A pipoca e o menisco
Há alguns anos, em um campo de futebol sintético, dividi uma bola com um colega de pelada (ou baba como dizem os baianos). Rompi o menisco medial do joelho esquerdo e o os ligamentos colaterais. Tive de me submeter a uma artroscopia e desde então perdi a confiança na dita articulação. Meu pai, vice-artilheiro do campeonato paranaense de 1965 pelo modesto Caramuru da cidade de Castro, infelizmente não me passou os genes que lhe conferiram boa técnica futebolística (mas me passou outros tantos que compensaram…).
No jogo que nos desclassificou contra a ADAP, aproximadamente aos 15 minutos do segundo tempo, esse menino Dagoberto sente dor, para um pouco em campo, põe a mão no joelho, insiste em mais uma ou duas corridinhas e depois de alguns segundos pede substituição. Parte da torcida não hesita em lançar-lhe impropérios dentre os quais pipoqueiro é o mais representativo… e triste…
Com diagnóstico agora feito e artroscopia agendada, rogo aos amigos atleticanos que de cabeça quente ofenderam ao guri, que retirem, mesmo que mentalmente, as críticas ora feitas. A torcida do Atlético foi injusta e desnecessariamente grosseira com o piá.
De certa forma, como tantos outros amigos que ocupam este espaço e as colunas do site, compartilho da idéia que por vezes a torcida atleticana tem deixado de lado uma de suas mais fortes e marcantes características: o incentivo. (brilhante a coluna do Juarez Villela intitulada “Que torcedor és tu?”).
Pode parecer saudosismo barato (e quase doentio) mas que falta me faz a cantoria incessante, a vibração agoniada, a certeza que tínhamos de que nossa voz mudaria os placares a nosso favor…
Não basta torcer contra os mais poderosos, mais ricos ou “mais rivais”. Incentivar o Atlético, cantar o Atlético, amar o Atlético e seus ídolos e “não-ídolos” não é nada mais que obrigação e diferencial absoluto de qualquer um que se diga atleticano. Contra a ADAP, assim como o time, nós torcedores jogamos mal, muito mal… e o menino “pipoqueiro” foi a vítima mais notória de nossa falta de entusiasmo e de nosso mau humor.
“Desculpa eles, guri.”