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15 jul 2006 - 14h04

Dagoberto, de novo?

O assunto embalado e pronto para o consumo é o seguinte: a história de um garoto recrutado nos PSTC’s da vida. Lavado; escovado; desverminado; fome saciada; preparo fisico e técnico desvelado; o futebol trabalhado e apurado ao máximo, até chegar ao estrelato. Dois lances capitais, de extremo azar e boa dose de maldade, tiram-no dos principais momentos da melhor fase do Atlético em toda sua história.Gradativamente a estrela vai-se esmaecendo; o que era ouro, virou amarelão; a refinada técnica virou pipoca; o aplauso virou apupo; o sorriso virou carranca, e a glória virou só ingratidão. Os procuradores, famigerados malaquias, macomunados com vorazes ratazanas, só conseguem enxergar cifras futuras, e esquecem o longo e dispendioso período que o atleta ficou parado, às expensas do clube. Bando de ingratos! Justiça neles.

Hoje tentamos aplaudir, Herreira, Oldoni e Marques, enquanto malhamos o maior judas que Curitiba já construiu. Não tem um poste na cidade, sem um pedaço esfacelado do boneco feito de capim e serragem, numa imagem grotesca, medieval. Legítimo Santo Ofício, onde irados e despeitados Torquemadas, exigem a pena máxima já; imediatamente, a quem idolatravam há tão pouco tempo.

Será que a coisa é bem assim? – Algum de nós já se colocou no lugar de Dagoberto?- Será que sabemos toda a história?, ou só a parte que interessa aos abobrões, tal qual aconteceu no episódio da Libertadores; com o Lothar Mathaus e com o Aloísio. Será que Dagoberto não foi simplesmente honesto com ele mesmo, ao afirmar que “negociaria seu contrato com MCP, o único que manda no Atlético”, ou alguém tem dúvida sobre quem manda lá?- Já imaginaram o íntimo do atleta, obrigado que foi a trabalhar sózinho, enquanto o resto gozava férias, no início da copa?-Algum de nós gostaria de discutir seu contrato de trabalho com os advogados da empresa, e não com o patrão?-Já imaginaram a frustração do jogador, que treina entre os titulares, e de forma abrupta é sacado do time, com o treinador dizendo-lhe que recebeu ordens de cima; e para a imprensa, o mesmo treinador se intitula um paizão, preocupado apenas com o emocional do garoto. Enfim, alguém já parou pra pensar na palavra mágica, motivação?

O que assistimos nas poucas vezes em que é autorizado a dar entrevistas, é a imagem de um garoto que, embora acuado, é firme em suas declarações, lúcido e congruente em tudo oque diz. Aliás em sua fala hoje na TV, Dagoberto desmonta de forma irônica, o dispensável protetorado de Givanildo para com ele.

Afinal como é que fica! Joga ou não Joga? – Se não jogar, desaparece e passa a valer nada! Se jogar, o Brasil conta nos dedos os dias que faltam para a audência em 10 de agosto.( Se depender do histórico do nosso corpo jurídico, adeus prorrogação de contrato) – Se não vender agora, ele vai cumprir rigorosamente seu contrato, entrando e saindo do time, mais saindo, e dentro de um ano, ou um pouco mais, dependendo da justiça, vai embora sem deixar tostão algum nos cofres do clube.

Querem um conselho?: este diamante precisa é de vitrine! Este menino precisa trabalhar; ele ganha pra isto, e quer trabalhar. Sózinho lá na frente, motivado, faz mais que todo o bando lá amontoado. Jogando, ganha ritmo de jogo e a justa valorização, resultando em negociação generosa, com bons resultados para ambos os lados. Esta Diretoria, que se ufana de administrar com a razão, e não com a emoção, tem a chance de provar isto agora, pois do contrário, passarão para a história, como a Diretoria que jogou o bebê fora, junto com a água do banho.



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