17 jan 2006 - 0h26

Rodrigão chega com a missão de fazer gols

A apresentação do atacante Rodrigão à imprensa, na quarta-feira passada, durou pouco mais de dez minutos. Foi esse o tempo em que ele esteve sentado à frente de uma mesa na sala de imprensa da Kyocera Arena, posando para fotos e respondendo a perguntas da imprensa. Depois, vestiu a camisa do Atlético e foi em direção ao gramado da Baixada. Ali, permaneceu por quase uma hora, dando mais entrevistas, falando sobre sua carreira e revelando a satisfação de poder jogar em um clube tão bem estruturado como o Atlético.

Não é difícil perceber que a função dele é marcar gols. Mesmo trajando tênis e calça de agasalho, a camisa 9 rubro-negra entrega o ofício do jogador. Devido às reformas, o gramado da Kyocera Arena perdeu as traves e as demarcações do campo de jogo. Mas o lugar que Rodrigão escolheu ficar parado para conceder entrevistas foi justamente onde passaria (e passará) a linha do gol. É ali que ele se sente à vontade, e fala com desenvolura. Observando as ótimas condições do gramado, brinca consigo mesmo: "Olha, se eu não conseguir jogar em um campo bom como esse é porque não nasci para a coisa. Daí é melhor largar tudo e virar atendente do McDonald’s".

Aos 27 anos, Rodrigão já rodou por oito clubes. Diante do espanto que essa rotatividade possa causar, ele explica que muitas vezes houve problemas contratuais ou lesões que o impediram de permanecer nos clubes. Agora, com um contrato de dois anos com o Atlético, tem certeza que terá a tranqüilidade suficiente para finalmente se firmar.

Em entrevista exclusiva à Furacao.com, ele fala sobre a emoção de pisar no solo sagrado do Joaquim Américo, das ótimas condições que o Rubro-Negro oferece e também de sua carreira. Explica suas características de jogo, garante que está totalmente recuperado das lesões e adianta que a namorada Hortência, Rainha do Basquete, está ansiosa para assistir aos seus jogos na Arena. Já ele, só pensa nos gols. Confira o bate-papo do último dia 11, quando Rodrigão foi apresentado oficialmente como jogador do Atlético:

Você já havia pisado no gramado da Arena antes ou essa foi a primeira vez?
Sim, eu já joguei aqui. Foi em 2000, pela Copa João Havelange. Na época eu jogava pelo Internacional e acabamos desclassificando o Atlético aqui na Arena. Foi uma grande partida. Lembro bem que eu sofri um pênalti aqui no lado esquerdo (apontando para uma região no gramado). O Elivélton bateu e converteu.

Qual foi a sua impressão do estádio naquele dia e qual a sua impressão agora, como jogador do Atlético?
Quando a gente vê de fora é bem diferente de quando a gente participa. Eu já sabia que o Atlético tinha uma grande estrutura, mas nunca havia jogado aqui. Então, hoje participando dessa estrutura do Atlético, eu vejo que se trata de uma das cinco melhores do Brasil. É importante jogar numa equipe que oferece todas as condições e deixa o atleta tranqüilo para desenvolver o seu melhor dentro de campo.

Você já conheceu o CT do Caju também?
Sim. Já me concentraram lá, estou preso (risos). Mas é bom, estava sentindo falta porque há três meses eu não tinha essa sensação de concentração. Trata-se de um grande CT. É como eu falei: não tem porque recusar uma proposta de um clube que oferece todas as condições. Tenho certeza que o Atlético vai chegar em todas as competições que disputar e vamos tentar ir em busca dos títulos.

Quantos dias de preparação física você precisa para estar apto para jogar?
Olha, é difícil fazer uma previsão. Minha última partida foi em setembro, mas venho treinando e fazendo um trabalho físico muito bom desde então. Vou procurar não responder essa pergunta porque preciso sentir meu condicionamento e conversar com o preparador físico. Mas vou conversar com o treinador para decidir quando poderei jogar.

Hoje você é dono dos seus direitos federativos. Quando você passou a decidir sozinho o seu destino e não depender mais dos clubes?
Foi há um ano. Eu tinha um vínculo com o Saint-Etienne, da França, e hoje já não tenho mais. Logicamente, fica muito mais fácil de resolver uma negociação quando você está nessa situação.

Então você foi para o Santo André por uma opção sua mesmo?
Exato. Era uma equipe paulista e eu gostaria de disputar o Campeonato Paulista, já que no ano de 2004 eu não tive muitos jogos devido à uma lesão e por isso precisava voltar ao mercado. Juntamente com o meu procurador e os meus advogados, decidi escolher o Santo André porque iria disputar o Campeonato Paulista e também a Libertadores. Foi muito bom para a minha carreira disputar uma Libertadores e ter essa experiência. Em seis jogos, eu consegui fazer cinco gols. Então, foi muito válido.

