11 out 2005 - 23h38

Análise de Atlético 4 x 0 Brasiliense, por Fabio Kaiut

Análise de Atlético 4 x 0 Brasiliense
por Fabio Kaiut Nunes

Um ditado do futebol jogado antigamente apontava: “Jogo contra time pequeno é para se fazer saldo de gols”.

Pois bem, o futebol brasileiro se modernizou mas esse ditado foi verdadeiro mais uma vez, hoje à noite, na vitória do Atlético sobre o Brasiliense por 4×0, em que o rubro-negro alcançou a 8a posição no Campeonato Brasileiro.

O time do centro-oeste veio claramente para se defender, com 3 zagueiros, 3 volantes e apenas Marcelinho Carioca e Oséas como armas ofensivas. Em parte, a sua tarefa deu resultado, mas não o suficiente.

O congestionamento que o Brasiliense impunha no meio campo impedia o Atlético de jogar com lançamentos em profundidade ou tentar arremates de fora da área. Assim, no jogo todo, o Atlético conseguiu apenas 6 finalizações.

Aí, então, prevaleceu a qualidade da força ofensiva rubro-negra; das 6 finalizações, 4 se transformaram em gol.

Aos 13 do primeiro tempo, Aloísio recebeu de costas para a área, girou e levou a falta. Depois de muita catimba de Marcelinho Carioca, Jancarlos bateu com perfeição para o gol. O mesmo Jancarlos, aos 22 do 1o tempo, cruzou também com perfeição para a cabeçada de Danilo: Atlético 2×0.

Se Jancarlos era bastante ofensivo, na parte defensiva o setor direito do Atlético mostrou-se razoavelmente vulnerável. Cristian caía mais para a esquerda, Alan ficava mais à frente da zaga e Lima, mais adiantado, deixava um grande buraco atrás de si, por onde o Brasiliense chegava com perigo, fazendo um “2 contra 1” sobre Jancarlos. Entretanto, a pouca qualidade do time candango não permitiu que obtivessem o seu gol.

Primeiramente, por brilhante atuação de Thiago Cardoso que, tendo sido exigido com maior perigo por 6 vezes, em todas esses arremates do Brasiliense mostrou-se seguro. De sua parte, Danilo, Paulo André, Cristian e Alan Bahia também mostraram-se intransponíveis pelo meio da defesa.

A armação e ataque do Atlético, em que pese a intensa movimentação de todos os jogadores (Evandro, Lima, Dagoberto e Aloísio, depois Finazzi e Juliano), foi obliterada por dois fatores: i) a sobrecarga de jogadores amarelos na meia cancha; e ii) a performance estupenda de Dagoberto.

O guri parecia estar em todos os lugares; para onde quer que se olhasse, parecia que lá estava Dagoberto para receber a bola. O time jogou para ele e ele, caridoso e “garçom” mais do que tudo, jogou para o time. Concluiu em gol apenas duas vezes: a primeira, em um rebote na cabeça da área, chutando para fora, e a segunda, em um chute que bateu na trave e saiu. Em todas as outras ocasiões em que teve a bola nos pés, mesmo driblando, correndo e fustigando a zaga adversária, sempre achava um companheiro atleticano bem colocado a quem servir.

Esta descrição também serve para o geral da ofensiva rubro-negra: muitos toques, muitas tabelas (pelo meio e pelas laterais), muitos dribles, muitos cruzamentos, mas que resultaram em poucas finalizações (as 6 já citadas). Pelo menos, há que se reconhecer a melhoria no toque de bola (menos erros de passe, em comparação às partidas anteriores) e o domínio de meio campo, rumo ao gol adversário.

Se Lima gerava atrás de si uma falha defensiva, já citada, redimiu-se no segundo tempo, em que marcou aos 15 (cruzamento de Marcão, que foi devidamente escorado para o gol) e aos 31, num belo gol, em que recebeu passe de Jancarlos no bico da pequena área, driblou o zagueiro e concluiu por sobre o goleiro do Brasiliense.

Em conclusão: se o time não conseguiu estatísticas consideráveis no decorrer da partida, pelo menos demonstrou (como já havia feito contra Flamengo e Fortaleza) o retorno da pegada e da garra atleticana, não dando espaços para o adversário, desarmando-o e acreditando em todas as bolas. Em muitos momentos se viu Dagoberto e Lima roubando a bola no campo defensivo, para tentar sair em velocidade no contra-ataque.

Evandro, de quem muito se cobrava na época de Antonio Lopes, voltou a mostrar boa movimentação, incisividade e qualidade nos passes. Pena que ficou apagado perante o brilho de Dagoberto, por jogarem no mesmo setor. Isso, entretanto, mostra o poderio ofensivo atleticano, que teve armas extremamente agudas na noite de hoje: Aloísio (junto à área) Dagoberto, Lima, Evandro, Jancarlos e Marcão (cuja raça já se tornou lugar comum nas nossas análises).

Por fim: se não foi uma partida brilhante e memorável, pode-se dizer que foi uma partida em que a eficiência, a garra e a beleza do jogo atleticano brilharam e prevaleceram.

Fabio Kaiut Nunes é advogado e colaborador da Furacao.com

O texto acima não representa necessariamente a opinião dos integrantes da Furacao.com e seu autor se responsabiliza integralmente pelo conteúdo. Entre em contato com o autor pelo e-mail fabiokaiut@yahoo.com.br.



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