O sonho
Podemos ignorar as falhas que, por acaso, existam. Podemos simplesmente torcer, e cada vitória será como um êxtase inenarrável, um fato indescritível em nossas vidas, como tantas que já ocorreram. Podemos desconsiderar erros que, por ventura, venham a acontecer. Podemos tornar alguns jogadores, heróis. E o oposto também é verdade, pois podemos tornar outros, traidores.
Pois somos torcedores. Fanáticos, mesmo quem não o seja de carteirinha. Somos Atleticanos de alma e coração. E a torcida atleticana é diferente. Tem mais amor, algo mais! Tão diferente dos outros na arquibancada…
Mas e em campo?
Por mais que tente, não vejo a recíproca ao nosso amor. É claro que em alguns momentos posso sonhar com um time imbatível, como foram meus sonhos após aquele magnífico 3×2 no Santos pela Libertadores desse ano. Naqueles momentos mágicos, pude sonhar com um domínio rubro-negro nas Américas e, porque não, no mundo. Isso apesar de todos os indicativos contrários. Quem confiava naquele time?
Patinar na lama, neve ou água parece que só acontece para aquele que não sabe como proceder. Dois empates em casa; dois jogos complicados pela frente, o que devemos esperar? O que devemos ignorar? Quanto mais o torcedor deve sofrer?
O fulaninho marcou três vezes. Se foram falhas, adianta agora justificar? Dois gols de falta: isso é normal? É aceitável? Lembro de um jogo pela Copa do Brasil de 2003. Atlético e Sport Recife, na Baixada. Um gol de jogada de falta, entre os três que tomamos em casa. Lá, naquele ano, pensei: aquele ali vai entregar…
Fato: no nosso gol, chutou, é gol. Ou é bola rebatida na área, mesmo que houvesse outra hipótese. Sufoco total!
Volto a perguntar aos jogadores do Atlético: aonde vocês querem chegar?
Pergunto aos pseudo-líderes: vamos jogar ou não? Vamos defender, segurar as bolas, ou rebatê-las é o negócio? Quantos anos mais para poder justificar a fama? Menos marketing e mais qualidade.
Bom, e o que nos resta fazer? Somente torcer; torcer para que nos jogos restantes desse brasileiro de 2005 possamos nos manter entre os pobres-coitados times do Brasil que estão na primeira divisão. Torcer para não sermos roubados pelos juízes (ou árbitros) incompetentes e tendenciosos que mandam nesse péssimo campeonato brasileiro e procurarão salvar Flamengo, Atlético Mineiro e Cia da queda merecida (três repetições de pênalti para a Ponte contra o Payssandu, aos 50 minutos do segundo tempo?). Torcer para que, em 2006, a diretoria atleticana faça aquilo que o senhor M. C. Petraglia falou na entrevista para a Gazeta do Povo de 04/09/2005, ou seja: investir os lucros da venda de jogadores no time, e não no patrimônio. Para mim, de nada adianta uma Arena majestosa, para 40 mil aficcionados, mas tendo um time mediano, arrancando empates em casa nos últimos minutos e aceitando isso como se fosse a melhor coisa do mundo.
Enfim, tudo o que quero é poder dormir bem à noite e poder sonhar com um futuro realmente maravilhoso para o nosso Furacão.
Num mundo onde as bolas não sejam rebatidas para dentro da área e onde possamos respirar normalmente quando os adversários lançarem uma bola ao nosso gol.
Meu coração não agüenta mais.