4 out 2005 - 0h19

O outro Evaristo

Maurílio Geraldo Evaristo tem 42 anos de idade, seis dos quais dedicados ao Clube Atlético Paranaense. Conhecido no mundo do futebol pelo apelido de Lio (a última parte de seu nome), conquistou vários títulos no comando do time júnior do Furacão e exerceu durante um ano a função de auxiliar-técnico do profissional. A passagem de Lio pelo Atlético também ficou marcada pela revelação de craques como Dagoberto, Jadson, Fernandinho e Alan Bahia, embora ele mesmo rejeite a fama de ter sido o descobridor desses talentos ("Ninguém lança ninguém"). Preparado para ser técnico do Atlético no futuro, Lio acabou afastado da equipe após a demissão de Edinho e demitido tempos depois. A saída pegou de surpresa a torcida, que o reputava como um bom profissional. Em entrevista exclusiva ao site Furacao.com, Lio Evaristo contou como recebeu a notícia de sua demissão e revela que ficou sem saber o que fazer quando não deixou de freqüentar diariamente o CT do Caju, sua rotina nos últimos anos. Ele também falou sobre sua carreira, desde uma surpreendente passagem pelo time júnior do Coritiba quando ainda era treinador até suas passagens por clubes como Londrina, União Bandeirante e PSTC e o auge, no Atlético. Lio analisou ainda a nova safra de jogadores revelados pelo Atlético e fez suas apostas sobre quem brilhará no futuro. Conversando com a Furacao.com, ele deixou claro que pretendia iniciar sua carreira de técnico no futebol profissional. Dias depois, foi contratado pelo Malutrom. Mas com a esperança de um dia comandar o Atlético. "Vou adquirir experiência e vou voltar. Tenho certeza que tenho condição de dirigir o Atlético", afirmou. Confira a entrevista com Lio:

Havia um projeto do clube para você assumir o comando do time profissional do Atlético. Você trabalhou vários nos juniores, depois foi auxiliar-técnico do profissional e estava trilhando um caminho natural para ser técnico do Atlético um dia. Por isso, a sua demissão foi uma surpresa para a torcida. Você também foi pego de surpresa?
Essa era a minha idéia também, de um dia ser técnico do profissional. Todo ser humano tem um sonho. Você tem de sonhar e tem de ter objetivos em qualquer profissão e qualquer atividade. Eu sou um cara que tem ambição e acredito no meu trabalho. Além disso, através das conversas com as pessoas que me conheciam dentro do clube e me viam desenvolvendo o meu trabalho, eu fui acreditando que tinha condições. Há um ano e meio, quando eu dirigi a equipe naquele jogo contra o Paysandu (Nota da Furacao.com: vitória do Atlético por 3 a 0, na terceira rodada do Brasileirão 2004), eu fiquei tão feliz, mas tão contente que vocês nem imaginam. O Atlético estava em uma situação difícil, já tínhamos perdido dois jogos (Nota: para São Paulo e Figueirense). Nós estávamos em uma situação que se não ganhássemos aquele jogo ficaríamos bem atrás das outras equipes. Então, naquele dia eu fiquei tão contente que eu não raciocinei direito, eu me empolguei com a vitória. Naquele momento talvez eu não tenha pensado direito quando aceitei o convite para ficar no profissional. Hoje eu acho que eu me precipitei naquele momento. Eu acho que para mim teria sido muito melhor ter ficado no júnior até hoje. Eu não correria nenhum risco de ser demitido e estaria me preparando para num momento assumir a equipe profissional. Mas todos acharam que mais próximo do time profissional eu iria me preparar melhor.

O técnico Levir Culpi assistiu esse jogo contra o Paysandu no estádio, não é?
Ele assistiu ao jogo, mas não falou nada, só se apresentou aos jogadores e eu comandei o time junto com o Vinícius (Eutrópio). Na seqüência, eles acharam por bem me deixar junto com o Levir. Foi uma experiência maravilhosa, mas eu acho que deveria ter tido um pouco mais de calma. Eu me precipitei um pouquinho, mas isso já faz parte do passado e hoje está sendo um aprendizado para mim.

Por que você saiu do Atlético?
Eu acho que é um direito do patrão demitir um funcionário. No futebol profissional só vale o resultado. Se você ganhou, você é bom. Se você perdeu, você não presta. Tem que ganhar e isso eu aprendi. Se você não ganhar, pode ser o melhor treinador do mundo, mas fica sem ambiente dentro do clube, fica difícil para você continuar se o time tem uma seqüência muito grande de derrotas. Então você tem que ganhar. É algo natural.

