4 set 2005 - 19h17

1970, o Título da Raça: Vanderlei

Se o Atlético é hoje um dos maiores clubes do Brasil deve muito disso ao que foi construído ao longo de seus 80 anos de história. Se hoje a torcida tem a oportunidade de vivenciar um momento histórico fantástico, há algumas décadas a situação era bem diferente. Mais precisamente nos anos 60, quando o clube atravessou um de seus momentos mais complicados. Depois de doze anos sem conquistar um título, o Atlético foi campeão paranaense de 1970 e, com uma conquista histórica, proporcionou uma das maiores festas de que se tem notícia na história do futebol paranaense.

Para comemorar os 35 anos da conquista do Estadual de 70, os sites Furacao.com e RubroNegro.Net publicarão uma série de entrevistas com personalidades atleticanas. Ex-jogadores, dirigentes, técnicos e apaixonados atleticanos revelarão detalhes daquela conquista épica.

A quinta entrevista da série é com o goleiro Vanderlei, que chegou na metade do Campeonato e assumiu a posição de titular. Vanderlei Ramildo Augusto da Silva havia jogado no Metropol e no Comerciário, de Criciúma, quando foi contratado pelo Furacão. Ele tinha, na época, 27 anos. Foi um dos grandes responsáveis pela conquista do troféu. Confira as recordações de Vanderlei, que atualmente reside em Santa Catarina:

Em setembro, comemoram-se 35 anos da conquista do título paranaense de 1970 pelo Clube Atlético Paranaense. Qual a importância daquele título no contexto em que foi conquistado?
Foi um título importante porque fazia 12 anos que o Atlético nao conquistava um título estadual. Nós começamos muito mal. O Coritiba tinha uma seleção, com Oberdan, Rinaldo, Hermes, Célio. E nós só tínhamos 13 jogadores, contando com o Djalma Santos com 41 anos. Mas com esse título estadual, o Atlético recuperou sua dignidade. Uma torcida dessas não pode ficar tanto tempo sem títulos.

Os mais novos talvez não saibam, mas o Atlético enfrentava graves dificuldades financeiras naquele início dos anos 70. Você lembra disso e de algum episódio que retrate a situação precária em que o clube se encontrava?
Foi uma fase muito difícil do Atlético. Nós não recebíamos salários, apenas vales. Com a liderança do Djalma e do Sicupira, nós nos unimos e partimos em busca do título, independente da parte financeiras. No fim, nós fomos recompensados com a conquista. Não recebemos um bicho sequer pelo título, foi apenas uma coisa simbólica.

Como foi a comemoração do título no jogo em Paranaguá e depois, em Curitiba?
Eu tenho fotografias da Boca Maldita do pessoal nos carregando. Lembro que às 10 horas da manhã o estádio do Seleto estava totalmente tomado pela torcida do Atlético. Depois, foi uma festa memorável, que eu jamais vou esquecer. Ninguém acreditava naquele título.

Qual o momento mais marcante da trajetória do Atlético no Campeonato Paranaense de 1970?
Uma coisa me chama muito atenção é de um jogo contra o Unoão Bandeirante, na Baixada. O Benício jogou nessa partida, eu estava no banco, pois estava machucado. Houve um pênalti a nosso favor e o Djalma Santos errou. Se nós perdêssemos, ia tudo por água abaixo. Mas nós vibramos tanto que conseguimos virar o jogo.

Naquela época, falava-se muito em uma possibilidade de fusão do Atlético com algum outro clube de Curitiba em função de dificuldades econômicas. Isso existiu mesmo ou era mais uma lenda?
Não lembro porque logo depois eu disputei o Brasileiro e fui para o São Paulo. Eu não ouvi nada a respeito disso aí. O Atlético é tão grande, tem tanto potencial que mesmo com a situação econômica complicada dificilmente haveria qualquer acordo para fundir o clube.

Você acha que o título de 1970 pode ser chamado de "O Título da Raça"?
Sim, pois foi exatamente isso que aconteceu. Esse nome é perfeito. Nós estávamos mal no campeonato e desacreditados. Nós tínhamos o Nelsinho de 1,20 m como centroavante (risos). Ele dava na cintura do Pescuma. Mas o time se uniu, o seu Alfredo (Ramos, técnico) fez um belo trabalho e criou um clima para que nós ultrapássassemos todos os problemas. Além disso, fomos apoiados pela torcida. Isso foi fundamental. A torcida sempre nos apoiou e eu vejo que apóia o time até hoje.



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