Em coluna, Mafuz relembra do título de 70
O advogado e jornalista Augusto Mafuz dedica sua coluna desta terça-feira, publicada pela Tribuna do Paraná, às comemorações de 35 anos do título paranaense de 1970. Em 13 de setembro de 70, o Atlético goleou o Seleto por 4 a 1, em Paranaguá, e encerrou um jejum de 12 anos. Confira o artigo de Mafuz:
O valor da história
por Augusto MafuzOs sites Furacão.com e Rubronegro.net se uniram para resgatar uma das mais belas passagens da vida do Atlético: os 35 anos da conquista do título de 1970. A foto de Passerino Moura estampada pela Tribuna do Paraná chorando entre torcedores e repórteres, foi a representação viva do Time da Raça, da vitória do tostão contra o milhão.
A importância não está apenas no marco histórico, porque por mais belo que seja não deixa de ser mais um título entre tantos. A importância está no fato de que o título de 1970 deu ao Atlético uma sobrevida, que usada com amor e idealismo, transformou-se não só em vida, mas na própria eternidade.
Só mesmo idealistas como são esses torcedores de sites, é que poderiam resgatar um valor mandamental como esse da história atleticana. Do contrário seria mais uma data a ser esquecida, dentro do propósito de se fazer o passado do Atlético só pela data presente.
Só mesmo quem ama o Atlético sabe o que ainda representa na história Rubens Passerino Moura, único militar brasileiro que usou uma farda vermelha e preta. Não tendo um mísero tostão para fazer uma revolução material, fez uma revolução pela paixão. E lá estava o querido Lauro Rego Barros, que não se sabe mais se a sua história é a da sua vida ou do próprio Atlético. Nelson Zagonel, Hailton Fantinatto, Dr. Schiavon, Arnaldo Garcez de Barros e os saudosos Orestes Domingos Beltrami, Cláudio Passerino Moura e Atilio Cômodo, todos estavam lá. E sabe que já começa a passar o chapéu para comprar camisa, calção e chuteira? Um jovem fanático de nome Valmor Zimermann, a quem se juntaram Celso Gusso, Airton Galina, José Carlos Farinhaque e outros que constituíram a Retaguarda Atleticana.
E o time? Era uma época em ainda não era vergonhoso ter ídolos. E os meus, pobre repórter de treino, eram Vanderlei, Zico, Alfredo Gottardi, Julio, Nilson e Sicupira. Nenhum no entanto se tornou tão inesquecível como o treinador Alfredo Ramos, que além do título, deu-me o consolo para o sentimento que pela primeira vez me explodia.
Não confesso minha emoção só por este ato praticado por uma geração de torcedores que ainda nem existia, o que torna inestimável o seu valor; mas, confesso a emoção da tristeza de ver o Atlético hoje como instituição à ordem de fazer esquecer a sua própria história.
Publicado originalmente na Tribuna do Paraná e no Paraná-Online