O seu filho Lorran jogava no Atlético desde os infantis e deixou o clube logo após a sua demissão. A saída dele teve alguma relação com a sua?
Não. A minha família é muita aberta. Tanto eu como a minha esposa o deixamos à vontade. Mas nós sentimos desde o início que ele também não estava se sentindo bem com a situação. Não que ele estivesse no Atlético por minha causa, pelo contrário, ele estava lá porque tinha competência. Mas ele achou por bem sair e eu achei uma atitude bonita da parte dele. Logicamente que eu gostaria que ele continuasse no Atlético até porque ele deve seguir a carreira independente do pai. Mas se ele estava sentindo dificuldades para continuar, o melhor a fazer era sair mesmo e dar seqüência na carreira.

Por ser técnico e ter trabalhado muitos nas categorias de base, você cobra muito dele?
Não, nunca fiz isso. Nunca exigi dele e nunca questionei o Amilton (Oliveira) e o Marquinhos (Benatto), que foram os técnicos dele. Eu sei se meu filho é bom de bola ou não. Eu entendo de base, conheço tudo disso, sou um cara preparado. Mas como jogador, ele não pode seguir o que o Lio diz. Ele me admira como pai e como técnico, mas tem que seguir o técnico dele no momento. Eu nunca misturei as coisas. Do meu filho, eu cobro estudo.

Você ficou mais de três meses parado depois que se desligou do Atlético. Como foi enfrentar esse período desempregado?
Fora as férias, eu fiquei dois meses parado. Eu tenho 22 de profissão e passei por poucos clubes porque trabalho de base é dessa forma: você normalmente assina um contrato e o clube permanece com você de dois para cima. Todos os clubes em que eu trabalhei até hoje eu fiquei sempre quatro, cinco . O que está acontecendo é uma experiência nova para mim. Então, nesse tempo eu curti minha família, minha esposa e meu filho. Mas eu acho que qualquer clube que me contratar, mesmo sendo em um time profissional, eu vou permanecer por vários . Eu tenho certeza disso. Tenho confiança no meu trabalho e sou um cara que procura primeiro me corrigir para depois corrigir os jogadores.

Sua pretensão é continuar uma carreira no profissional ou voltar para as categorias de base?
Eu já deixei bem claro que me interesso por trabalhar em um time com um trabalho de base estruturado, como por exemplo, o Atlético. Quando eu dirigia os juniores do Atlético, eu não tinha o menor interesse de sair para dirigir uma outra equipe profissional. Meu sonho era iniciar minha carreira dentro do clube, isso sempre foi muito claro. Se aparecer um convite para trabalhar nas categorias de base de um clube grande logicamente que eu aceitarei com a maior naturalidade. Mas no momento eu gostaria de iniciar a minha carreira como treinador de futebol profissional.

A imprensa chegou a noticiar que você recebeu propostas para treinar os juniores do São Paulo e o profissional do Cianorte. É verdade?
Não, do São Paulo não. Eu recebi algumas consultas. O primeiro contato que eu tive foi com o Avaí. O time estava atravessando um momento difícil na Série B e como eu ainda estou iniciando a carreira como técnico profissional, eles optaram por contratar um treinador mais experiente. Mas fiquei contente que houve o contato deles. Outro clube que também me fez um convite foi o Caxias, que também estava numa situação difícil. E por último surgiu o Cianorte, que também tinha o interesse em mim. Por incrível que pareça eu sou da cidade, sou filho de Cianorte. Eles me consultaram, mas acabaram dando uma chance para um garoto que dirigia os juniores. Achei uma atitude correta e bonita deles. Agora estou aberto esperando outra proposta (Nota da Furacao.com: logo depois da entrevista, Lio Evaristo foi contratado pelo Malutrom).

Você se imagina dirigindo um dia o Coritiba ou o Paraná Clube?
Eu vou falar a verdade para vocês: eu sou um profissional. Eu criei uma imagem muito forte com o Atlético, não posso mentir. Os próprios torcedores sentiram isso, mas isso também aconteceu no Londrina. Eu me dedico tanto aos clubes em que eu trabalho que isso às vezes me prejudica. Isso aconteceu tanto aqui no Atlético, como no Londrina e no União. Esses dias eu estava conversando com a minha esposa, falando que eu me dediquei tanto nesses ao Atlético que algumas vezes eu esqueci de cuidar do meu lado pessoal. Eu me entreguei de corpo e alma ao clube e hoje eu estou sentindo um pouco isso. Mas não me arrependo de nada, eu sou um profissional e se pintar uma oportunidade eu vou aproveitar e dar uma seqüência na minha carreira.

