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10 jun 2006 - 21h56

DNA Atleticano

No último jogo, contra o Palmeiras, me disseram: “Ué, mas você é atleticano?”

Pois é, sou sim. E muito antes de nascer. Meu avô materno, já falecido, era atleticano de carteirinha. Carteirinha mesmo, velha, simples, com uma foto 3X4 preto e branco. O seu Reinaldo Senko não perdia um jogo do Furacão. Conhecia o pipoqueiro que ficava atrás do gol dos fundos (Madre Maria, ou melhor, Setor Sundown. Que chique!). Além de pipoca, para alguns freqüentadores habituais o comerciante trabalhava também com o que meu avô chamada de “social”. Uma dosezinha de destilado, mas só pra quem era da casa.

Meu tio e padrinho, filho dele, herdou a paixão. Chegou a jogar nos juvenis do time, e até hoje me brinda com as histórias dos craques do passado (sinceramente, ele está me convencendo que o Zé Roberto era melhor que o Pelé e o Garrincha juntos). Continuou pagando a mensalidade do clube, que meu avô tinha assumido, até quando deu. Hoje em dia, não é mais pra qualquer um.

Meu pai veio do interior do Paraná para estudar. Conheceu minha mãe e, provavelmente para agradar o sogro e o cunhado, virou um torcedor não-praticante do Atlético. Mas já era grande coisa pois, como descendente de italianos, torcia junto ao pai dele pelo Palestra Itália, que ainda por cima era verde e branco.

Quando eu nasci, na maternidade, o enfeite de porta do quarto da minha mãe era uma camisa rubro-negra com meu nome. Primeiro neto e sobrinho homem, eu era a grande esperança de um cracaço no Furacão com o sangue da família. Infelizmente para eles, até hoje não consegui chutar uma bola para o lado certo. Morei em Curitiba até os seis anos, e uma das lembranças mais antigas que eu tenho é de brincar na pracinha do Atlético, aonde me levavam sempre, mesmo morando longe para os padrões da época.

Meu pai se formou, passou em concurso e começamos a rodar o Paraná. Morei dos 6 aos 16 anos no interior, principalmente no noroeste do estado. Longe de Curitiba, na década de 80 pouco se sabia do Atlético. Então, vejam a heresia, comecei a torcer também pelo Palmeiras. Mas, nas férias de julho, sempre recebia cursos intensivos de atleticanismo, quando vinha visitar os parentes para cá.

Já estou há quinze anos de volta. E, como na parábola do filho pródigo, aos poucos fui retomando meu destino como apaixonado pelo Atlético. E o melhor, pude trilhar esse caminho de retorno à Arena junto com meu pai, que também se transformou em um fanático rubro-negro. Hoje eu, ele e meu padrinho conseguimos estar juntos em todos os jogos do Furacão, torcendo muito, inclusive neste último, contra o Palmeiras.

Então a resposta à pergunta lá do começo é: sim, eu sou torcedor do Atlético Paranaense, desde sempre, embora não soubesse. E estou tentando continuar a sina da família com minhas duas filhas, embora a mais velha ande dizendo que vai torcer pro Paraná, que nem a mãe. Eu nem me preocupo, pois sou a prova viva de que sempre há tempo para achar o rumo certo.

Dagoberto

Ok, essa é a última vez que falo dele. Já escrevi antes que entendo seu desejo de mudança. Quem não quer um salário melhor, projeção maior ou morar em um lugar mais seguro, ganhando em moeda forte? Isso é compreensível e, se desde o início o Dagoberto tivesse deixado claro: “olha, pessoal, eu quero um aumento, porque carreira de jogador é curta, e eu tenho que pensar no futuro. Se o Atlético me pagar o que eu peço, eu fico, pois amo o time. Se não for possível, vou tentar a sorte em outro lugar, mas levo a bandeira do Furacão no coração”, ninguém em sã consciência seria capaz de reprovar o menino.

Mas, depois do rumo que as coisas tomaram, não há muita saída. O encanto se quebrou, e a passagem desse craque pelo rubro-negro está definitivamente manchada. Tem conserto? Totalmente não, mas dá prá melhorar.

Que tal, Dagoberto, se você cumprir mais uma parte do seu contrato atual? Fique até o final do ano, ajude o Atlético com seu futebol no Campeonato Brasileiro. Assine já um pré-contrato com outro clube (dê preferência às propostas de fora do Brasil), aproveite para se transferir na janela de janeiro, intertemporada na Europa, e deixe as portas abertas por aqui. Você segue sua carreira, que tem tudo para ser brilhante, e ganha de novo um pouco do respeito que mais de um milhão de torcedores já tiveram por você.



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