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7 jun 2006 - 13h10

A várzea “morreu”

Quando comecei a acompanhar e torcer de verdade para o Atlético, lá se vão “alguns” anos, a diversão e a paixão do torcedor de futebol podia ser dividida entre o futebol profissional (que na verdade era semi-profissional na maioria dos clubes) e no futebol amador, também conhecido à época como de várzea, várzeano.

Eram outros tempos, sem dúvida. Onde hoje é a praça do Atlético, havia o campo do 5 de Maio, um dos tantos clubes amadores de Curitiba, com aquele córrego que passava atrás da antiga social da Baixada e cortava um canto da praça. Que tempos, outros tempos. Tudo nesta vida evolui, e no futebol não deixaria de ser assim. Só que a evolução no futebol profissional acabou colaborando também para a eliminação do futebol de várzea, hoje em dia nem nos clubes chamados amadores os atletas atuam “de graça”. Aliás, o crescimento das zonas urbanas, a infraestrutura alçada nas cidades grandes definitivamente acabou com a várzea. É o lema da modernidade: maior qualidade de vida para o ser humano.

A situação atual do futebol profissional não tem mais como recorrer a várzea. Quem vai garimpar “atletas” hoje em dia, já não tem mais os campos dos “5 de Maio da vida” para buscar atletas. Quem traz jogadores de clubes menores, ou do “interior”, como chamam, recorre a alguns “atravessadores” do mundo do futebol que nem sabem ou nunca souberam o que é o amadorismo ou o que foi a várzea um dia. Cito este fato para opinar sobre a questão da renovação do contrato do Dagoberto. É lógico que a torcida atleticana gostaria de continuar vendo, torcendo e vibrando na Arena com o Dagoberto jogando com a camisa do Atlético. Afinal, independentemente de onde “saiu” o Dagoberto para jogar no Atlético, antes de se contundir gravemente, ele se tornou a maior promessa e a maior pérola que o Atlético já houvera produzido até então. Encantou nossa torcida e muitos entendidos de futebol com sua técnica, a ponto do próprio Parreira citar, dia destes em entrevista, que Dagoberto deve ser um nome “certo” para a Copa de 2010 na seleção brasileira.

Talvez este fato tenha contribuído ainda mais para que o Dagoberto tenha resolvido, de vez, radicalizar na questão da renovação do seu contrato com o Atlético. Acho que ele está sendo ingrato e mau caráter. Porém, não se deve esquecer que determinadas brechas da Lei Pelé, promulgada com a “intenção” de valorizar o atleta profissional e libertá-los do que chamavam de jugo e escravidão pelos clubes, ofereceram uma oportunidade sem igual para que “gente esperta” se aproveite destes dispositivos legais e fature muito dinheiro, sem necessariamente ter que investir nada, como é o caso dos procuradores do atleta neste caso. O que a Massa Sports investiu na formação do Dagoberto?

Este episódio como alguns outros já citados ( Ronaldinho Gaúcho e Cicinho, por exemplo), servem de alerta para clubes e as tais “autoridades” que vivenciam o mundo “profissional” do futebol. Fatos como os citados aqui demonstram que hoje no mundo do futebol o amadorismo ou o comportamento varzeano deixou de existir, aliás, continua existindo somente no coração do torcedor. O que se pretende no comportamento frio e calculista da parte daqueles torcedores sentados em cadeira numerada, estádios de futebol sem grades ou proteção, torcidas sem faixas, batucadas ou adereços e ingressos de preços compatíveis com futebol de primeiro mundo ainda está muito longe da paixão de nossos torcedores. Acredito que este seja realmente o futuro do futebol no Brasil, mas convenhamos, ainda não temos estrutura para isso. Nossa economia e sociedade ainda não pode se dar a este luxo, infelizmente.

E se esta nova visão e este novo comportamento no mundo do futebol é o que a Lei Pelé quis atingir, o tiro vai sair pela culatra. Da maneira como esta indo e da forma vulgar como gente que nada tem a ver com o mundo do futebol está lucrando na intermediação e nas intervenções via “Procuradores” de atleta, o que pode acontecer, dentro de muito pouco tempo é se exterminar com a galinha de ovos de ouro, que em outros tempos para o futebol profissional, já foi a várzea também.

A paixão do torcedor no Brasil ainda continua refletindo e externando nossa formação varzeana, só a nova Lei é que não reconhece isto.



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