"Não é mole, não. A coxarada na segunda divisão!". Essa foi a senha para se dar início ao cortejo de despedida ao Coxa, protagonizado por alguns torcedores atleticanos. No enterro simbólico do maior rival teve padre, viúva, coveiro e até uma imitação do presidente do Coritiba, que, ao lado de outras dezenas de torcedores do Furacão, deram seu último adeus ao rival, rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
O ponto inicial do cortejo foi a Praça Osório, bem no Centro de Curitiba. Desde o meio-dia os torcedores do Rubro-Negro começaram a se mobilizar em frente ao relógio da praça, de onde saiu o caixão. O velório começou às 13 horas, todos sendo guiados pelo "padre atleticano" e acompanhando o caixão alviverde. O grupo carregou o caixão até a Boca Maldita, inviolável reduto atleticano, onde o morto foi velado por vários torcedores do Furacão, que acompanharam a procissão. Durante o percurso, os torcedores cantavam a famosa versão atleticana da música The Wall, enquanto o "padre" dizia algumas palavras sobre a ida do time para a Segunda Divisão.
Em cima do caixão, os torcedores colocaram uma fotos de torcedores chorando, a faixa de rebaixado e um porquinho de pelúcia. A encenação durou cerca de 15 minutos e atraiu vários torcedores e curiosos que estavam trabalhando ou que passeavam pelo centro.
Adeus, Coxa
A idéia de se fazer um "enterro" surgiu de um grupo de torcedores atleticanos que debatiam no Fórum do site Furacao.com a queda do seu maior rival e queriam fazer uma última "homenagem" ao Coritiba. O atleticano Miguel Júnior explicou que o enterro foi uma espécie de "resposta" ao próprio Coritiba, que já havia tentado "enterrar" o Atlético em 1968, quando caiu para a Segunda Divisão. A tentativa alviverde, no entanto, foi frustrada, pois Anfrísio Siqueira não permitiu que isso acontecesse. "Mas na verdade fizemos isso mais para cobrar o fato de eles não terem emprestado o seu estádio para a final da Libertadores", disse.
O enterro simbólico foi justamente um dia depois de o Coritiba cair para a Segundona, justamente para não dar tempo das feridas cicatrizarem. "Fizemos o enterro para devolver tudo o que ouvimos deles no ano todo, quando estávamos em último no Brasileiro, quando perdemos para o São Paulo na Libertadores, quando perdemos do Santos ano passado. Portanto tínhamos que devolver tudo isso em grande estilo", afirmou o atleticano André, um dos organizadores do movimento.
"Praga de urubu cai no próprio pé". Essa talvez seja a melhor definição para todo esse momento que atleticanos e alviverdes estão passando, dito por um senhora que passeava tranqüilamente pela Rua XV no meio de tanta movimentação pelo enterro do rival. Certamente ela já ouviu muitas e muitas provocações de coxas em toda a sua vida, o que explica o sorriso permanente em seu semblante ao ver a imagem de torcedores do Coritiba chorando pela queda do time. Depois das risadas pelo vice-campeonato no Brasileiro de 2004, dos foguetes soltados no vice na Libertadores e das gozações pela última colocação no Brasileiro durante primeiras rodadas do campeonato, chegou a hora do choro coxa-branca. Aos atleticanos, não fica o sentimento de vingança, mas sim de justiça. Adeus, Coxa! Até nunca mais!
Confira as fotos do enterro simbólico do Coritiba nesta segunda:
Cortejo fúnebre começa com caixão alviverde sendo carregado [foto: FURACAO.COM]
Padre e coveiro conduzem o transporte do defunto [foto: FURACAO.COM]
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