16 out 2005 - 12h16

Trabalho de ACG é destaque na Folha de Londrina

O trabalho desenvolvido pelo professor de Educação Física Antonio Carlos Gomes no departamento de futebol do Atlético foi tema de uma reportagem publicada na edição deste domingo da Folha de Londrina. Gomes está no Atlético desde 2000 e é responsável por implementar uma metodologia científica no futebol, algo raro no Brasil. No final do mês passado, Gomes voltou a Londrina, sua terra natal, por ocasião da inauguração da primeira escolinha de futebol do Atlético na cidade. Nesta oportunidade, foi entrevistado pela Folha de Londrina. A conversa resultou na reportagem reproduzida abaixo (clique aqui para ler a matéria no site do jornal):

Londrinense transforma o futebol em ciência
por Jaime Kaster, da Folha de Londrina

O ex-atleta e ex-professor universitário Antônio Carlos Gomes, 47 anos, é hoje um dos "homens-fortes" do Atlético Paranaense e um dos responsáveis pela rápida ascensão do clube no panorama do futebol brasileiro e sul-americano. Diretor-técnico da equipe desde o ano 2000, o londrinense vem implantando uma nova filosofia de treinamento, que objetiva a proeza de "transformar o futebol em ciência".

"Fui convidado para encarar o desafio de fazer um trabalho científico na formação dos atletas, visando promover uma revolução nos métodos de treinamento. O futebol sempre foi cercado de muitos mitos e empirismo. Ainda hoje, na maioria dos clubes, ele é determinado pelo conhecimento popular dos treinadores e dirigentes", afirma Gomes, que conversou com a reportagem da Folha no último dia 28, quando esteve em Londrina na inauguração da primeira escolinha do Atlético-PR na cidade.

Além da bagagem acadêmica que trouxe ao clube, Gomes também vem sendo apontado como um dos mentores do chamado "projeto de internacionalização do Atlético". Como fala fluentemente o inglês e o russo morou em Moscou durante dez anos, onde fez mestrado e doutorado em Treinamento Esportivo de Alto Rendimento, e estudou com os melhores professores da antiga União Soviética Gomes é sempre requisitado pela diretoria quando é preciso entrar em contato com empresários e dirigentes de clubes do Leste Europeu. Assim foi, por exemplo, quando iniciaram as conversações para a negociação dos londrinenses Jádson e Fernandinho com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.

"Temos um departamento internacional que cuida das transações de jogadores e sempre me coloco à disposição quando precisam falar com países da Ásia e do Leste Europeu. Em função do período em que morei lá e viajei por vários países, estabeleci contato com muitos empresários do futebol, docentes e treinadores destas regiões", conta o diretor. "Não é por acaso que o clube tem ex-atletas jogando hoje em mercados emergentes do futebol, como China, Turquia, Coréia do Sul e Ucrânia", acrescenta.

Como o clube tem também atletas jogando em países de ponta, como França, Holanda, Inglaterra e Espanha, Gomes não hesita em dizer que o Atlético já é "referência internacional". Devido ao seu currículo, ele vem sendo convidado para dar palestras na Europa em eventos relacionados à área científica do futebol. As últimas foram na Espanha, Rússia e Portugal.

Sua participação mais importante foi na conferência de abertura da Eurocopa-2004, em Portugal. "O clube acaba ficando em evidência, pois sempre vou representando o Atlético. Para mim, isso mostra o reconhecimento da identidade acadêmica que o clube passou a ter entre os principais países do futebol", acredita Gomes.

Outra prova disso, segundo ele, são as visitas constantes que o clube recebe de profissionais de futebol de vários países. "Eles vêm conhecer o modelo de gestão científica que implantamos", discursa o professor.

Investimento na base é segredo para reposição

Recentemente, o Atlético-PR foi convidado para um intercâmbio com o Chivas Guadalajara, após o confronto que o time mexicano teve com o Rubro-Negro na semifinal da Libertadores-2005. Segundo o vice-presidente do Atlético, Antônio Carlos Bettega, o Chivas quer implantar a metodologia de formação do clube paranaense. Atualmente, o Furacão conta com 32 escolinhas parceiras espalhadas por seis estados do Brasil, nas quais treinam 4,5 mil alunos.

Segundo Antônio Carlos Gomes, os frutos que o clube vêm colhendo nos últimos anos (campeão brasileiro em 2001, vice do Nacional-2004 e vice da Libertadores-2005) são resultado de um grande investimento nas categorias de base. "Nosso trabalho visa tirar o máximo do atleta em termos de desenvolvimento físico, técnico e também como ser humano. A rotatividade de jogadores é grande, porque muitos são negociados com o exterior, mas em curto espaço de tempo se consegue a reposição, porque a formação tem uma base muito ampla", observou. Resultado de um trabalho de preparação diferenciado, Gomes cita que os "os últimos times do Atlético são mais velozes que a média dos outros clubes brasileiros"

‘Enterrei minha juventude no gelo de Moscou’

Nascido em Londrina em 1958, Antônio Carlos Gomes surgiu para o esporte aos 17 anos, como atleta de salto triplo, salto em distância e 110m com barreiras na equipe local de atletismo, que na época treinava no VGD. "Não havia ainda a pista da UEL, que na época era só um terrão", recorda.

Após servir o Exército, Gomes retornou ao Paraná em 1978 e se instalou em Apucarana para dirigir um projeto modelo de atletismo no município, que durou até 1984. "Eu trabalhava como técnico, mas também competia, pois fui atleta até 1985. Fomos a principal força do atletismo estadual", conta.

Em 84 foi convidado pela antiga Ametur para realizar em Londrina o mesmo trabalho desenvolvido em Apucarana. Assumiu a diretoria técnica da autarquia e foi também o treinador do atletismo local até 86. Sua carreira universitária começou anos antes, em 83, como professor da Faculdade de Educação Física de Arapongas.

Em 87 ganhou bolsa para fazer mestrado e doutorado na Rússia, onde ficou até 97. "Ao chegar lá sofri para me comunicar, porque se falasse inglês naquela época era escorraçado, afinal era a antiga União Soviética. Fiquei então dois anos num internato só estudando o idioma russo", lembra Gomes.

Ele diz que "enterrou" sua juventude "lá no gelo de Moscou" para adquirir o conhecimento que tem hoje. O sacrifício teve sua recompensa, porque Gomes se tornou o maior tradutor de livros técnicos de educação física do russo para o português e o espanhol, com 15 obras. "Fora isso escrevi outros 15 livros no Brasil sobre preparação física de alto rendimento", orgulha-se.

E por que ele escolheu a Rússia? "Porque a União Soviética tinha excelência em preparação de atletas de alto rendimento, tanto é que nos anos 80 foi a maior potência olímpica mundial"



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