Qual é a diferença entre treinar nas categorias de base e no profissional?
É muita diferença. Praticamente a minha vida toda eu trabalhei nas categorias de base. Eu tenho 42 anos de idade, 23 anos de profissão e 21 anos de trabalho em categorias de base. Eu trabalhei seis meses como técnico do profissional do União Bandeirante e um ano e meio como auxiliar-técnico do Atlético. A diferença é que na base você está ali para formar jogadores. Uma coisa que sempre admirei no Petraglia é que ele nunca me enalteceu pelas conquistas porque o mais importante para ele era a formação de jogadores. Nesses seis anos que eu trabalhei no Atlético, eu trabalhei tranqüilo porque sabia que mesmo se eu perdesse os campeonatos não iria ser demitido. O que a diretoria me cobrava era a formação de jogadores.

Para quem está de fora, dá a impressão que nos juniores é mais fácil lidar com os jogadores e no profissional existem relações pessoais mais complicadas. É isso mesmo?
O diferencial é que nos juniores você trata os jogadores como filhos. Eu cobro o jogador como cobro o Lorran. Tem horas que você tem que ser duro com o jogador e tem horas que você tem que passar a mão na cabeça dele, abraçá-lo, mostrar que é amigo. A maioria dos técnicos sai do jogo, reúne os jogadores e já cobra deles. Eu nunca fiz isso. Toda vez que o time perdia eu passava a mão na cabeça deles, dava tranqüilidade. Eles vinham para o vestiário pensando que eu ia dar uma dura, mas eu nunca dava dura quando nós perdíamos. Eu sempre dava dura quando nós estávamos ganhando. No profissional, a primeira vez que eu assumi o time em Londrina, eu fiz uma palestra forte com os jogadores e eles saíram todos contentes, vibrando junto comigo. Quando o Casemiro saiu, antes de o Edinho chegar, eu assumi o time também. Também dei uma palestra pesada. Nós ficamos uma hora e meia na sala vendo o vídeo do jogo contra o América de Cali, em que perdemos por 3 a 1. Ficamos corrigindo os erros e cobrando deles. Tenho certeza que eles ficaram contentes. Você tem que saber levar um jogador. Hoje em dia se um treinador linha dura chega a um clube ele suporta por um mês, mas depois já começa a ter dificuldades. Você tem que saber ser linha dura e maleável ao mesmo tempo. Isso eu aprendi com o Geninho. Ele aparenta ser um cara bonzinho, mas ele não é bonzinho na hora que tem que cobrar o jogador. Só que ele sabe levar o jogador. Todos os jogadores gostam dele. É a mesma coisa que você ficar toda hora brigando com o seu filho: vai chegar uma hora que vai ficar impossível a convivência para ambos. É preciso encontrar o meio-termo. Mas eu não senti dificuldade alguma para dirigir o profissional. O que o jogador espera de um técnico? A competência dele para desenvolver um trabalho. Os jogadores ficam olhando, observando. Se eles perceberem que você não tem a manha para fazer aquilo, não adianta. Eles até se dedicam, mas não têm aquela confiança. Mas quando eles percebem que o cara é do futebol, que o cara é bom, o grupo fecha com o técnico.

Você trabalhou em quantos clubes?
Clubes profissionais foram o Atlético, o União e o Londrina. Trabalhei também no PSTC, que só tem categorias de base.

"Se os jogadores perceberem que você não tem a manha, não adianta"

Como você começou no futebol?
Pouca gente sabe, mas eu joguei nos juniores do Coritiba em 78 e 79. Eu vim do Londrina pra cá e jogava como meia-direita. Mas daí eu me machuquei e voltei para Londrina. Lá eu tentei me recuperar, mas tinha um problema crônico de contusão e acabei desistindo. Daí fui para Colorado morar na casa do meu irmão. Um dia, o time da cidade foi jogar contra o Matsubara e eles me convidaram para jogar. Eu comecei a jogar ali atrás como zagueiro, mas não agüentava correr porque tinha a perna machucada e fiquei parado, orientando o time. Os diretores olharam isso e viram que eu levava jeito para ser treinador. Eu tinha 19 anos e os caras me convidaram pra ser técnico. Eu sempre tive noção de tática, gostava de observar os treinos. Daí comecei a brincar ali treinando o time de Colorado e fui pegando experiência. Comecei a mandar jogador para Maringá e Londrina, a ganhar Jogos Abertos e da Juventude e fui me destacando. Daí o Londrina me fez um convite e eu fui para lá. Minha carreira começou meio por acaso, mas eu adoro ser técnico, não me vejo fazendo outra coisa.

