O Fala, Atleticano é um canal de manifestação da torcida do Atlético. Os textos abaixo publicados foram escritos por torcedores rubro-negros e não representam necessariamente a opinião dos responsáveis pelo site. Os autores se responsabilizam pelos textos por eles assinados. Para colaborar com um texto, clique aqui e siga as instruções. Confira abaixo os textos dos torcedores rubro-negros:
6 ago 2006 - 17h28

Domingão do Vadão

E veio o Domingo, era de tardezinha (êta pior parte da semana). Cheguei na padaria e me dirigi à funcionária:

– “Moça, me veja 11 francesinhos, por favor.”
– “O Sr. espera um pouco que já está saindo outra fornada, é só uns minutinhos. Prove estas rosquinhas enquanto isso.”
– “Tudo bem, obrigado.”

Notei que havia um Sr. de costas para mim, o qual parecia reconhecível: um biotipo de comedor de churrasco (mais que eu), meio calvo (menos que eu), tranqüilo, esperando a mesma, olhava a pilha de rosquinhas, mas como se estivesse bem distante dali.

– “Com licença, o Sr. é o Vadão, eu presumo?!”
– “Boa noite. Sim, sou eu.”
– “É, prazer, meu nome é Zé Comum.” (cumprimentei-o com a mão direita) meus parabéns!” – disse eu em meio a timidez de sempre.
– “Parabéns pelo que, meu amigo?”- achei que ele não gostou.
– “Olha, acho que deixa pra lá, talvez o Sr. não goste de falar disso fora do trabalho.”
– “Não tem problema, o pão vai demorar um pouco mesmo. Mas e aí, por que o Sr. me parabeniza?”
– “Bom, já que é assim (pensei: poxa, que oportunidade rara de me manifestar sobre o Atlético, imagina só: falar direto com o técnico! Não vou perdê-la). É que eu já pude ver diferenças no time, seu Vadão, e acho que a coisa vai melhorar.”
– “É, a gente trabalha para isso, agora com um pouco de calma a gente vai dando um padrão para o time.”
– “Vem cá, Vadão: você se incomoda de eu dizer algumas coisas do Atlético?”
– “Não, absolutamente, de forma alguma. Eu adoro o futebol e respeito muito a opinião do torcedor.” -ele pegou uma rosquinha da pilha e começou a comer. Aí eu me animei, também peguei uma e soltei o verbo:
– “Olha, vamos começar pelo principal problema: ao meu ver, naquela zaga não adianta jogar com 3 zagueiros pelo seguinte: sempre tem atacante adversário sozinho, eles (nossos zagueiros) só marcam a bola e esta viaja muito mais rápido do que o atacante, não há entrosamento. Então é melhor botar só 2 na zaga e um a mais na meia ou até no ataque, porque é constante o perigo de gol, então assim a gente pelo menos tem mais chance de fazer mais gols com mais um homem de frente, toma mas faz mais, entende?”
– “Bem, isto é relativo. Assim eu perco um homem de contenção e aumenta o risco de tomar mais gols ainda.”
– “Pra mim, Vadão: Danilo já era e esse Alex é muito lento pra ser marcador de anões velozes tipo aquele gárgula do Tevez.”
– “Tevez é um bom jogador, que prima-se pela sua raça.”
– “Aquele Ivan devia ter ficado na Ucrânia, voltou congelado, porque todos os gols saem pela esquerda, e o apoio dele é muito fraco, quando consegue chegar lá na frente ou cruza baixo ou dá um peido de véia e sempre pra fora. Tá na hora de botar este Michel.”
– “O Ivan é um cara esforçado.”
– “O Jancarlos só tem um problema: precisa de umas consultas com um bom psicólogo, ele é que nem o Fabiano, aquele lateral esquerdo, lembra? Vive sendo expulso. Tem que ser alguém que dê um esporro nele mesmo, não adianta botar estas psicólogas sensuais e gostosas que os caras ficam pensando em meter outras bolas…”
– “Isto não tem nada a ver, é que ele participa do jogo mesmo, então está sujeito a isto.”
– “E o Batoré?”.
– “Quem é esse?”
– “O Cléber Mexerica, ele tem uma dificuldade enorme de se posicionar corretamente nas faltas. Isso vem desde o Ricardo Pinto, Flávio, o Pebolin(Diego) e por último o Tiago Cardoso (que vai ganhar uma placa pelo maior frango da história na Arena, uma placa escrito: 3º goleiro): será que é o mesmo treinador de goleiros ainda, que não sabe ensinar?”
– “Isto eu já passei e está sendo melhorado. Cléber ainda vai ser Bola-de-Prata, você vai ver”.
– “Puxa, o pão deve estar quase quente, quem tá esfriando ultimamente é o Terra-Samba (Alan Bahia): passa errado, anda se arrastando. até parece que…sei lá.”
– “Mas você só vê o lado ruim da coisa?”
– “Sim Vadão, pois o lado bom todo mundo sabe. Que o Ferreira tá jogando por todos, que o Denis Marques (tic nervoso) tá voando e que o Cristian já ganhou a posição, isso todos viram. Só o Galináceo é que ainda não fez jus, parece que tá com seqüela da gripe do frango.”
– “Eu dei força pra ele. Aliás, para todos.”
– “Sim, eu sei. E quem tá precisando de força é o Marcelo Silva, o Válber e este piá Marco Aurélio que pelo jeito veio pra ficar.”
– “É claro, eu tenho boas peças de reposição.”
– “É isso aí Vadão! Você tem agora até um capitão de verdade no banco, um cara que tem comando, tem voz ativa e leva amarelo mesmo fora do campo: o César, que vai ser a solução da zaga!Junta ele com o João Leonardo ou o João Guilherme que tá feito!”
– “Eu não reclamo do plantel. Mas, diga cavalheiro, o que mais o Sr. quer?”
– “Eu acho que não precisa de novas contratações. É só variar, estufar o peito e mandar estas figurinhas carimbadas pro banco (Dagoberto, Alan Bahia, Alex) e outros pro chuveiro (Danilo, Ivan, Fabrício, Herrera, Willian do gol espírita e, pelo amor de Deus aquele Alessandro Lopes, que voltou tipo Hell Raiser, o “renascido do inferno”). Que tal você mudar e sair com Cléber, Jancarlos, César, João Leonardo e Michel; Cristian, Marcelo Silva, Válber e Ferreira; Denis Marques e Marco Aurélio? Aqueles 3 no banco mais o Navarro, o João Guilherme e o André Rocha. Pô, Vadão acho que ficaria legal.”
– “Ah, ah, ah…me diz uma coisa, meu nobre torcedor: o que você faz da vida, além de sonhar?”
– “Engana-se Vadão. Primeiro eu sonho. Depois é que eu vivo. Meu nome é José Comum. Trabalho como numa empresa de mudanças. Elas estão no meu sangue. E sei que só através delas pode se chegar ao destino. Um destino melhor. Isto dá sentido à própria vida. A vida por si só exige mudança. Para então se chegar ao destino, aquele que está no sonho…”

