No outro lado do mundo, na cidade de Kawasaki, no Japão, bate forte um coraçãozinho atleticano. É Lucas, de apenas um ano de idade, filho do lateral-esquerda Marcão. O Lucas não pode ver um jogo na televisão que já fala Atetic, tudo para ele é Atetic, conta Marcão, referendo-se à maneira carinhosa que o pequeno Lucas já se refere ao Furacão.
Sentimento atleticano do filho, presente também no pai, que sonha um dia poder voltar a jogar com a camisa rubro-negra. Acompanho tudo do Atlético, assisti aos jogos contra o Fluminense e Botafogo aqui e com certeza penso em voltar a jogar pelo Atlético. Se estou aqui devo muito ao Atlético, pela oportunidade que me deram. É um clube que vai estar sempre no meu coração, disse o jogador em entrevista exclusiva à Furacao.com.
Depois de brilhar por dois anos com a camisa atleticana, atuando na lateral-esquerda e na zaga, e mostrando um futebol que mesclava raça e determinação, Marcão foi negociado no início de 2006 com o Kawasaki Frontale, do Japão. Inicialmente, a principal dificuldade foi com o idioma, mas em campo, na linguagem da bola, ele vem se entendendo muito bem com os japoneses.
A adaptação foi mais fácil do que eu imaginava, o meu time tem muitos brasileiros e eles me ajudam muito. No começo, a maior dificuldade foi a comunicação, porque eu não conseguia gravar o nome dos jogadores, mas agora está tudo bem, disse. Aliás, é na linguagem a principal barreira encontrada por Marcão, que precisa apelar para um jeitinho brasileiro para conseguir se comunicar na terra do sol nascente. Quando quero alguma coisa, tenho que ligar para o intérprete e pedir para ele falar com a pessoa o que quero, revelou.
O time de Marcão, o Kawasaki Frontale, é atualmente o líder da J-League japonesa, com 27 pontos um a mais que o Urwa Reds, do atacante Washington. Como a próxima rodada da J-League é apenas após a Copa do Mundo, por um bom tempo o Frontale ficará líder na tabela de classificação. Com certeza vamos incomodar. Nosso objetivo é brigar pelo título, não só da J-League como da Copa Nabisco. O meu time está completando 10 anos e todos querem um título para comemorar, disse. Fundado em 21 de novembro 1996, o Kawasaki Frontale tem apenas uma conquista importante em sua história, o título da segunda divisão do Campeonato Japonês, em 2004.
Atuando como lateral-esquerda no futebol japonês, Marcão conta que o estilo de jogo por lá é bem diferente. No Brasil o futebol é mais cadenciado, com mais toque de bola. Aqui não, aqui é correria os 90 minutos, é um futebol mais rápido, difere. Na J-League, Marcão já marcou um gol, logo em seu segundo jogo pelo Frontale.
De acordo com Marcão, algumas diferenças no comportamento time-torcida também existem como, por exemplo, depois de cada jogo o time vai até a torcida agradecer o apoio. É uma cultura diferente, mas deu para sentir nesse tempo que estou aqui que eles gostam muito e têm muita admiração pelos brasileiros e fazem de tudo para agradar você, afirmou. Mas que nem a torcida do Atlético você não vai achar nunca, completou, sobre a maneira particular dos atleticanos em apoiar o time em campo.
Outros ex-atleticanos
Além de Marcão, outros quatro jogadores com passagens pelo Atlético disputam a J-League 2006 no Japão. No Urwa Reds, segundo colocado na classificação, com 26 pontos, está o atacante Washington, maior recordista de gols em uma única edição do Campeonato Brasileiro. Ano passado, quando estreou no futebol japonês, o Coração Valente foi o segundo principal artilheiro da competição, mas não conseguiu impedir o rebaixamento de seu então clube, o Tokyo Verdy. Este ano, ele já marcou 10 gols, um a menos que o também brasileiro Magno Alves, do Gamba Osaka, maior goleador até aqui da competição.
Campeão da J-League no ano passado, o zagueiro Sidiclei, do Gamba Osaka, vem em terceiro lugar na competição, com 25 pontos. Em 1996, ele defendeu a camisa atleticana e ajudou o Furacão a fazer boa campanha no Brasileiro daquele ano, quando o clube voltava a figurar na elite do futebol nacional e terminou a competição na oitava colocação.
Além deles, outros dois atacantes que têm grande carinho da torcida atleticana figuram no futebol japonês. Herói do título Brasileiro de 2001, Alex Mineiro e o seu Kashima Antlers ocupam a quarta colocação na tabela, com 22 pontos. Alex já marcou cinco gols na competição. Já Lucas, do F.C.Tokyo, que atuou no Furacão de 1998 a 2000, está na nona colocação na J-League, com 17 pontos. O jogador já marcou oito gols na competição, brigando pela artilharia do campeonato.