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24 maio 2006 - 11h51

Só depois da Copa

Craque não nasce em árvore, e nem sai da fábrica pronto. O Brasil é responsável pela maior concentração de bons jogadores por metro quadrado do planeta, visto que a maioria joga lá fora, e mesmo assim sobram alguns para abrilhantar o nosso campeonato. Mas, nem assim, existem 11 bons jogadores por time da primeira divisão.

Os primeiros colocados da tabela, os classificados nas competições internacionais, têm quantos craques de verdade no time titular? Três? Quatro?Talvez cinco jogadores de nível? E o resto?

Se puséssemos 11 amadores contra 5 bons jogadores, estes ganhariam a partida de goleada? De dez partidas, ganhariam todas? Pergunto e respondo: não. Porque, mesmo não sendo craque, um jogador de futebol profissional, que ganha para isso, tem função fundamental no time. Ele marca, diminui espaços, ou os abre para um companheiro. Ele toca a bola para o craque (nem estou falando de lançamento de 50 metros, mas daquele toque de lado, que dá tempo para o verdadeiro craque se posicionar).

E como é que ele faz isso? Treinando. A genialidade é 1% de inspiração, e 99% de transpiração, ensinava Einstein. Mesmo não sendo gênio, dá pra quebrar um galho.

O atual time do Atlético não tem nenhum craque. O Dagoberto não conta, pois não joga. Pedro Oldoni talvez tenha seu dia de inspiração. Alan Bahia, Ferreira, Paulo André, Cleber, estes com certeza cumprem com 99% do seu trabalho. Mas ainda falta alguma coisa.

Falta alguém que ensine, que aconselhe, que diga: “olha, não precisa ir todo mundo atrás do cara que está com a bola; pode vir outro por trás e fazer o gol, viu?”. Alguém que, durante o jogo, ali tão de pertinho, veja que o lado esquerdo está aberto, e avise o jogador responsável pela marcação que ou fica ali ou vem pro banco. Alguém que, durante a semana corrija posicionamento, saída de bola.

O Atlético não tem esse alguém. Nosso técnico, Givanildo “James Bond” Oliveira, tem nervos de aço. O Furacão faz um gol e ele ali, de mão no bolso. O Atlético toma um gol e ele de braços cruzados. Não se abala. Não se abate. Não se mexe. Tivesse onde pregar dois ganchos na área técnica, e ele assistiria o jogo numa rede.

É inconcebível que um técnico opte por começar um jogo retrancado, depois abra espaços para o adversário e, o cúmulo da preguiça (pra não dizer outra coisa), com o time perdendo em casa, não tente sequer mudar o panorama do jogo com a terceira substituição a que tem direito. Não vamos a lugar nenhum (tomara, tomara) desse jeito.

Mas eu confio nessa diretoria. Tanto que gostaria de deixar nosso presidente de fato e de direito tranquilo: Dr. Mário Celso, se estiver cansado, pode se afastar. O Sr. já conseguiu o que queria. A Arena será terminada, pois o Sr., e mais ninguém, mostrou aos atleticanos que esse sonho era possível. Vá viajar, assista aos bons filmes que estão sendo lançados, que a gente segura a barra.

Nós já sabemos que o Sr., através do nosso Diretor de Futebol (hahaha), tem tudo programado. Ficamos assim até a parada da Copa, após a qual o Atlético vai anunciar seu novo técnico. Afinal, porque vocês acham que o Felipão não aceitou a proposta da Seleção Inglesa, hein?

Quanto aos pacotes, senhor presidente, para o ano que vem se a situação financeira permitir, eu saio das cadeiras e compro camarote. Afinal, lá deve dar para levar a marca de cerveja que eu gosto.



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