Você mencionou que em 2004 sofreu uma lesão e ficou afastado dos gramados. Como foi essa lesão?
Foi quando eu jogava no Marítimo, em Portugal. Eu sofri uma tendinite no joelho e não conseguia me recuperar. Às vezes, os clubes têm a estrutura, como tinham o Marítimo e o Saint-Etienne, mas não sabem usar os aparelhos. Vamos dizer que a medicina esportiva ainda não é tão evoluída. Então, eu decidi rescindir meu contrato e retornar ao Brasil para me recuperar. Para se ter uma idéia, lá eles queriam me operar, mas no Brasil eu não fiz a operação e rapidamente acabei com a dor graças à fisioterapia, com os profissionais do Santos e do São Paulo.

No ano passado você também sofreu uma lesão, na mão direita. Já está totalmente recuperado?
Já, graças a Deus isso já faz parte do passado. Eu demorei um certo tempo a voltar aos gramados devido à primeira cirurgia, que não foi satisfatória. Com isso, tive de fazer mais duas cirurgias, que aí sim foram um sucesso. Eu consegui retornar aos gramados ainda em 2005 e disputar a segunda fase da Série B pelo Santo André.

Gostaria que você explicasse aos torcedores atleticanos como são suas características. Como você gosta de jogar, suas principais habilidades.
Eu comecei no Santos jogando dentro da área. Fui para o Internacional assim e tive uma boa passagem por lá. Na Europa, eu tive de me adaptar porque lá eles não jogam com um jogador fixo na área. Então, lá eu tive de me adaptar e jogar como um atacante, saindo mais da área. O exemplo maior dessa minha adaptação é que no ano passando, pelo Santo André, eu joguei cinco ou seis partidas até de meia. Esse aprendizado foi muito benéfico para mim. A partir do momento que o treinador decide que eu posso ser útil em determinada posição, eu vou jogar. Mas quero deixar bem claro que eu gosto mesmo é de jogar próximo à área porque é ali que mora o perigo, é ali que o centroavante procura estar próximo para marcar os gols.

Apesar de ter 27 anos, você já passou por oito clubes: Santos, Internacional, Sport, Saint-Étienne, Botafogo, Guarani, Marítimo e Santo André. Isso às vezes causa uma certa desconfiança no torcedor, que fica imaginando porque um jogador ainda jovem passou por tantos clubes e nunca se firmou. O que você tem a dizer sobre isso?
Vou fazer uma breve retrospectiva da minha carreira. Eu comecei no Santos, onde subi para o profissional. Em 1999, tive uma passagem muito boa, tanto é que fui convocado para a Seleção Sub-23. No ano seguinte, fui emprestado para o Internacional para adquirir experiência. No Internacional, eu graças a Deus também fui muito bem e no final do contrato o Santos pediu 7 milhões de reais pelo meu passe, o que era inviável. Acabei retornando ao Santos, joguei seis meses lá e devido ao problema financeiro do clube, eu e o Baiano tivemos uma utilidade muito grande naquela época porque acabei sendo vendido para o Saint-Etienne. A diretoria veio conversar comigo, eu disse que gostaria de permanecer no clube, mas devido a problemas financeiros eles tiveram de me negociar. Na França, eu tive uma pubalgia e problemas contratuais. No Botafogo, eu fiquei cinco meses em receber salários. No Guarani, eu tive um ano muito bom, em que fiz 16 gols, mas ao final do contrato não chegamos a um acordo. No Marítimo, eu tive uma tendinite e o Santo André foi o clube que abriu as portas para eu poder vir para o Atlético. Então, as pessoas falam: "Pô, você jogou em vários clubes". Mas, de repente, poucas sabem que isso se deve também a problemas contratuais. Veja o caso do Botafogo: eu fiquei cinco meses lá e não recebi um salário. Então, não tem como permanecer num clube nessas condições. Hoje é diferente. Eu tenho a estrutura do clube, a confiança da diretoria e a garantia de um contrato de dois anos. Então, isso é muito benéfico para eu desenvolver meu futebol. Espero agora conquistar também a confiança dos torcedores.

Para encerrar: a comemoração dos gols no Atlético já está preparada? Será aquela imitando a Hortência?
Olha, acho que vou voltar a fazer porque sempre que eu fazia no Santo André dava certo (risos). Vamos ver, tenho de primeiro fazer o gol, depois eu penso na comemoração.

E ela vai vir à Arena para torcer para você?
Vai, vai. Ela já queria vir logo no primeiro final de semana, mas eu falei que ainda não tinha condições de jogo e que ainda estávamos concentrados. Ela é uma pessoa que me ajudou bastante no decorrer deste ano, uma pessoa com quem eu me identifiquei muito e com quem espero ficar bastante tempo. Com certeza, a Hortência vai vir assistir a uns jogos meus e vai vir passar uns dias comigo.



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