O desempenho de Lothar Matthäus
Lothar Matthäus: seu desempenho como técnico de futebol do Partizan Beograd e da Seleção da Hungria é mais positivo do que negativo.
Desde que passou a ser noticiada a possibilidade de o Atlético Paranaense vir a contratar Lothar Matthäus como técnico de futebol, informações paralelas questionando se o contratado tem condições para conduzir a equipe surgem de todos os cantos. Tais informações dão conta que o alemão não teria obtido grandes sucessos na carreira de técnico e que não vai dar certo no Furacão. Será que é isso mesmo?
Deixando de lado o período em que Matthäus exerceu a profissão pela primeira vez, junto ao Rapid Viena, da Áustria, vamos nos ater às suas duas experiências posteriores: Partizan Beograd e Seleção da Hungria.
Lothar conduziu o Partizan Beograd, da Sérvia & Montenegro, durante o ano de 2003. Na Sérvia & Montenegro, o campeonato é disputado em dois turnos: o primeiro acontece durante o segundo semestre de cada ano, que eles denominam outono; o returno ocorre no primeiro semestre do ano seguinte, denominado primavera.
O grande craque alemão conduziu o Partizan na primavera de 2003 (returno da edição 2002/2003) e no outono/2003 (turno da edição 2003/2004). O campeonato de 2002/2003 foi disputado por 18 clubes; o seguinte, por 16. No outono/2002 (turno), o técnico era Ljubisa Tumbakovic. Dos dezessete jogos, a equipe ganhou quatorze, empatou duas e perdeu uma (desempenho de 86,3%).
Na primavera/2003 (returno), já sob Lothar, foram quinze vitórias e duas derrotas (desempenho de 88,2%). Haja vista essa campanha, o Partizan conquistou o campeonato nacional servio-montenegrino de 2002/2003.
No outono de 2003 (turno), a equipe obteve onze vitórias, um empate e três derrotas em quinze jogos (desempenho de 75,6%). Na primavera de 2004 (returno), já sob o comando de Vladimir Vermezovic, a equipe realizou uma campanha inferior e conquistou 64,4% dos pontos disputados, de modo que terminou em segundo lugar na competição, sete pontos atrás do campeão, Crveda Zvezda.
Sintetizando, nos dois turnos em que dirigiu o Partizan, Mathäus venceu 26 e empatou um dos 32 jogos disputados (desempenho de 82,3% no período). Nos jogos disputados em casa, nas duas etapas, a equipe obteve um aproveitamento de 100% (16 vitórias).
Nessa época, o Partizan disputou a Copa dos Campeões da Europa 2003/2004. A equipe entrou na segunda fase das eliminatórias e em jogos de ida-e-volta eliminou o Djurgarden (dois empates classificou-se pelo número de gols marcados fora de casa) e o Newcastle (uma vitória e uma derrota classificou-se na disputa por pênaltis). Na fase de grupos, a equipe ficou no grupo F, ao lado do Porto, do Real Madrid e do Marseille. Dos seis jogos disputados, empatou três e perdeu três. Cabe dizer que o Porto foi o campeão dessa edição da Copa dos Campeões. Em 01/01/04, Matthäus assumiu a seleção da Hungria.
Cabe aqui uma reflexão sobre essa etapa na carreira de Matthäus como técnico de futebol, haja visto os comentários críticos que discorrem sobre o fato dele não ter conseguido classificar a seleção húngara para a Copa do Mundo. Reflexão: o que é a seleção húngara nos tempos atuais?
Antes de contar com Matthäus, a Hungria tinha disputado as eliminatórias da Eurocopa 2004. Em sua chave estavam as seleções da Suécia, da Polônia, da Letônia e de San Marino. A Hungria, com três vitórias, dois empates e três derrotas, ficou somente a frente da fraquíssima seleção de San Marino. Desde 1986, os húngaros não conseguem uma vaga para a Copa do Mundo. A Hungria está há vinte anos na fila. No ranking da Fifa, ocupa a posição 74. Dentre as seleções européias, está em 34o. lugar. Será que Felipão, como técnico dessa seleção, conseguiria algo melhor? Duvido.
Nas eliminatórias para a Copa do Mundo 2006, a Hungria teve por companheiras de grupo as seleções da Suécia, da Croácia, da Bulgária, da Islândia e de Malta. Dos dez jogos, venceu quatro e empatou duas (desempenho de 46,7%, algo semelhante ao de Santos e de Botafogo no campeonato brasileiro de 2005).
Em síntese, as informações existentes sobre o desempenho de Lothar Matthäus como técnico de futebol, no meu entendimento, até o momento, contam mais a seu favor do que contra.
Com a palavra, os críticos (atleticanos pessimistas, torcida “creme de espinafre da segunda divisão”, imprensa verde, crônica paulista).