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13 abr 2006 - 19h20

O Atlético e suas obsessões

“O Paraná precisava de um presidente igual a esse Petraglia!”. Essa frase é invariavelmente repetida pelo meu grande amigo Juca, sempre que discutimos futebol. O curioso, é que o Juca é um paranista fanático. Tenho certeza de que o Juca não é o único adversário que pensa assim. Embora os coxas talvez nunca venham admitir isso publicamente, mas diante dos fiascos do Gionédis e sua troupe, certamente desejariam ter um Petraglia no comando do seu clube. Em tempo, a opinião do Juca não mudou com o título paranaense, até porque ele sabe que esse título paranaense caiu no colo deles, depois da surreal eliminação do Atlético pela ADAP. De minha parte, fico imensamente satisfeito em saber que eles não têm um Petraglia, pois assim eles continuarão sendo o que sempre foram.

Fiz questão de começar esse texto citando essa unanimidade em torno da importância e da representatividade de Mario Celso Petraglia para o Atlético, para deixar bem claro que não sou contra, nem costumo criticar a atual diretoria do Atlético diante do primeiro sinal de falibilidade dela. Pelo contrário, justamente por apoiar e admirar o trabalho até então realizado, me permito tecer algumas críticas.

A primeira delas é com relação a essa verdadeira obsessão pelo marketing. Não vou entrar no mérito da importância do marketing no futebol, pois para mim essa é uma questão óbvia. O que me incomoda é que parece que esqueceram da importância do futebol “para o futebol!” O que projetaria mais a imagem do Atlético? A sonhada ida a Tóquio que por muito pouco não se concretizou ou a desastrosa contratação do Matthaüs? Futebol ainda é feito de títulos, craques e estádio lotado, o resto não passa de mera conseqüência. Por acaso o Kleberson estaria em uma final de Copa do Mundo, caso o Atlético não tivesse sido campeão em 2001?

Outra mania que não me entra é essa de “descobrir um treinador-revelação que venha a fazer parte de um projeto para muitos anos”, como recentemente disse alguém da diretoria. Ora essa, primeiramente que técnico nenhum faz parte de projeto algum no futebol brasileiro, no máximo sobrevive a uma temporada, quando não pede a conta antes para ir à Korea, Japão ou Arábia atrás das verdinhas. Segundo, que entre o certo e o duvidoso, manda a prudência que fiquemos com a primeira opção. Apenas para citar treinadores que não são unanimidade (falar de Geninho é fácil, né?), mas pergunte a qualquer atleticano com quem ele fica: Casemiro ou Evaristo? Cuca ou Edinho? Antônio Lopes ou Gilson Nunes? “como era mesmo o nome” ou Vadão? E pensar que por pouco não vem o Cerezo. Só nos resta torcer, apoiar e quem sabe rezar pelo Givanildo.

A última obsessão dos nossos dirigentes é revelar jogadores a qualquer custo. Só falta colocar o seguinte anúncio nos principais jornais do Brasil: “Procura-se garoto bom de bola com idade máxima de 18 anos, que seja totalmente desconhecido e que venha a ser um grande craque de futebol, para que possa ser vendido ao futebol europeu por um caminhão de euros. Não comparecer sem os requisitos anteriormente citados”.

Convenhamos, o Atlético faz um excelente trabalho de garimpagem e revelação de jogadores, mas há que haver um equilíbrio. É impossível acertar sempre e quando não se acerta, alguém tem que ter sensibilidade para ler os sinais vindos do campo e principalmente das arquibancadas, e procurar uma resposta rápida. Peço desculpas, mas vou recorrer ao teste de com quem você fica, mais uma vez, usando o mesmo critério anterior. Todos estes: Cléo, Selmir, Ricardinho dos dribles, Willian, Rodrigão, Jonatas, Denis Marques ou Alex Dias? Luizão ? (não disse que não era unanimidade?) Kelly? Elber?. Seguindo em frente, será que todos os salários dessa turma, mais a soma dos salários dos dispensáveis Bruno Lança, Cristian, Simão, Pezzolano, Cleverson e Caetano não pagariam os salários de um Pet, Pedrinho, Elber ou Gamarra? Será que esses caras com sua experência e maturidade não poderiam acelerar a evolução dos garotos, que ultimamente têm sido jogados às feras sem nenhum respaldo? Lembram o que o Edmundo fez pelo Figueirense? Quero deixar claro que não estou defendendo a volta dos medalhões, tenho azia só de pensar nas coisas que vimos na malfadada época do Pinheirão. Mas quando vejo essa turma fazendo gols pelo Brasil afora e carregando seus times nas costas, fico a pensar se não teríamos que recorrer a um ou dois reforços de verdade para dar maior segurança e maturidade ao grupo. Teríamos sido campeões brasileiros sem o Nem ou o Souza? Finalmente, por que o Adriano Gabiru e o Marcão foram embora se até agora não conseguimos substituí-los a altura?



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