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19 abr 2006 - 13h23

Midas quer comer

Conta a fábula de um rei chamado Midas, que ele tinha um poder extraordinário de transformar em ouro tudo que tocava. Era um poder absoluto. Parecia vir de Deus, ou melhor, Midas parecia ser o próprio Deus. Porém, esse deus, que não era Deus, tinha necessidades básicas (fazer xixi, defecar, comer, e tantas outras mais), e quando quis exercer a mais elementar da sobrevivência de toda espécie que é comer, viu-se impedido, porque todos os alimentos que ele tocava virava ouro. Finalmente viu que era bem melhor ser como os homens comuns, que também tinham necessidades básicas, mas podiam exercê-las. Podiam se alimentar, defecar e urinar.

Há uma canção composta por Vinicius de Morais & Toquinho, provavelmente escrita por Vinicius, em que ele arremata: “É tudo uma total insensatez, aí pergunto a Deus escute amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez”?

Onde eu quero chegar com todas essas divagações? Poucas pessoas sabem lidar com o sucesso. O sucesso é uma droga extremamente obnubilante, enganosa, danosa à personalidade humana. Isso pode levá-la a uma doença mais séria ainda. Quando a doença progride e a dependência dessa droga do sucesso se instala, a coisa se complica ainda mais. Isso torna a pessoa dependente de elogios, adoração, necessidade de massagens no ego, e completamente avessa às críticas. Não admite críticas. Aí, o estágio já está bem avançado, e se a doença não for tratada com carinho, serenidade e muita humildade, virá a ruína total.

Seria a metáfora do Midas que queria comer, mas não podia, porque tudo que ele tocava se transformava em ouro. Pouquíssimas pessoas conseguem lidar com o sucesso.

Inúmeros foram os impérios que desmoronaram graças à ação mortífera dessa doença. Poderíamos citar o império romano, e estamos presenciando a decadência do império americano, que fatalmente ocorrerá. Essas quedas normalmente se dão quando os egos dos líderes desses impérios ficam totalmente inflados e deformados. Os EUA estão prestes a atacar atomicamente os iranianos partindo do pressuposto, da presunção de que eles estariam produzindo armas nucleares. Isso não é estranhamente paradoxal?

Normalmente, essa doença leva as pessoas a fazerem coisas inimagináveis. Leva-as ao isolamento, fá-las adorar-se como Narciso, enfim, é o caos. Há quem chame isso de ambição ou chave para o sucesso, mas há quem pense nisso como uma total insensatez, falta de percepção de que se é humano, totalmente falível, sujeito a erro. Eu errei, pronto, é fácil. Não é preciso carregar o fardo da perfeição durante toda a minha vida. Quando percebemos isso em nós e em nossos filhos, podemos ajudarmo-nos a corrigir a rota, mas o que fazer quando isso se dá em pessoas que interferem em nossas vidas, mas são totalmente inatingíveis?

Em que o Sr. Petraglia interfere em minha vida? Não o conheço, nunca falei com ele. Mas, esse honorável cidadão comanda uma equipe, um time, um símbolo, que sempre fez parte da minha vida.

Com cinco anos de idade, ganhei do meu querido pai, uma camisa do Clube Atlético Paranaense, como prêmio por ter tomado dezenas de injeções em um hospital de Curitiba, sem chorar ou reclamar. Juntamente com a camisa, recebi o convite dele para adentrar ao Santuário da Buenos Aires. Pude sentar nas cadeiras dos associados para assistir a um jogo de futebol do Clube Atlético Paranaense. Isso se deu no ano de 1.953, e desde então essa paixão entrou em minha vida.

Então, mesmo sem conhecer o Sr. Petraglia, ele passa a ter uma grande importância em minha vida. Ele passa a interferir em minha vida. Isso, indiretamente, leva-me a pensar que tenho algum direito adquirido para tentar interferir no rumo que as coisas estão tomando em relação à minha paixão. Ou isso também vai ser subtraído de mim?

Não há como negar os benefícios e as grandiosas obras que o Sr. Petraglia, juntamente com Ademir Adur, Enio Fornea, Valmor Zimermman e tantos outros fizeram. Estamos prestes a concluir a Arena da Baixada.

Mas, e daí? Arena não dá para comer, não alimenta, é como se fôssemos à Arena, estivéssemos com fome e não pudéssemos comer, porque quando tocássemos o sanduíche com as nossas mãos, ele se transformaria em ouro. O que eu quero dizer é que: “Se foi prá desfazer, por que é que fez”?

Por que perdemos o Aloísio? Por que deixamos de registrar o Herrera? Por que tivemos de pagar a multa do Denis Marques e ele não consegue acertar um passe e arrematar com sucesso nenhuma bola que lhe chega aos pés? Por que Netinho não quer retornar? Por que o Michel Bastos, que não é lá essas coisas, quer ir embora? Por que temos de agüentar Jancarlos e Moreno nas laterais? Por que determinados jogadores que já provaram ser ruins continuam sendo testados? Por que esse estoque tão ruim e sofrível de jogadores? Por que esse procedimento hostil e antipático para com os órgãos de imprensa, se eles sempre “encheram a bola” do Atlético?

Enfim, são tantos os porquês a serem respondidos, e mesmo sabendo que nenhum deles sê-lo-á, ainda assim, lanço o meu grito de alerta: “A casa está caindo, o império está desmoronando, a nau está afundando”. O Coxa nos aguarda na segundona do ano que vem”!

Há alguma coisa de podre no Reino do Rei Midas. Assim como Midas que teve dificuldades para comer, creio que o Sr. Petraglia, também está tendo dificuldades para exercer as tarefas mais simples, como comer o feijão-com-arroz.

Não acredito quando o Sr. Petraglia diz que as decisões são tomadas em consenso, depois de arduamente discutidas. Se assim fosse, ainda teríamos pelos corredores da Baixada e pelos belos caminhos do CT do Caju, aquelas figuras que tanto ajudaram a construir o Atlético de hoje.

Ainda não esquecemos a construção do muro do Pavoc, tão bem liderada pelo Valmor Zimermman. Assim como também não esquecemos a acertada compra do CT do Caju, as obras que ali foram feitas e a monumental Arena. Mas, e daí? Isso a gente não come, isso é ouro!

Precisamos retornar ao fundamental. O Atlético é um time de futebol e time de futebol vive de craques, de ídolos. Se não tivemos competência para formar ótimos jogadores com toda a estrutura que temos, então meus queridos líderes, homens que comandam o Atlético Paranaense, vamos ter de buscá-los onde estiverem e pagar o preço que eles valem. Caso contrário, o Sr. Petraglia passará a ser o Gionedis da vez. Terá que andar de helicóptero pela nossa cidade de Curitiba.

Alguma coisa tem que ser feita, porque nós não comemos Arena, CT, e podemos viver perfeitamente sem eles. Mas sem jogador, sem craque, sem time bom, ninguém resistirá. O império cairá!

Não estou tecendo uma crítica desvairada, irracional. Estou apenas tentando ajudar. O Givanildo é um bom técnico, qualquer pessoa será um bom técnico se tiver jogadores bons no plantel. Agora, com esse time e com as perspectivas futuras que esse FI – FUNDO DE INVESTIDORES nos acena, ninguém resistirá!

O alerta está aceso!



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