Quais os técnicos brasileiros que você admira?
É difícil admirar um só. Existe técnico que é bom de campo e técnico que é bom de comando. Como sou jovem e estou iniciando, tenho que observar o trabalho de todos. Eu admiro todos os treinadores com quem eu trabalhei no Atlético: Carpegiani, Geninho, Vadão, Casemiro, Abel, Mário Sérgio, Geninho e Levir Culpi. O Geninho e o Levir têm uma forma de comandar os jogadores na qual eu me inspirei muito. Eles sabem cobrar o cara de uma forma que o cara não se ofende. O Mário Sérgio é criticado por alguns, mas o trabalho dele é muito bom, tanto é que tudo que ele iniciou no Atlético deu certo. Ele é bom de comando, conhece de futebol, eu o admiro muito. Considerando o contexto geral, eu respeito muito o trabalho do Luxemburgo. Se eu for seguir alguém, eu vou seguir o trabalho dele porque algumas pessoas falam que eu tenho o mesmo estilo de desenvolver o esquema tático. Agora, eu também admiro muito o Felipão. Ele é um cara linha dura e maleável ao mesmo tempo. Você não vê um jogador reclamar dele.

Você foi auxiliar-técnico do Levir Culpi durante vários meses. Por que você acha que ele não subiu mais jogadores dos juniores?
Não é que ele não subiu. É que naquele momento a safra era muito nova. Não tinha jogador para subir naquela época. Havia poucos e mesmo assim ele subiu o Ticão, o Anderson Aquino. Mas não tinha chance para eles jogarem porque o Atlético já tinha um elenco. O time engrenou de uma forma que não tinha como eles participarem. De um modo geral, eu acho que o Levir conseguiu conciliar bem os trabalhos. Ele sempre fazia reunião com o departamento de categorias de base.

Mas você não acha que é um pouco do estilo dele? No Cruzeiro mesmo ele não dava muita chance para os garotos da base.
Mas o que significa lançar jogadores? Ah, porque o Lio lançou o Jadson, o Alan Bahia…Não, o Lio não lançou ninguém. Ninguém lança ninguém. Não existe isso de formar um jogador. Os caras já nascem formados. Você só dá um apoio e o cara vai embora. Você acha que alguém formou o Pelé ou o Robinho? Não tem como. Outro exemplo: eu conheci o Dagoberto há sete anos atrás no PSTC. Eles me falaram: olha, esse aí é fulano de tal. Eu vi um treino dele e ele já estava lançado. Já sabia que iria longe. Então não tem como falar que você lançou o jogador. Você apenas dá uma orientação, fala: "vai por aqui e não por ali".

E existe um momento certo para lançar um jogador?
Claro. Para ir para o profissional, o jogador tem de estar preparado. A função do técnico do júnior é dizer quando o cara está pronto. Quantas vezes os caras quiseram levar o Jadson para o profissional e eu segurei, para não queimar o cara? É assim em qualquer atividade. Se hoje eu receber um convite do Cruzeiro para treinar a base eu vou tranqüilo porque são vinte e dois anos de experiência, eu sei que estou preparado. Mas se eu receber um convite do Cruzeiro para dirigir o profissional, eu vou ter que pensar, não vou querer me queimar. Então eu tenho que pegar os times menores para que eu posso iniciar a minha carreira como eu fiz no júnior. Dentro dos juniores eu estou preparado para qualquer time, pois o Atlético já me preparou para isso. Mas para um time profissional como Cruzeiro e Flamengo, eu ainda não estou pronto.

