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2 out 2005 - 17h35

Patrulhamento ideológico

Eu tenho um primo que era petista roxo. Radical mesmo, daqueles que usavam boina, camisa do Che Guevara com a indefectível estrelinha do PT. Ai de quem, na família, falasse mal do PT. Briga na certa. E o pior é que muitos eram (e ainda continuam sendo) petistas. Mas para ele não importava. Até o pobre do meu tio-avô era repreendido se ousasse criticar o Lula. Se alguém tivesse uma opinião contrária, já era taxado de “burguezinho”, elitista, etc.

Bem, isso ocorria lá pelos anos oitenta, antes, muito antes da eleição de 2002. Hoje meu primo mudou. Já não usa mais a boina nem a camisa do Che. Quanto à estrela, notei que também deixou de lado. Nas reuniões familiares, quando surgem conversas sobre o atual governo, ele fica quieto. Vermelho de raiva (ou de vergonha, não sei), mas não fala nada.

Não quero intransigências assim para o meu Atlético, seja de que lado for: do torcedor apaixonado ou do comando. Creio, pela própria paixão que nos move, haver o direito de nos pronunciarmos quando não concordamos com alguma postura, seja do comando, seja do grupo de jogadores. Não acredito num bordão tipo “quem fala mal não é atleticano”.

Por princípio, sou contra a vaia na Arena. Chega a ser uma ofensa pessoal ouvir alguém vaiando o Furacão, mas claro que às vezes dá vontade. Além disso, não vou pagar caro, entre ingresso e estacionamento de carro, para ir até lá me irritar e sair vaiando a torto e a direito. Mas não deixo de considerar a vaia um direito dos que pagam para assistir ao jogo. Se quem está vaiando hoje, um dia aplaudiu ou não o Mickey, o Pato Donald ou o Pateta, creio ser irrelevante. Ele está no direito de se manifestar, mesmo que essa manifestação seja negativa, como o é a vaia. De qualquer maneira, as poucas vezes que ouvi alguém vaiar o time, sou obrigado a reconhecer que foi merecido, e muito. Atleticano na Arena não tem o hábito de vaiar o time.

Penso também que os jogadores têm obrigação profissional de entrar em campo para ganhar a partida. Representar honradamente aquele que lhes paga os salários é que é conseqüência e o mínimo necessário.

A crítica, o debate, a discussão, devem ser sempre permitidos, ouvidos e analisados, porque é uma garantia contra eventuais acomodamentos que podem conduzir a erros, além de ser um princípio democrático e, como todos sabemos, ninguém tem o monopólio da verdade.

Os que hoje criticam o goleiro Diego (eu incluído), imagino que visem seu aprimoramento ou então o bem do Atlético. Porque o que está sendo levado em consideração não é o Diego, mas sim o que é melhor para o Atlético. Se, em virtude da imagem que o goleiro passa aos torcedores, ele estiver falhando em lances capitais, não é permitido que sejam feitas críticas a ele? São falsos os atleticanos que, por ventura, ousem criticar seja um goleiro, seja qualquer outro jogador que esteja jogando mal? Se somente eu vejo falhas nas atuações do goleiro, desculpem a minha ignorância. Irei observar melhor, daqui para frente. É claro que ele faz ótimas defesas, o problema é que, pondo numa balança falhas x defesas, ela parece pender para o lado das falhas, isso, é claro, no meu ponto de vista. Prometo que serei mais observador nas próximas partidas. A propósito, eu sempre achei o Alessandro um ótimo lateral. Queria que tivessem sido dadas mais chances a ele, já que em 2001 ele jogou muito bem, mas depois começou a ter desempenhos mais acanhados e foi detonado. O que ele havia feito no passado não contava mais? Só o passado do Diego conta?

A maioria dos atleticanos que conheço têm sempre uma crítica em relação ao desempenho de um ou de outro jogador. E quase sempre diferimos, eu e eles, dos objetos de nossas críticas, com algumas exceções. Nem por isso imagino-os, ou a mim, mimados, nem menos atleticanos por isso. Muito pelo contrário.

Os jogadores do Atlético não estão acima do bem e do mal a ponto de aceitarmos todo e qualquer desempenho como sendo normal e, imagino, cabe ao torcedor atleticano mostrar-lhes isso, aplaudindo-os quando merecido e puxando-lhes a orelha quando devido.

Quanto ao meu primo, imagino que hoje está muito chateado por não ter aceitado as críticas e comentários dos amigos e familiares, naqueles outros tempos. Pior que se decepcionar em quem se acreditou, é ter seus sonhos destruídos pela dura realidade negada (ainda que percebida) por tantos anos.



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