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17 nov 2005 - 7h35

Defesa de Diego

Desde que se machucou o goleiro Diego vem sofrendo duras críticas. Por outro lado, elogios e mais elogios são “derramados” em seu substituto, Tiago Cardoso. Não concordo, nem em parte, com as críticas a um goleiro que por quase três anos vestiu a camisa rubro-negra com bastante determinação e vontade. Não acho que vinha falhando, como li e ouvi alguns afirmarem, ao contrário, Diego fez uma campanha excelente na Copa Libertadores da América, defendendo cobrança de pênalti contra o Cerro Porteño, operando milagres contra o Chivas. Não acho o melhor caminho simplesmente desprezar todo o trabalho e toda dedicação de Diego, virando-lhe as costas, como fez boa parte da torcida, que achou ter encontrado um substituto melhor.

A “troca de gentilezas” entre Diego e o colunista, sempre apaixonado atleticano, Augusto Mafuz, também não me agrada, pois, creio, este último, muitas vezes, como nesse caso, utiliza-se de argumentos que beiram a infantilidade. Tiago Cardoso, por sua vez, mostrou que, na melhor das hipóteses, ainda não está pronto para assumir tamanha responsabilidade. Não escrevo ainda sob o calor das emoções do jogo contra o Goiás, no qual o arqueiro, em minha visão, teve atuação pífia, e foi um dos responsáveis pela derrota, ao lado, principalmente, do zagueiro Danilo.

Desde que se estabeleceu a “polêmica” entre Diego e Tiago Cardoso, saí em defesa do número 1, mas também não em oposição ao camisa 12. Apenas penso que deveria acontecer o mais correto: o titular se machuca, entra seu substituto; o titular se recupera, volta, naturalmente, a atuar. Apesar de algumas boas defesas, ficaram negativamente marcados os gols “patéticos” que o camisa 12 sofreu. Contra o Coritiba, jogo difícil, fora de casa, rivalidade em campo, e o goleiro pecou por excesso de confiança – sim, devido aos numerosos e enfáticos elogios a alguém que pouco ou quase nada tinha-se visto jogar. Contra o Paraná Clube, um gol risível, verdadeira piada. Não vi, pelas imagens da televisão, nenhum “morrinho artilheiro”, mas, sim, desatenção e, mais uma vez, excesso de confiança. Por fim, contra o Goiás, uma saída do gol de maneira estabanada, atabalhoada, culminou – com a ajuda do zagueiro Danilo, que não sei porque não esticou a perna e cortou o lance – no gol do Goiás. Depois, soltou a bola nos pés do adversário, que só agradeceu.

Para terminar a lambança, não saiu do gol num cruzamento na pequena área, 4×2 para o Goiás. É incrível como o Atlético perde para si mesmo. Assim aconteceu contra Fluminense, Vasco e Goiás, em minha opinião, adversários fracos, apesar de Goiás e Fluminense estarem “bem” no campeonato.

Concluindo, não desejo, ao trazer aos leitores minha opinião, fazer com Tiago Cardoso o que foi feito com Diego: desprezar seu trabalho. Sei como é duro trabalhar. Ao contrário, quero afirmar, simplificadamente, que ninguém “está pronto” na vida. Mesmo, por exemplo, o mais experiente profissional, em qualquer área, deve estar sempre se aperfeiçoando, revendo atitudes e idéias, consertando falhas, enfim, deve estar ciente de que não é perfeito, infalível, insubstituível, e que os elogios são incentivos, manifestação de reconhecimento, mas não contêm uma verdade absoluta, visto que o elogiado pode se iludir e se contentar com uma glória provisória, efêmera, ao invés de solidificá-la.

Uma pena é a provável saída de Diego, pelo visto para o Corinthians. Caso contrário, o que ele teria ido fazer na concentração do time paulista este fim de semana? Visitar Antônio Lopes? Enfim, se Diego ficar para pelo menos mais uma temporada, ótimo. Se não, fica aqui registrado que não são todos que menosprezaram seus quase três anos de Atlético, sempre com muita determinação e garra, afinal, a camisa rubro-negra só se veste por amor.



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