19 jun 2006 - 20h28

Ex-jogador do Atlético cuida da fé da Seleção

A Seleção Brasileira que disputa a Copa do Mundo na Alemanha tem um “reforço espiritual” às vésperas de cada partida do mundial. De acordo com reportagem da revista Veja desta semana, intitulada “Os pastores das estrelas”, entre os pastores responsáveis pelas reuniões com os jogadores está o ex-ponta-direita do Atlético nos anos 80, Anselmo Reichardt, de 47 anos.

Ao lado do também pastor Alex Dias Ribeiro, Reichardt é pioneiro do grupo conhecido por “Atletas de Cristo”, entidade criada há duas décadas promovendo a proclamação do Evangelho através do esporte. Na Seleção Brasileira que disputa a Copa, integram esse grupo jogadores como Kaká, Zé Roberto, Lúcio, Cris, Gilberto, Luisão e Mineiro.

Anselmo José Reichardt Alves tem 47 anos e é natural de Rio Negro. Começou sua carreira nas categorias de base do Atlético, time no qual permaneceu por cinco anos. Depois, jogou no Iguaçu, Operário Ferroviário e Pato Branco. No final da década de 80, encerrou a carreira e passou a se dedicar integralmente à Igreja Batista.

De acordo com Reichardt, as reuniões não interferem a preparação da seleção para as partidas do Mundial. "Só nos encontramos em horas livres, pela manhã, com autorização do professor Parreira", disse na entrevista.

Confira a reportagem completa publicada na revista Veja desta semana:

Os pastores das estrelas

Às vésperas de cada partida do Brasil na Copa, dois batistas entram discretamente na concentração e se reúnem com um grupo de jogadores. Nessas reuniões sempre é discutido um trecho da Bíblia e como ele se aplica à vida dos craques e à disputa pelo título mundial. O time de evangélicos no elenco de Parreira é grande. Inclui Kaká, Zé Roberto, Lúcio, Cris, Gilberto, Luisão e Mineiro. Todos costumam participar dos encontros religiosos nos hotéis em que se hospedam na Alemanha.

Os evangélicos são o pastor paranaense Anselmo Reichardt, de 47 anos, e o mineiro Alex Dias Ribeiro, de 57, ambos ex-esportistas. Reichardt foi ponta-direita do Atlético Paranaense nos anos 80 e Dias Ribeiro, piloto de Fórmula 1 na década de 70. Os dois são pioneiros dos Atletas de Cristo, entidade criada há duas décadas com o objetivo de "promover por todos os meios a proclamação do Evangelho através do esporte". Já nos tempos de piloto, Dias Ribeiro disputava grandes prêmios com a inscrição "Cristo salva", em inglês ou português, no capacete ou no carro de corrida.

A relação entre os evangélicos e a seleção é antiga. Nos anos 80, o goleiro João Leite, do Atlético Mineiro, tornou-se um dos primeiros a usar o futebol para divulgar sua fé. Na seleção tetracampeã de 1994, o evangélico mais notório era o lateral Jorginho, hoje presidente dos Atletas de Cristo. No início do ano, quando era técnico do América do Rio de Janeiro, Jorginho trocou o símbolo do clube – um capeta, vade retro! – por uma águia. "O diabo é o maior perdedor da história", explicou. O América não ganha o campeonato carioca desde 1960. Neste ano, exorcizado o demônio, chegou às semifinais pela primeira vez em duas décadas. Na seleção brasileira, o contato entre os pastores e os jogadores surgiu por intermédio do zagueiro Lúcio, cujo empresário conhecia Reichardt.

As reuniões não ocorrem apenas na véspera dos jogos. Pelo menos quatro foram realizadas no hotel de Königstein onde a seleção permaneceu até sexta-feira. Toma-se o cuidado de não atrapalhar a programação do time. "Só nos encontramos em horas livres, pela manhã, com autorização do professor Parreira", conta Reichardt. O técnico da seleção já declarou que a religiosidade de parte dos jogadores não interfere em seu trabalho. Por isso, autorizou os encontros. Em cada um deles estuda-se um trecho diferente das Escrituras. Recentemente, por exemplo, tratou-se do primeiro livro de Samuel, que narra a luta entre Davi e Golias. "Golias foi para a batalha confiando somente em si, enquanto Davi estava bem treinado, mas também confiava em Deus", afirma Reichardt. Na recém-lançada versão da Bíblia dos Atletas de Cristo, Davi diz a Golias: "Você vem contra mim com espada, lança e dardo. Mas eu vou contra você em nome do Senhor Todo-Poderoso". A lição desse confronto, segundo Reichardt, se aplica a situações como a vivida na estréia da seleção contra a Croácia – embora, a rigor, o Brasil esteja nesta Copa mais para Golias do que para Davi.

Coincidência ou não, os evangélicos Kaká, Lúcio e Zé Roberto destacaram-se na vitória por 1 a 0. "A palavra e a vida de Jesus nos ensinam a ajudar uns aos outros nos momentos difíceis", acredita Zé Roberto, que joga na Alemanha e assinou uma autobiografia, Traumpass ins Leben (algo como Passe de Craque para a Vida), sobre a importância da fé para sua carreira. "Assim como o ser humano precisa alimentar a carne, para ser forte também se deve alimentar o espírito", prega.

Colaboração: Marco Antonio Iurk



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