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13 mar 2006 - 12h19

Derrapadas

Creio que todos devem ter algum amigo do tipo falastrão clássico. Ou melhor, falastrão e arrogante. Aquele que, como diz o ditado, come mortadela e faz questão de simular reações físicas de como se tivesse comido presunto da melhor qualidade. Aquele amigo que até reconhecemos que se saiu bem na vida, que trabalhou e, digamos, venceu. Somente não aprendeu nada no quesito humildade: sempre diz que as coisas que possui são melhores que as dos outros; minimiza ou despreza as realizações dos outros. Sabe o tipo de pessoa que estou falando?

Pois bem, para mim, o comando atleticano é a personificação desse tipo de sujeito. Vive dizendo que tem o melhor estádio da América Latina, o melhor CT do Brasil, o melhor isso, o melhor aquilo e por aí vai. Sinceramente, acho que isso não cola mais. Depois de tantas vezes repetido, passou a soar como manobras de dissimulação, cortina de fumaça para desviar nossa atenção dos erros que são cometidos e repetidos, cada vez em maior número.

Em 2004, a queda de braço entre torcida e comando, em virtude do aumento no preço dos ingressos, a proibição de faixas, a proibição da bateria, o pouco caso com o pedido da torcida para abaixar os preços dos ingressos e a famosa citação “… precisamos de somente 25 mil apreciadores…”. Após muita discussão, o preço dos ingressos foi baixado na marra, mas vieram já ditas represálias. Então, a excelente campanha no brasileiro e, numa demonstração de arrogância, oportunismo e falta de consideração com o torcedor que apoiou o time como nunca, subiram os preços dos ingressos na reta final do campeonato. No final, um campeonato jogado pela janela no colo daquele time paulista. Não foi o Santos que ganhou, foi o Atlético que perdeu. Mas isso agora é passado, pelo menos para nós, torcedores. A lição que deveria ficar sobre manipulações políticas não caberia a nós, torcedores, aprendermos, e sim aos comandantes atleticanos. Infelizmente vimos, logo no ano seguinte, que eles não aprenderam nada.

2005 iniciou com muita expectativa do torcedor pela participação na Libertadores. E então vieram as decisões mais equivocadas que eu já vi. O tal planejamento mágico, que previa ações mirabolantes, dois times treinando separados, um para o paranaense, outro para a Libertadores; a contratação do pseudo-técnico de futebol Casimiro (quem é “mior”, Casimiro ou Eutrópio?), sempre em nome da política interna e da realidade financeira do clube (esta outra cortina de fumaça, no meu entender); quinhentos jogadores no plantel (o que sobrou?). Depois vieram Edinho, Antônio Lopes e Evaristo. Entra Cocito, sai Cosito; volta Fabrício; Lima e o sujeito apaixonado pelo “sum palo”. Para mim, no ano passado tivemos mais sorte do que juízo.

Só que 2005 ainda não acabou. O comando atleticano parece ter uma idéia de si próprio como formado por grandes e influentes dirigentes. Pensaram entender todos os meandros dos subterrâneos onde vivem os verdadeiros dirigentes do futebol. Numa demonstração de confiança, força, coragem, uniram-se aos torcedores (sempre quando a corda aperta no pescoço, os comandantes costumam recorrer àqueles mesmos que foram pisados e humilhados por eles), derrubaram o muro da vergonha, construíram arquibancadas tubulares e afirmaram, como pompa e circunstância: “a final será jogada na Arena”. Foram ignorados e a final foi em Porto Alegre, e azar do estatuto do torcedor. O resultado no campo, todos sabemos. Fica o consolo do vice-campeonato, se é que isso serve verdadeiramente de consolo. Nova lição a ser aprendida pelos nossos comandantes, certo? Errado. Deixando de lado sentimentos nobres e pensando no lado financeiro, alguma sumidade, algum gênio do comando atleticano pensou em emprestar o coisa Aloísio ao mesmo clube que havia feito pouco caso do Atlético, apenas alguns meses antes. “Valorização” era o termo utilizado, já que os direitos federativos do coisa Aloísio haviam sido adquiridos pelo Atlético. Muitos apoiaram a atitude, afinal grana é sempre grana, não importa de onde venha. O resto dessa história todo mundo já sabe. O Atlético foi motivo de piada, ainda mais pela informação que o valor pedido não havia sido pago ao Rubin Kazam, porque eles não informaram o número da conta para o Atlético realizar o depósito. O que foi isso, meu Deus? Então é esse o profissionalismo que existe no comando, aquele tipo que tenta levar vantagem numa negociação e acaba sendo enganado.

O ano de 2005 continua, 2006 já começou e promete. Num lance saudado como pérola de marketing, o Atlético contrata o alemão Lothar Mathäus como técnico. Nada de jogadores de destaque, pois o plantel “foi mantido (menos Lima, Marcão, Finazzi, vai ver eles não fizeram nada no ano passado) e é muito bom (Bruno Lança, Selmir, Rodriguinho e cia)”, mas sim um ex-jogador de destaque, porém um técnico insipiente. Confesso que achei interessante a contratação, pois imaginei que o profissionalismo alemão tinha e tem muito a ensinar ao futebol brasileiro, onde o jogador é tratado a mimos e dengos e esquece-se que ele é um profissional, muitíssimo bem pago, e deve ser exigido nesse mesmo padrão, sem passada de mão na cabeça e tapinha nas costas. O alemão chega e institui o rodízio de goleiros, faz testes e mais testes, treina em dia de jogo. Bom, muito bom. Profissionalismo. Mas então o sujeito viaja para o Rio, para encontrar-se com Beckenbauer, vai ao show dos Stones, viaja para Foz, vai ao carnaval no Rio e, maravilha das maravilhas, viaja para a Europa na semana que iniciam as quartas-de-final do campeonato paranaense. Pronto, o alemão já virou brasileiro. Profissionalismo à la terra do bananal. Só para comparar, lembro que o pai do Rafa Benítez, o técnico do Liverpool, havia falecido na época do torneio do final do ano passado mas o sujeito ficou com o time. Isso é profissionalismo, para mim.

Para mim, se o Atlético não se classificar, a culpa é toda do alemão, que aliás deveria ser interpelado pelos generais atleticanos. “Qual é a tua, alemão? Ou fica ou pega tua bagagem e volta para a Alemanha”. Afinal, quem manda? Por que o alemão não viajou duas semanas atrás, quando já estávamos classificados? A culpa não pode ser atribuída ao Eutrópio porque ele já demonstrou ser incompetente para comandar o time. Mais erra quem permite que ele assuma no lugar do alemão que foi passear, resolver “assuntos particulares”. Pára com isso!

Orgulho, arrogância, às vezes ingenuidade não são perdoadas no futebol. Casos clássicos são o Real Madrid e Luxemburgo: aquele usa dinheiro como se não houvesse amanhã e contrata, contrata, mas não resolve nada; este pensa que é um semi-deus, cuja sobrevida só é assegurada num país como o Brasil, que adora a arrogância e, principalmente, num estado como São Paulo, onde a prepotência é idolatrada. Esse não é o caminho, Atlético. Humildade e profissionalismo real, não imaginário, é que funcionam.

Os Barrichellos da vida só servem para nos divertir com sua ingenuidade e falatório. Na hora da verdade, a falha é inevitável e a culpa é sempre dos outros pilotos, da equipe, do motor, do problema hidráulico. Nunca é falta de competência própria.

Atlético, menos palavras e desculpas; mais atitudes e profissionalismo.



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