Um ano memorável
Chegamos ao final de mais um ano. O balanço é positivo para a maior torcida do sul do Brasil. No pontapé inicial deste ano, conseguimos resgatar a hegemonia no paranaense. Conseguimos nos vingar da injusta conquista deles ano passado. É certo que o ponto crucial foi a incompetência do estrategista Mário Sérgio, e não pela qualidade rival. Era evidente a nossa superioridade.
Quis o destino que amargurássemos a comemoração alheia dentro de nosso santuário. Coisas que só o futebol pode explicar. Parafraseando a genial Nelson Rodrigues O sobrenatural de Almeida veio à tona novamente.
Em uma final de encher os olhos, e arrebentar nossos corações, fomos campeões após decisão emocionante na marca da cal. O carrasco alviverde foi o até então injustiçado Lima, encarregado do golpe final. Festa Rubro-negra.
Eis que chega a Libertadores. A torcida em sua grande maioria desacreditada em uma boa campanha. A melhor demonstração disso seria a sofrida classificação à segunda fase da Copa. Com derrota humilhante. Goleada para ser apagada de nossas memórias. Graças ao tropeço do todo poderoso América conseguimos nossa Libertad e fomos adiante. Mas a chacoalhada do Independiente mexeu com o brio. O orgulho de nossos atletas foi ferido. A mística do manto rubro-negro foi despertada. A raça, determinação, o amor à camisa, junto à qualidade do elenco chegaram a um consenso. Mas sobretudo, a força emanada pela torcida, que da ritmo, ânimo ao time, desconcerta os adversários apareceu mais do que nunca. A consonância entre time e torcida foi o alicerce para o sucesso. O prenúncio de uma possível conquista veio após desbancarmos o badalado Santos em plena Vila Belmiro.
O título infelizmente não veio. Os principais empecilhos foram a transferência do primeiro jogo da final fora do caldeirão. Nunca um time foi tão dependente de uma torcida. A goleada foi fruto de um dos piores desempenhos do time na competição. Aquele pênalti perdido, poderia ter escrito em vermelho e preto o nome do Furacão na história do futebol mundial.
Porém, trouxemos o pioneirismo do clima de uma decisão da Copa Libertadores da América à cidade. Sentimos como isso pode mudar o comportamento de todo um Estado. Pena que a cultura pobre de nosso país não dá valor à conquista de um segundo lugar. Tolos aqueles a qual pensam que não ganhamos nada. Não sabem o tamanho da importância de chegar aonde chegamos. Afinal, somos o segundo melhor time da América. Com muito orgulho. E num futuro próximo o primeiro.
Com as intenções focadas para a copa intercontinental, deixamos de lado o brasileiro. Quando voltamos a nos preocupar, já havíamos acumulado mais derrotas do que a marcante campanha no ano anterior. Somente após dez rodadas conseguimos a primeira vitória. A vítima foi um dos maiores fregueses no Caldeirão. O Coritiba, que juntamente com São Paulo e Paraná acumulam o maior número de derrotas em nosso estádio.
Com o pensamento focado apenas para o brasileirão, conseguimos exorcizar o fantasma do rebaixamento, que rondava a baixada, para bem longe. Não para muito longe. Foi assombrar o outro.
No brasileiro 2005, podemos destacar alguns feitos que merecem o registro. O mais expressivo, sem dúvida nenhuma foi o naufrágio da nau carioca. Goleada histórica de 7 a 2. Como dizem os mais antigos, a vingança é um prato que se como frio. A goleada em cima do Palmeiras. O marcante embate contra o Cruzeiro, com direito a chuva de gols. A comprovação para fedoroso e cia., mostrando ao país o porque da luta em não jogar a primeira finalíssima na Baixada. É … era disso que eles tinham medo. Furacão 4 a 2.
Alguns jogadores merecem os meus elogios. Paulo André, um gigante na zaga. O raçudo Marcão que vai deixar saudades. Ferreira, que chegou mansinho e hoje é um dos ídolos da torcida. E o que falar de Lima então? Chegou como um anticristo. Foi escorraçado, xingado, vaiado. Era incompreendido. Mal julgado apenas por antes ter atuado pelo lado verde. Teve paciência. Agüentou as críticas de todos os lados. Saiu com a cabeça erguida. O sentimento de dever cumprido. Foi essencial para as conquistas no ano. Aloísio, que com seu jeito de pangaré, calou a boca dos invejosos. Mostrou seu faro de gol. Atuando às vezes como pivô foi perfeito. Jancarlos com seus cruzamentos primorosos, se mostrou também um exímio cobrador de faltas. E Diego, que voltou a ser aquele quando apontado como melhor arqueiro do Brasil. Hoje infelizmente não mais.
Ocorreram também conquistas no extra-campo. No âmbito administrativo, a diretoria, graças ao bom Deus, conseguiu resolver a pendenga entre colégio e o infeliz Marcelo Gava, que impediam a finalização de nosso santuário. A queda do muro de Berlim já está agendada, final de dezembro de 2006 quando acaba o contrato de permanência do colégio.
Finalmente foi comprovado no papel o que todos sabíamos. Somos a maior do estado. Acabamos com a tal soberania verde, que se julgava dona da preferência paranaense. Com muito sacrifício dos organizadores fomos os precursores na implantação do primeiro mosaico no Brasil. Foi lindo. De arrepiar. Muito obrigado!
E para fechar o ano com chave de ouro vimos nosso eterno rival voltar para onde nunca devia ter saído. Aqueles mesmos que soltaram rojões, festejaram em praça pública com a conquista de terceiros, hoje se escondem. Encolhidos em seu chiqueiro amarguram o desligamento da elite. É…o castigo vem a cavalo. O caixão foi lacrado em 2005. Quando será aberto, não me interessa.
Que o próximo ano seja banhado com os bons fluídos. Que a lição que aprendemos com a perda da América seja assimilada. A memorável campanha, nunca esquecida. Aliados a isso, a harmonia deve prevalecer entre torcida, elenco e diretoria. Com as permanências de alguns jogadores já citados, a vinda de outros que venham a somar ao grupo, que as contusões de Dagol vão para bem longe, seremos imbatíveis tanto dentro, como fora da Arena no ano vindouro.
Saudações Rubro-negras a todos. Um Feliz 2006, meu amado Furacão do Brasil!