Silêncio…

– “Senhores, aqui está o pão, quentinho! Desculpa a demora.”
– “Obrigado e boa noite a todos”- disse Vadão educadamente e foi saindo com um carrossel de pensamentos na cabeça.
– “Moça! “- disse eu em voz alta. “Me dá mais 5 rosquinhas!”

Na fila do caixa:
– “Desculpa, Vadão. Estou agradecendo a sua atenção em me ouvir, eu, um simples torcedor. Por isto aceite aqui estas 5 rosquinhas: é bom variar. Viver só de pão a gente enjôa. E você acabou de ver que rosca nova é bom.”
– “Muito obrigado, vou experimentar!”
– “Saudações Rubro-Negras, Vadão!”
– “Igualmente, Sr. Comum.”

E veio a segunda-feira…
Glossário:
Sr. Comum: eu
Comedor de churrasco: Oswaldo Alvarez
Rosquinhas: César, Michel, Marcelo Silva, Válber e Marco Aurélio
Pão véio (que nem cachorro quer): Danilo, Ivan, Fabrício, Herrera, Willian e Alessandro Lopes

Moral nº 1 da estória : “se você acha que é capaz de fazer uma coisa, comece-a: a coragem traz consigo gênio, poder e magia” – Goethe (escritor de cabeceira do Petraglia).

Moral nº 2 da estória: “roscas, o outro lado bom da vida: experimente!” – Sigmund Freud.

ps: qualquer conotação ou alusão sexual ou homossexual à “roscas”, é mero desvio de comportamento e de identidade sexual reprimida: neste caso, procure um psiquiatra ou uma irmandade gls qualquer.



Últimas Notícias

Brasileiro

Fazendo contas

Há pouco mais de um mês o Athletico tinha 31 pontos, estava há 5 da zona de rebaixamento e tinha ainda 12 partidas para fazer.…

Notícias

Em ritmo de finados

As mais de 40 mil vozes que acabaram batendo o novo recorde de público no eterno estádio Joaquim Américo não foram suficientes para fazer com…

Brasileiro

Maldito Pacto

Maldito pacto… Maldito pacto que nos conduz há mais de 100 anos. Maldito pacto que nos forjou na dificuldade, que nos fez superar grandes desafios,…