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23 fev 2006 - 16h05

Sonho

Desde dezembro passado eu esperava e sonhava com o dia 22 de fevereiro de 2006. Disse para parentes e amigos: “ninguém me procure dia 22 de fevereiro, às 16h45”. Vou estar incomunicável, rendendo graças ao que, imagino, ser a maior concepção esotérica da religião Futebol. Chelsea versus Barcelona iria ser, pelo menos na minha imaginação, o Armagedon moderno. Desculpem-me colegas rubro-negros, mas temo que deixarei o Furacão, pelo menos em parte, de lado nessa guerra.

Quem viu, com certeza contará a história de um grande jogo. Primeiro tempo dominado pelo Barcelona, jogador expulso do Chelsea, tudo apontava para uma vitória do time azul-grená. Segundo tempo inicia, zero a zero, mas o técnico do Chelsea, Mourinho, mostra porque é considerado um dos (se não “O”) melhores do mundo: mesmo com um a menos, anula o Barcelona e ainda consegue um gol. Por seu lado, o técnico do Barcelona, Rjkaard, ousado, coloca seu time à frente e consegue a vitória por 2×1. Eu não sei você, meu amigo, mas eu vibrei e torci com o jogão, principalmente pela raça, vontade, técnica e aplicação tática dos jogadores. Para mim, ignorante que sou, foi uma aula de como jogar futebol.

O Chelsea parece jogar um futebol pragmático, no 4-3-3, enfocando a marcação e procurando montar um conjunto consistente, em detrimento do virtuose individual. Para mim, Lampard poderia ir muito mais longe, excelente meia que é, se não estivesse no futebol inglês. O ponto forte do time, a defesa, com Ricardo Carvalho, John Terry e Paulo Ferreira; o meio defensivo e forte na marcação, com Makelele, somente confirma esse pramatismo defensivo, culminando com o estilo do ataque, onde os dois “pontas”, no caso Gudjonhsen e Robben voltando para marcar quando o time não está no ataque. Mesmo o melhor do time, Lampard, sempre volta para marcar. Esse tipo de jogo me enche o saco. Esse pragmatismo estúpido, que privilegia a posse de bola, é, para mim, o maior responsável pela tristeza no jogo de futebol: manter a bola, rodar e rodar, esperando uma falha do adversário. Que saco! Pode valer quando se joga contra um time mais fraco tecnicamente, cujo erro é só questão de tempo. Mas quando se joga contra um time equivalente, a estratégia pode dar muito errado.

Já o Barcelona, jogando no mesmo 4-3-3, quanta diferença! Objetividade, contundência nos ataques, predomínio da técnica e, melhor, estratégia do time montada baseada na “virtuosidade” de seus jogadores: Ronaldinho, Messi, Deco, Eto’o. Que magia… e sem esquecer a marcação e a defesa (só precisa de um goleiro melhor. Victor Valdés parece o velho Diego: defesas marcantes anuladas por falhas acapachantes).

Foi um quase um êxtase assistir esse jogo do dia 22 de fevereiro. Pena que fica claro, pelo menos para mim, que o nosso Parreira está mais para Mourinho do que para Rjkaard. A seleção brasileira, apesar de ter o material humano que tem disponível, parece jogar mais como o Chelsea do que como o Bracelona: o mais importante não são os virtuoses, mas a tal da posse de bola: 90% de posse de bola deve ser motivo de orgasmos múltiplos para nosso comandante parreiral.

Futebol para mim é objetividade e contundência nos ataques e contra-ataques, exatamente como o rubro-negro mágico de outros tempos jogou.

O que me deixa mais entristecido é que nós, rubro-negros, passamos a nos contentar com tão pouco, tal como uma “goleada” de seis num time – com todo o respeito – mambembe, para dizer o mínimo, como o Francisco Beltrão. Ou então a vitória de três sobre um time como o Moto Clube (também com todo o respeito, por favor). Ressuscita-se jogadores como Rodriguinho, Selmir, Bruno Lança e outros; coloca-se todas as fichas em Dagoberto, cujo sonho já está, há muito tempo, do outro lado do Atlântico, o Atlético é mero empecilho; Michel Bastos, Igor, Denis Marques, etc. Nenhum destes tem o menor amor pela camisa do Furacão, nenhum destes irá jogar como os vinte e dois que jogaram no jogo histórico de hoje. Ganhar dos arremedos de times que existem no campeonato paranaense é fácil. O que podemos esperar, com esse time, com esse elenco, de resultados nesse ano? Campeonatos? Eu não creio.

Mas estou errado. Pelo menos é o que pensam os colegas torcedores que participam da pesquisa da Furacao.com. Com 3971 votos até o momento (22/02), 47% acreditam que somos sérios candidatos aos títulos. Devo render-me a opinião da maioria e reafirmar minha ignorância.

Barcelona, se não os seus craques nem seu profissionalismo, pelo menos ver sua forma de jogar, aqui no Furacao, continua para mim, um sonho.



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