Unir a figura popular de Pelé a um projeto social curitibano. Essa foi a receita encontrada pelos diretores do Hospital Pequeno Príncipe para desenvolver pesquisas sobre patologias de alta complexidade. O lançamento do Instituto Pelé Pequeno Príncipe foi realizado na tarde desta sexta-feira e contou com a presença do maior jogador de futebol de todos os tempos. "Eu sempre tive convites para fazer filantropia e sempre que eu pude, ajudei. Mas o Hospital Pequeno Príncipe foi o primeiro lugar que eu encontrei com uma proposta concreta. Por isso eu acreditei", disse Pelé na coletiva de imprensa que durou mais de uma hora. O Instituto tem como missão aumentar o percentual de cura de doenças da criança e do adolescente, já nasce com a meta de ser um dos líderes da América Latina na geração de conhecimentos, produtos, procedimentos por meio da pesquisa científica em pediatria. Para alcançar esses objetivos, já no primeiro ano de atividade o Instituto Pelé Pequeno Príncipe se prepara para desenvolver uma média de 100 projetos, envolvendo 40 pesquisadores. "Nós já temos um lugar para construir o prédio. Fica entre a Avenida Silva Jardim e a Rua Desembargador Motta. A previsão é de que sejam gastos, em cinco anos, U$20 milhões para construir e equipar o hospital", garantiu Ety Cristina Forte Carneiro, diretora de Relações Institucionais do Pequeno Príncipe.
Pesquisas de fim preventivo e de diagnóstico precoce, como é o caso do tumor do córtex adrenal, que acontece com maior incidência no Paraná, também serão realizadas. Já a partir de setembro, todos os recém-nascidos que passarem pelo Hospital Pequeno Príncipe poderão fazer o teste de DNA por meio do qual se faz o diagnóstico da doença. Como a pesquisa abrangerá todo o Paraná, a intenção é elaborar um sistema de processamento georeferenciado para cruzar dados e entender a relação entre fatores ambientais e genéticos ligados ao câncer. "Com o resultado de uma pesquisa como essa, por exemplo, o Instituto pode sugerir uma atuação direcionada para determinada parte do Estado do Paraná. Isso é o que chamamos de pesquisa aplicada, aquela feita para os que resultados impactem positivamente e imediatamente na vida dos pesquisados", explicou o Dr. Bonald Figueiredo, coordenador científico do Instituto.
Dívida com as criancinhas
A parceria de Pelé no Instituto não prevê doações em dinheiro. O Hospital Pequeno Príncipe acredita que o apoio da imagem de Pelé já é suficiente para o fortalecimento, principalmente junto a outros países, ajudando-o a viabilizar o desenvolvimento dos trabalhos. "Não existe filantropia se não há recursos para isso. A marca Pelé vale muito dinheiro e acho que esse é o caminho", disse o Rei ao explicar o porquê de não investir financeiramente no projeto. Pelé também explicou que vendeu a sua marca para um empresário. "Chegou um momento em que a marca Pelé virou um patrimônio. Foi por causa disso que eu resolvi vendê-la. Tudo que era negociado era com a minha família. Agora o empresário adquiriu tudo. É claro que eu não vou aceitar fazer propagandas de bebidas alcoólicas, como nunca aceitei. Só que a partir de agora vai existir a marca Pelé e o testemunho do Pelé", completou.
Pelé também fez questão de ressaltar que esteve em Curitiba não "profissionalmente", pela marca do empresário, e sim como apoiador do projeto. "Eu devo começar a vir mais para cá por causa disso. Temos toda uma equipe competente que vai cuidar das coisas no dia a dia, só que nos grandes eventos eu vou estar presente, sim. Eu tinha uma dívida com as crianças do Brasil. O meu milésimo gol eu dediquei para as criancinhas pobres. Acho que só agora eu estou começando a pagar".
Antes de terminar a coletiva, Pelé ainda disse que o mundo está precisando de mais atenção para os jovens e crianças. "Antigamente a gente falava que elas (as crianças) seriam o futuro do mundo. Hoje é diferente. Elas são o presente. A gente precisa cuidar delas é agora", finalizou o Rei para quase uma centena de jornalistas de Curitiba e região.