Fatos e direitos
Embora leigo no assunto, sempre gostei de me envolver e procurar saber os trâmites de um julgamento, quais os passos da defesa e promotoria, enfim, é um mundo novo onde de repente réu e vítima estão frente a frente. Talvez seja este o fato mais curioso e que desperta interesse. Para que duas pessoas resolvam suas pendências cada uma contrata um representante. Em resumo, por não poderem decidir sozinhas pacificamente envolvem terceiros e quartos para que se decida o objeto, cuja decisão por lei deve ser cumprida.
O Atlético está em duas linhas de frente nesta guerra. Uma bem diferente da outra. Uma contra Aloísio e outra contra Dagoberto. Apaixonados como somos, decidimos pixar os atletas, vaiá-los, criticá-los, pois de uma forma ou de outra, pela falta que fazem ou pelo dinheiro que arrastam, fazem falta e estão lesando o clube. Aloísio estava perdido na Rússia, trazido por Bebeto recuperou-se no Atlético. Embora nunca tenha feito partidas memoráveis nos traz saudades devido ao baixo nível de nosso ataque hoje. Há quem diga que ele não foi fiel a própria palavra e que ludibriado pelas luzes de São Paulo, preferiu ficar no “time do coração”. Dagoberto crê que é o maior craque da história do futebol paranaense, e que devido a algumas emissoras o cotarem para 2010 deveria ganhar U$150.000,00 por mês.
Ambos procuraram o escritório dos coxas para representá-los. Escolha provocante do lado da rivalidade mas extremamente sábia, visto ninguém mais querer vê-los fora do Atlético do que os coxas. A situação é essa: Aloísio foi emprestado para o São Paulo mesmo depois do clube do Morumbi ter nos humilhado tirando-nos de nossa casa e ganhando a Libertadores. Devido a esta tentativa de reconciliação frustada entre diretorias o São Paulo achou uma brecha no contrato de Aloísio que o deixava livre para negociar com outro clube e, até que se prove o contrário tem sustentado esta palavra na justiça, levando nosso clube e departamento jurídico a descrença, que é inevitável devido ao fato. Dagoberto, mesmo com a saída dos Massa, continua amigo do peito dos Malaquias, e pelo tom das declarações de ambos, em nada mudarão suas opiniões. O Atlético deveria tê-lo vendido enquanto teve chances. Não foram uma ou duas contusões que ele teve.
O pior de tudo é que um coxa está intermediando estas pendências, defendendo Aloísio e Dagoberto. Parece irônico, mas é real e triste. Por que causa o Atlético está lutando? Haverá clima para Aloísio vestir a camisa do Atlético novamente? Culpado ou não, mesmo que se defendendo suas declarações foram agrassivas. Um pedido de desculpas não resolverá o caso, caso o Atlético vença e ele volte. E se Dagoberto for obrigado pela justiça a permanecer, contrariando totalmente e claramente sua vontade? Haverá clima para ele na Baixada e dele para com a Baixada? Será que um pedido de desculpas de Dago a torcida tiraria de seu coração todo o rancor que ele tem do Atlético hoje? Perdão da massa rubro-negra ele terá apenas na conciliação, não na obrigação que poderá ser imposta.
O Atlético está buscando na Justiça a solução para estes dois problemas, mas sob qualquer decisão, sairá perdedor sobre alguns aspectos. Mesmo que fique, Dagoberto não jogará mais no Atlético, será negociado. Aloísio é uma causa sem razão. Não pertence ao Atlético e a rigor nunca foi nem candidato a ídolo. O Atlético, caso vença, pode ganhar dinheiro negociando Dago com uma multa maior. Ganhará apenas dinheiro, que é o verdadeiro objeto de toda esta questão.
Sabem qual é o destino mais provável de Dago? O mesmo São Paulo de Aloísio. Companheiros de tribunal poderão ser parceiros de clube. Em vez de recorrermos a advogados, deveríamos recorrer ao CT do Cajú. A fábrica de craques está devendo.
Boa sorte ao Atlético nas disputas judiciais, embora a vitória possa não ter o sabor esperado.
Um abraço a todos os Atleticanos.