A panelinha do Galo

Saio de casa por volta das sete e meia da noite. Vou, com minha mulher e um amigo, em direção ao Willie Davids. Chegamos ao estádio depois de dez minutos e vamos procurar a entrada indicada à torcida visitante. Depois de alguma confusão, por conta de não haver separação das torcidas neste momento, conseguimos finalmente entrar. O jogo começa depois de cinco minutos.

A cerveja até que está gelada, o problema é o resto. Ai, que saudade da Arena! Minhas costas que o digam. Sem nenhum conforto, assistimos ao primeiro tempo em meio a provocações da torcida deles, que a essa altura já não estava tão confiante quanto propalava algumas horas antes.

No segundo tempo, o bicho pega feio! Depois de algumas confusões isoladas, copos de cerveja arremessados, algumas borrachadas e corridões, parece que tudo vai voltar ao normal. O segundo gol sai e começam os problemas de verdade. A torcida adversária, da parte de fora do estádio, começa a arremessar pedras em nossa direção. Mulheres, crianças e até o pessoal dos Fanáticos que veio ao jogo começam a ficar preocupados. Um menino, que acompanhava o pai, é atingido na cabeça. A polícia? Estava mais preocupada em assistir o jogo. Nem depois de muita insistência de todos que ali estavam eles se dispuseram a deslocar alguns homens para controlar a situação do lado de fora. E as pedras continuavam, cada vez maiores.

Vinte minutos depois do apito final as pedras continuavam e a polícia se limitava a barrar a saida dos nossos torcedores. Ao invés de permitir que fôssemos a outro setor do estádio, já vazio à esta altura, eles nos mantiveram lá, debaixo de pedradas. Quando, finalmente, fomos liberados, fomos obrigados a trocar ou tirar as camisas e seguir em silêncio, sob a “escolta” dos nobilíssimos “homens da lei”.

O pior, na verdade, foi constatar as atitudes dos envolvidos na partida. Primeiro a torcida, que de pacífica, amigável e interiorana não tem nada. E pra um time que surgiu no ano passado, é até bem empedernida. Depois da polícia, que resolveu “rivalizar” também contra os torcedores rubronegros, a despeito de serem, em sua maioria, famílias que moram na região e pouco podem acompanhar o time do coração ao vivo. Depois, da própria diretoria do Galo, que emite uma nota “parcialmente” verdadeira, olvidando-se de esclarecer que, antes do ocorrido (se é que ocorreu mesmo), famílias atleticanos já haviam sido alvo de pedras do tamanho de tijolos inteiros.

Fica o registro. O Galo, se quiser mesmo ser um grande clube, ainda tem milhões de quilômetros a percorrer, em todos os sentidos. A “panelinha” do Galo não chega nem a ferver, mas a falta de educação e de respeito já é comparável à de muitos “grandes”. Quanto aos acontecimentos, CADÊ A FEDERAÇÃO, O STJD, ou qualquer um que tenha peito pra interditar essa pocilga?

Ai, que saudades da Arena! E se você, torcedor atleticano de Curitiba, acha caro o valor cobrado pelo ingresso na Arena, experimente vir a Maringá e assistir o jogo pagando “dé reau”. O barato sai caro, meu amigo!

Abraços e feliz ano que se inicia com vitória!