21 mar 2006 - 12h08

Repercussão da contratação de Giva em Pernambuco

A saída do técnico Givanildo Oliveira do Santa Cruz em virtude de sua contratação pelo Atlético foi o principal tema das páginas esportivas das edições desta terça-feira dos jornais pernambucanos. O Jornal do Commercio e a Folha de Pernambuco dedicaram várias reportagens para analisar o fim da "Era Giva" no Santa e as perspectivas do técnico no comando do Atlético. Confira os principais trechos:

JORNAL DO COMMERCIO (leia mais)

Fim de uma era. Início de um sonho – Depois de um relacionamento feliz e vitorioso, por mais de um ano e três meses, ontem, o técnico Givanildo Oliveira disse um "até breve" ao Santa Cruz. O treinador aceitou a proposta do Atlético-PR, e já viaja hoje, às 8h20, com destino ao Rio de Janeiro, onde assiste ao confronto do Furacão contra o Volta Redonda, pelo jogo de ida da Copa do Brasil, amanhã.
Na conversa com os jogadores, pela manhã, o fechado treinador não agüentou tanta emoção e chorou. As lágrimas anunciavam sua despedida de um grupo que ajudou a unir. Ele tinha os jogadores como se fossem filhos. É com o perfil de profissional que se doa à equipe o tempo todo, que luta pelos interesses do clube que o treinador espera conquistar não só os novos comandados, mas também os novos torcedores, receosos no primeiro momento da divulgação do seu nome. "Não sou preguiçoso e tenho minhas virtudes. Acho que vai dar certo", diz.

Por enquanto, não existe qualquer intenção de Givanildo levar atletas do Santa Cruz para o Atlético-PR. Ele considera bom o elenco do Furacão, conhece alguns profissionais, como Cléber, Fabrício, Michel Bastos e Erandir, mas só depois de uma conversa com o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, falará em reforços. Não está descartada, no entanto, se for realmente necessária, a indicação de jogadores corais. "Se houver necessidade, e eles puderem contratar, eu pedirei, sim", encerrou.

Técnico levou Santa ao ápice – Ao longo dos 472 dias em que comandou o Santa Cruz – de 3 de dezembro de 2004, quando teve sua contratação anunciada, até ontem ao aceitar a proposta do Atlético-PR –, o técnico Givanildo Oliveira contabilizou mais alegrias do que tristezas. Ele que já havia feito história no tricolor como jogador, enfim, conseguiu repetir a dose na prancheta, ganhando o seu 17º título da carreira, o primeiro no comando do Santa, e garantiu o acesso à elite do futebol brasileiro, ambos na temporada passada, a melhor da história do clube, com 72% de aproveitamento em três competições disputadas.

Atletas sentem o baque na hora do adeus – Felicidade de um lado, tristeza do outro. Se é que existe mesmo esse misto de sentimentos, ele foi a tônica entre os jogadores, ao serem comunicados da transferência do técnico Givanildo Oliveira para o Atlético-PR, ontem pela manhã. "Um pai" para os atletas, todos sabiam da pretensão do treinador de comandar um time de ponta do Brasil. Por isso, a alegria do grupo. Mas, dirigindo há tanto tempo o mesmo grupo – um ano, três meses e 17 dias –, o baque entre os atletas foi inevitável com a notícia.

O treinador reuniu os jogadores, contou histórias engraçadas do futebol, arrancando gargalhadas da atenta platéia. "Mas sentimos que a perda foi grande", disse o zagueiro Roberto. "Givanildo era um técnico que tinha o elenco nas mãos. Além da qualidade, exercia uma liderança grande entres os jogadores", afirmou ele, um dos mais experientes do elenco tricolor.