Quais os títulos importantes você conquistou nos juniores do Atlético?
Nesses anos todos eu perdi só dois jogos lá no CT do Caju. Coloquei o clube em todas as finais que ele disputou. Além disso, eu fiquei dois anos sem perder uma partida na Copa São Paulo e na Taça Belo Horizonte, um ano inteiro sem perder uma partida no júnior. São situações que as pessoas não acreditam. Nesses anos de trabalho de base, eu perdi só dois jogos para o Malutrom, dois jogos para o Paraná Clube e dois jogos para o Coritiba, um por 2 a 0 e uma decisão por 4 a 1. Aliás, aquela derrota foi difícil de entender. Nem nós acreditamos naquilo. O Coritiba jogou tudo naquele dia. Nós éramos melhores, mas o Coritiba não deixou o nosso time jogar. Mas faz parte. Depois nós ganhamos deles lá no CT por 2 a 0, fomos vice-campeões, mas fomos aplaudidos pela torcida.

E como foi a experiência do Atlético na Dallas Cup?
Muito boa. O Atlético fez uma preparação muito boa. Fizemos uma reunião e o Petraglia perguntou para o pessoal qual era o objetivo do clube na Dallas Cup. Eles responderam que era a conquista do título. Ele disse: "Não é isso que eu quero. Eu quero que vocês representem o Atlético jogando um bom futebol". A partir disso, eu comecei a fazer um trabalho com os meninos e graças a Deus conseguimos jogar um futebol bonito e ainda fomos campeões.

Lio, gostaríamos que você fizesse uma avaliação de diversos jogadores que surgiram nas categorias de base do Atlético. Nós citamos o jogador e você fala um pouco sobre ele.

Schumacher: o Schumacher tem boa técnica e é veloz. A única coisa que ele precisa trabalhar mais é o fundamento da jogada aérea. Ele cabeceia bem, toca para o gol, mas precisa melhorar isso porque é alto e tem de levar vantagem nisso. Se ele melhorar esse fundamento, vai virar um dos grandes atacantes do futebol moderno porque todos os técnicos hoje procuram jogadores como o Schumacher. É só você ver o sucesso que fazem o Aloísio, o Washington, o Adriano. Ele tem tudo para vencer porque no futebol moderno um time sempre tem um atacante alto e outro veloz. Veja os exemplo: Washington e Dagoberto, Aloísio e Dagoberto, Lima e mais um.

Anderson Aquino: hoje acho que é o jogador mais talentoso que o Atlético tem. Anderson Aquino, Schumacher, Sammir e Evandro são jogadores que você bate o olho e fala: "esses aqui vão fazer sucesso".

Marcus Winícius: é um volante que vai dar jogo. Ele tem recursos, marca bem, sabe fazer uma função defensiva e ainda tem uma saída de bola muito qualificada. Poucos volantes conseguem isso hoje em dia. O Marcus Winicius tem as duas coisas, a marcação e a saída de bola. Ele tem um pouco do Alan e um pouco do Kleberson.

Sammir: ele é craque. Tecnicamente é muito bom. Mas tem que ter paciência porque ele é muito novo. Ele só não explodiu ainda porque ainda tem pouca idade, mas acho que quando o momento dele chegar será um excelente jogador.

Evandro: o Evandro não tem nem o que falar. Sem comentários. Ele era juvenil e já era craque. É um jogador muito bem trabalhado, muito bem formado. Ele faz bem tudo: cabeceia bem, finaliza bem, domina bem, passa bem. Acho que o Evandro tem muita coisa minha, que às vezes faz bem, mas às vezes faz mal. Quando eu perco um jogo eu fico louco. Não brigo com ninguém, mas fico louco, eu vou para casa, não durmo, fico preocupado, eu me cobro muito. O Evandro tem muito disso. Ele se cobra quando erra. Quando erra um passe no treino, ele fica puto, reclama.

Ticão: eu acho que mais ou menos o que aconteceu comigo aconteceu com o Ticão também. Quando eu dirigi o time naquela mistura de time A e time B, começaram a fazer algumas comparações do Ticão com outros jogadores e às vezes isso atrapalha. O Ticão era um desconhecido e de uma hora para outra todo mundo começou a elogiá-lo demais. Acho que ele se empolgou um pouquinho e sentiu muito com as críticas depois. Depois do jogo contra a Ponte Preta (Nota: derrota por 1 a 0 na Arena no Brasileirão 2005), em que ele foi vaiado, fizeram algumas exigências sobre o trabalho dele e ele se perturbou um pouquinho. Mas como jogador ele é ótimo, ele tem muita fibra, tem muita coisa do Atlético, o que até atrapalha ele. Ele foi um cara criado ali dentro. Mas ele tem muita coisa do Atlético, ele se identifica muito com o clube.

Douglas: quando o Douglas chegou nos juniores eu já estava saindo. Mas as informações que eu tenho sobre ele são boas.

