Petraglia desabafa e anuncia ação contra a Placar
O presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, publicou nesta sexta-feira no site oficial do clube uma carta dirigida aos torcedores atleticanos. Em tom de desabafo, a manifestação de Petraglia trata principalmente de dois assuntos: as acusações formuladas em reportagem da Revista Placar do mês de março e a má fase técnica do time. Esta é a segunda carta de Petraglia dirigida à nação atleticana em menos de duas semanas (clique aqui para ler a primeira).
Sobre a Placar, o dirigente disse que suportou as acusações calado, mas afirmou que um homem que preza por sua moral não pode emudecer em certos momentos. Ele nega de forma veemente a participação nos direitos do zagueiro Paulo André e de qualquer outro jogador, como insinuou a matéria publicada pela revista. "Nunca permiti tal coisa, nunca participei e tenho testemunhas dos vários momentos em que me posicionei contra", afirma. Do mesmo modo, ele desmente a participação de sua filha em qualquer atividade envolvendo o futebol. Por esses motivos, Petraglia comunicou que será ajuizada uma ação contra a Revista Placar.
Sobre a má fase técnica da equipe, o dirigente rubro-negro revelou que está sofrendo como todos os torcedores – "nas minhas veias corre o mesmo sangue fervente que esquenta a alma de todos os rubro-negros". Mário Celso Petraglia garante que o Atlético vai sair desse momento turbulento e revela que a diretoria está buscando a saída. Para tanto, ele pede a ajuda da torcida através de apoio aos jogadores, comparecimento à Kyocera Arena e aquisição de pacotes de ingressos.
Confira a íntegra da carta de Petraglia publicada nesta sexta-feira no site oficial do Atlético:
Verdade atleticana
por Mário Celso PetragliaMeus irmãos atleticanos. Mais que um texto do presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, estas linhas são a expressão de sentimentos de um atleticano como vocês. Sempre estive junto da grande nação atleticana, embora, vez ou outra, possa ter dado a impressão de estar isolado e afastado da grande razão do Atlético existir, os mais de um milhão de amigos rubro-negros. Se dei esta impressão, humildemente, peço o seu perdão e a sua compreensão. Não é fácil nem simples dirigir um clube com a magnitude do Atlético, administrar seus problemas, apresentar idéias e soluções que minimizem nossas barreiras orçamentárias e ainda construir um Clube que vem se mostrando cada vez maior e melhor, ano após ano. O engajamento nesta empreitada me tira tempo e energia. Muitas vezes minha concentração fica presa a determinados assuntos.
Meu sangue é atleticano, nas minhas veias corre o mesmo sangue fervente que esquenta a alma de todos os rubro-negros. Sou incapaz de lesar o nosso amado Clube. Todavia, fui alvo de nefastas acusações via imprensa que me fizeram parecer alguém que não ama o Atlético, mas sim, a seus próprios interesses. É por isso que nós do Atlético Paranaense estamos entrando com uma ação judicial contra a revista Placar. Esta, em uma matéria sem a devida procura da verdade factual, que é o instrumento de trabalho do jornalismo nobre, atingiu a honra e a moral de pessoas que comigo trabalham para fazer deste clube o melhor, e também a honra de todos os atleticanos espalhados pelo estado, pelo país e pelo mundo. Em momento algum, a revista procurou a mim ou as pessoas do Clube para checar as informações, cruzar os fatos, juntar provas, enfim, fazer bom jornalismo. Confiou em fontes amorais, em calúnias que têm como único objetivo, prejudicar o Clube e a mim.
