27 ago 2006 - 23h32

Sai que é sua, Cléber!

"Amigos, eis a verdade eterna do futebol: o único responsável é o goleiro, ao passo que outros, todos os outros, são uns irresponsáveis natos e hereditários. Um atacante, um médio e mesmo um zagueiro podem falhar. Podem falhar e falham vinte, trinta vezes, num único jogo. Só o arqueiro tem que ser infalível. Um lapso do arqueiro pode significar um frango, um gol e, numa palavra, a derrota".

Assim disse Nelson Rodrigues, grande cronista esportivo nos anos 50, a respeito da dura vida de goleiro. Aliás, cronista apaixonado por futebol e que nunca escondeu a sua paixão pelo Fluminense. Entre as suas mais célebres criações acerca do futebol brasileiro, está o "Sobrenatural de Almeida". Tratava-se de um ente imaginário que explicava o inexplicável e ao qual cabia a responsabilidade sobre acontecimentos estranhos que aconteciam numa partida de futebol. Se Nelson ainda estivesse vivo, teria visto que o autêntico Sobrenatural de Almeida esteve em campo no estádio mais clássico do Brasil, o Maracanã, na partida do último sábado, quando o Atlético venceu o Fluminense pelo placar de 2 a 1. Cléber Luis Alberti está nos primeiros anos da carreira como jogador profissional. Contra o mesmo Fluminense, de Nelson Rodrigues, fez jus à frase do escritor. Realizou defesas brilhantes e foi merecidamente exaltado por toda a imprensa especializada, que lhe atribuiu dizeres como "defesa formidável", "excelente atuação", "tarde inspirada de Cléber", "fechou a meta atleticana", "maior figura em campo", "o melhor da partida". O dono da camisa um brilhou.

A vida como ela é

Cléber começou sua carreira no Sorec disputando duas vezes a segunda divisão do Campeonato Paranaense. Em 2000, o jogador iniciou a sua trajetória no Atlético, ainda no time júnior. Em 2002, já fazia parte do elenco profissional. Sua estréia com a camisa rubro-negra foi no Campeonato Brasileiro daquele ano, contra o Goiás. No início de 2005, após dois anos na reserva do goleiro Diego, Cléber recebeu uma proposta do Santa Cruz, então dirigida pelo ex-técnico atleticano Givanildo Oliveira, para disputar a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.

O acesso à Primeira Divisão do Santa Cruz e a excelente campanha de Cléber durante todo o campeonato fizeram com que o goleiro voltasse ao Furacão no início da temporada 2006. "Foi uma ótima oportunidade para mim. Eu sabia que disputaria um campeonato forte e que seria uma grande vitrine. Deu tudo certo para mim e para o clube", relembrou Cléber, cuja incrível média de ter sofrido apenas 34 gols em 33 jogos lhe rendeu o prêmio de melhor goleiro da Série B .

Na volta à meta atleticana, Cléber passou por algumas dificuldades graças ao rodízio de goleiros implantado pelo então técnico Lothar Matthäus, onde nem Cléber nem Tiago Cardoso conseguiram se adaptar. Mesmo assim, Cléber não só superou as adversidades como iniciou uma grande fase na sua carreira. "Ter a titularidade de um grande clube como o Atlético é muito importante. Subir para a Primeira Divisão com um clube e logo depois virar titular do Atlético é a seqüência do meu trabalho. Estou vivendo uma fase excelente", comentou o goleiro.

Troféus, Renovação e Nelson

Nas últimas eleições da equipe do site Furacao.com para homenagear o melhor jogador do Atlético com o troféu Furacao.com, só deu Cléber. Em março, o camisa um foi avaliado pelos colaboradores do site e teve uma média de 6,24, bem acima do segundo colocado, o volante Alan Bahia, que atingiu 5,92. Já em abril, o goleiro alcançou uma média de 7,34, superando o atacante Pedro Oldoni, com média de 6,33.

No mês de maio, novamente deu Cléber, com uma média de 7,32. A terceira vez consecutiva que o atleta recebeu o prêmio dispensou a realização da enquete popular. Como a eleição dos internautas proporciona um bônus de 0,25 na média, a votação somente é realizada quando há diferença inferior entre as médias dos mais bem colocados. E, pela quarta vez consecutiva, o Troféu Furacao.com de julho parou novamente nas mãos do goleiro, que terminou com uma média de 6,70. Em junho não houve entrega do Troféu Furacao.com em razão da paralisação do Campeonato Brasileiro.

Para dar seqüência às conquistas do goleiro atleticano, a diretoria do Atlético renovou em junho o seu contrato por mais três anos. "O pensamento agora é ficar até o final de 2009 com esse ritmo que venho tendo nos últimos jogos", afirmou o goleiro.

E para ficar por, no mínimo, mais três anos no Furacão, Cléber vai ter que brigar com mais uma máxima de Nelson Rodrigues. O escritor chegou a afirmar que "a posição de goleiro é tão amaldiçoada que onde ele pisa não nasce nem grama". Pelos campos de futebol que já andou pelo Brasil, Cléber não só tem semeado a alegria de jogar futebol como trata o espaço como se fosse o jardim de casa. Grama é o que não falta, Nelson.



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