eu acho que sim, porque realmente foi. Era uma equipe que jogava mais por amor do que por dinheiro. Jogavam muito amor e raça.



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