Ricardinho: nunca trabalhei com ele também. Como ele e o Evandro foram muito convocados para a Seleção Brasileira, acabaram não passando muito tempo em treinamentos. Ele precisa melhorar umas coisas que só se melhora com trabalho de base. Ele ainda necessita de algumas coisas, mas a hora que tiver tempo para trabalhar nisso será um grande jogador.

Você é capaz de citar os jogadores que trabalharam com você e depois se destacaram no time profissional do Atlético?
São vários jogadores e fica difícil citar todos porque não quero esquecer de nenhum. Nesses últimos anos o Atlético descobriu uma porção de jogadores. Tem alguns como o Dagoberto, o Jadson e o Fernandinho que eu não fico enaltecido por eles terem conseguido ir para o profissional porque eu já sabia que eles iam ser jogadores. O Dagoberto, o Jadson e o Fernandinho, talvez o Rodriguinho e mais alguns aí, não dependiam de ninguém para serem jogadores, só deles. Agora, outros jogadores dependiam mais de um trabalho, por exemplo, Bruno Lança, Alan Bahia, Juliano, Altair. Só eu sei do sofrimento desses meninos para virarem profissionais.

Pouca gente sabe, mas o Jadson chegou a ser afastado do Atlético e retornou ao PSTC quando ainda era júnior. Como foi esse episódio?
O caso do Jadson é parecido com o meu. Você acaba se empolgando e comete alguns erros. Mas acho que aquilo fez bem pra ele. Às vezes a gente nunca passou por uma situação difícil, de sofrimento, e quando passa você reflete um pouco mais. No meu caso, eu estou refletindo muito. Os erros que eu cometi atrás eu não vou cometer de novo, e com o Jadson é a mesma coisa. Quando resolveram trazer o Jadson de volta eu nunca falei não porque eu sabia da qualidade dele. Eu o conheço há sete anos e sei como tratá-lo. É uma pessoa que eu gosto muito, ele me respeita e me adora. Ele sabe que tudo aquilo que foi feito foi para o bem dele para que ele mudasse em alguns aspectos porque tecnicamente todo mundo sabe que ele é um craque.

Houve algum jogador que trabalhou com você e que você tinha a certeza de que iria se tornar um grande craque, mas ainda não se firmou no futebol profissional?
Bem poucos. No Atlético, acho que nenhum. Todos os grandes jogadores que estavam dentro do clube conseguiram ir para o profissional. Mas no Londrina teve alguns. Tem um jogador particularmente que eu conheço bem e que não sei o que está acontecendo com ele. Eu o peguei em uma escolinha de futebol em Uraí, levei-o para o Londrina. O primeiro treinamento dele foi contra o profissional e ele arrebentou. Aí um empresário aqui de Curitiba viu um treino dele e o comprou do Londrina, que estava numa situação muito difícil. Depois, fiquei sem ouvir falar dele durante um tempo. O nome dele é Leandro, e hoje ele está na reserva do Atlético.

O que o Atlético representa para você?
Eu tenho saudades do CT, da Arena, de todo o pessoal do Atlético. Nesses seis anos eu tive uma convivência perfeita com a torcida, com a direção do clube e com a imprensa. É difícil um treinador de juniores ser reconhecido assim. O Atlético me deu uma condição de vida excelente, uma estrutura de vida pessoal e profissional. Cresci e amadureci profissionalmente. Eu fiquei conhecido no Brasil e no mundo e só tenho a agradecer muito a todos e principalmente ao Petraglia porque ele me apoiou, acreditou em mim e acredita até hoje.

Seu projeto é voltar um dia para o Atlético, em construir uma carreira lá?
Por tudo que eu fiz no clube, eu não posso descartar essa possibilidade. Outros treinadores saíram do Atlético e voltaram, e eu sou mais um. Se eu adquirir experiência, que se Deus quiser eu vou adquirir, eu tenho certeza que tenho condição de dirigir o clube. E tenho certeza que isso vai ser positivo tanto para a direção do clube quanto para mim, para a torcida e os jogadores.

Participaram da entrevista: Julia Abdul-Hak, Marçal Justen Neto, Marcel Costa, Nadja Mauad e Rogério Andrade.



Últimas Notícias

Notícias

100 palavras

“Palavras não são friasPalavras não são boasOs números pros diasE os nomes pras pessoas” – TITÃS Um misto de sentimentos me tocou a alma na…