Não tenho participação nos direitos do atleta Paulo André, citado na matéria e nem de outros atletas, nunca tive. Esta é uma mentira que podemos provar a qualquer momento. O tal "fundo de investimentos" é outra patranha, ficção barata e sensacionalista. Enquanto eu participar de alguma função no Atlético, não permitirei que nenhuma pessoa próxima de nós ou envolvida no projeto participe de coisa semelhante. Vários bancos nos procuraram para este fim, investidores de toda espécie, grupos de atleticanos, até. Nunca aceitei nem permiti que qualquer idéia como essa evoluísse. Quando assumimos o Atlético, em 1995, quase todos os jogadores não nos pertenciam, mas sim a um ex-presidente e a diretores. Obriguei que doassem as suas participações ao Clube, compramos e pagamos os jogadores e temos os recibos na contabilidade do Atlético para provar.
Várias vezes, diretores do Atlético que estiveram conosco no princípio da caminhada, tentaram me convencer a criar um fundo de jogadores. Nosso Clube não tinha dinheiro à época, então, a proposta era que investíssemos e ficássemos com os lucros, deixando minúscula e infame porcentagem ao Atlético, pela vitrine. Nunca permiti tal coisa, nunca participei e tenho testemunhas dos vários momentos em que me posicionei contra. Sempre tive a consciência que se assim procedesse jamais chegaríamos onde estamos. Sempre tive a visão que interesses pessoais misturados aos do Atlético, acarretariam prejuízo apenas ao Clube que tanto amo. Com uma mentalidade dessas, seria impossível conseguir os sucessos que tivemos e realizar os empreendimentos que hoje nos dão orgulho, em tão pouco tempo. A saúde do Clube se fragilizaria com tantas mãos lhe tirando o viço.
Qual clube brasileiro investiu tanto como o Atlético nestes últimos dez anos? Em valores atuais, estimo que sessenta milhões de dólares foram investidos em patrimônio real, CT, Arena, terreno do colégio, pagamentos de velhos passivos. Estes últimos, frutos de ações perdidas na justiça, absurdos que aconteceram devido a defesas mal feitas ou realizadas por advogados despreparados ou mal intencionados. Temos, desde 1995, ajustado as engrenagens e melhorado a máquina do nosso Atlético, pego por nós em frangalhos, estilhaçado, na divisão inferior do futebol e com o orgulho ferido. A fase mais difícil passou, mas ainda falta muito, nossas aspirações são grandes, temos que concluir nossa amada Baixada, nosso templo maior. Mas confesso que estas mentiras estão, pouco a pouco, me deixando cansado e, por mais que as alegrias sejam grandes e recorrentes, a tristeza por ser vítima de seguidas infâmias vem se sobrepondo à minha felicidade. Mas, como todo atleticano, sigo forte, para concluir aquilo que iniciamos.
Mentiras, quantas mentiras! Até envolvendo a minha família. Não poupam nem meu lar. Minha filha foi acusada de fazer parte de coisas que ela nunca ouviu falar. Torcedora fanática do nosso Atlético, ela acaba de dar a luz a mais um filho, meu segundo neto, e tem vivido apenas para os filhos. Como se envolveria com coisas sujas como as que têm sido ditas? Só quem é pai sabe como machuca este tipo de falácia.
Desculpem o desabafo, mas um homem que preza por sua moral não fica calado. Pode demorar, pode agüentar quieto, mas há momentos em que não pode emudecer. Conto com a sua compreensão, amigo atleticano. Em um clube grande como o Atlético, nem tudo são flores, nem tudo é alegria. Estamos passando por um momento turbulento, mas acredite, vamos sair dessa. Estou sofrendo como você, mas buscando a saída. Prometo que não nos afundaremos no mesmo buraco em que se encontram aqueles que um dia rivalizaram com a gente. Estamos fazendo tudo o que é possível para melhorar a situação e seguir no caminho das conquistas, cumprindo nossa vocação vencedora.
Peço a sua ajuda para que apóie nossos atletas, eles precisam mais do seu apoio do que de suas vaias. Comparecendo ao estádio, comprando os pacotes, apoiando os jogadores e assumindo responsabilidades, nós atleticanos poderemos levar este Clube ainda mais longe. Nossos sonhos podem nos levar ao infinito.
Muito obrigado,
MÁRIO CELSO PETRAGLIA
Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Paranaense