O volante Neto, que ganhou notoriedade no cenário nacional depois de ser treinado por Givanildo, lembrou das conversas com o comandante e das suas metas no futebol. "Ele sempre falou para a gente que tinha a intenção de treinar um grande clube do Brasil. E que só sairia do Santa Cruz se fosse nesse caso. Cumpriu o que disse. E fico feliz porque ele merece estar onde está", diz. Mais frio, e com um pé fora do Santa Cruz, tão logo o Campeonato Pernambucano se encerre, o atacante Carlinhos Bala assimilou tranqüilamente a notícia, ao tomar conhecimento do próprio treinador. "Ele é um campeão e nós sabíamos que mais cedo ou mais tarde um clube de ponta iria contratá-lo", argumentou o baixinho.

Giva vence resistência – Se durante o período de especulações o nome do técnico pernambucano Givanildo Oliveira tinha uma forte rejeição por grande parte da torcida do Atlético-PR, bastou o anúncio oficial da contratação do treinador pela diretoria do Furacão para que o cenário mudasse. Tomando como termômetro o site de relacionamento Orkut, nota-se que a antes desconfiança se transformou em otimismo e mensagens de apoio ao ex-comandante coral.

FOLHA DE PERNAMBUCO (leia mais)

Sai Givanildo Oliveira, entra Giba – O técnico Givanildo Oliveira entregou o cargo ontem pela manhã à direção do Santa Cruz e assinou contrato até o dia 31 de dezembro com o Atlético Paranaense. O treinador foi realizar um dos seus maiores sonhos, comandar um clube da elite nacional. Givanildo deixou o Arruda para concretizar o maior sonho da sua vida, o de dirigir uma grande equipe da região Sul. Ele viaja hoje, às 8h15, para o Rio de Janeiro, onde vai se juntar ao elenco paranaense para a partida contra o Volta Redonda, amanhã, pela Copa do Brasil. Até se cogitou a possibilidade de ele permanecer no Recife até o fim do Campeonato Pernambucano, pois o Furacão foi desclassificado do Paranaense nesse fim de semana. Mesmo assim a proposta não foi aceita. De acordo com Giva, ele não poderia permanecer no Arruda com a cabeça voltada para a Arena da Baixada.

Que Real que nada! Giva foi parar no Atlético/PR – O Real Madrid agora é rubro-negro? Os merengues não jogam mais no Santiago Bernabeu, mas sim na Arena da Baixada? Sua sede não fica mais em Madri, na Espanha, mas no estado do Paraná, no Brasil? Os jogadores galácticos passaram a se chamar Dagoberto, Cléber, Ferreira, Fabrício e Rodrigão ao invés de Ronaldo, Casillas, Zidane, Beckham e Raul? Ou o mundo virou de cabeça para baixo ou o presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz, José Neves Filho, empolgou-se um pouco nas suas declarações acaloradas, na última sexta-feira, no Arruda. "Givanildo só sai se for para o Real Madrid!". Foi exatamente isso que ele afirmou.

Torcida do Furacão promete apoio – No que depender da torcida do Atlético/PR, o técnico Givanildo Oliveira vai ter todo o apoio necessário para realizar um excelente trabalho no seu novo clube. Após uma grande rejeição à notícia no fim da semana passada, os rubro-negros parecem que mudaram de opinião e começaram a desejar boa sorte ao treinador antes mesmo de ele pisar no gramado da Arena da Baixada. Na comunidade do clube no Orkut, em um tópico criado exclusivamente para discutir o assunto, o pernambucano foi aceito com unanimidade. Mesmo aqueles que não gostaram da sua contratação afirmaram que iriam ao estádio para apoiá-lo.

"Saio por cima, pois alcancei os objetivos" – O Mestre Giva, como é chamado por muitos torcedores tricolores, se despede do Santa Cruz com a sensação de dever cumprido. O ex-comandante coral só não conquistou a Copa do Brasil no ano passado, mas o resto ele "comeu de coco". Levantou o "caneco" do Pernambucano 2005 por antecipação, levou o clube à Série A do Brasileiro, deixou a equipe na final do Estadual deste ano e ainda sonha com o título da Copa do Brasil. "Consegui fazer um bom trabalho e estou saindo por cima. Alcancei todos os objetivos. Não tenho do que reclamar, pois fui muito feliz aqui". Quando for se despedir do grupo, na manhã de ontem, ele chegou a chora de tanta emoção.



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