16 out 2006 - 22h26

O caldeirão da Buenos Aires

Pare e lembre. Sabe a sensação que você teve na primeira vez que entrou na Arena da Baixada? Pois então, foi mais o menos o mesmo encantamento que os cerca de 12 jornalistas argentinos enviados a Curitiba para acompanhar a partida entre Atlético e River Plate tiveram na quinta-feira passada ao entrar na Kyocera Arena. Adjetivos não faltaram para resumir o que eles acharam da estrutura atleticana: fantástica, espetacular, esplêndida.

"Me pareceu fantástico. O melhor do continente. É um estádio com padrão europeu, muito parecido com os que vi na Copa da Alemanha", afirmou o repórter Walter Queijeiro, da Fox Sports, emissora que transmitiu o empate por 2 a 2 entre Atlético e River Plate ao vivo, para toda a América Latina. Aqui no Brasil, ele já conhecia o Morumbi, o Maracanã, o Beira-Rio ("estive na final da Libertadores do ano passado") e o Couto Pereira ("no jogo da seleção brasileira"). Mas, segundo Queijeiro, vulgo El Sapito, nenhum é comparável à Baixada, que ele acredita ser um cartão de visitas e modelo para a possível escolha do Brasil para a Copa de 2014.

Doze jornalistas argentinos, incluindo repórteres de televisão, rádio e imprensa escrita, estiveram acompanhando o River Plate em Curitiba. E se a primeira impressão é a que fica, eles saíram daqui com boas referências da Baixada. "É um estádio muito moderno, cômodo, um conceito europeu. O melhor da América Latina com certeza, com uma estrutura nos padrões da Fifa e da Uefa", resumiu José Gabriel Carbajal, narrador da Radio Mitre, de Buenos Aires. "Muito lindo, moderno. Chama a atenção pela segurança, é o mais seguro da América Latina", completou Billy Culleton, argentino que reside em Santa Catarina e é correspondente do Diário Olé no Brasil.

Walter "El Sapito" Queijeiro: estádio padrão europeu [foto: FURACAO.COM]


Os jornalistas estrangeiros foram muito bem atendidos pela assessoria de imprensa do clube – aliás, assim como também comumente acontece com os jornalistas brasileiros. As cabines destinadas à imprensa foram previamente organizadas por equipe, cabendo a cada veículo de comunicação um local específico na Baixada. Além disso, foi distribuído um "press kit" em língua espanhola com informações sobre a cidade de Curitiba, o estado do Paraná e o Clube Atlético Paranaense. O material produzido pela diretoria de comunicação do Rubro-Negro informou aos estrangeiros que a Kyocera Arena "es lo estadio más moderno de la América Latina".

El Paranaense

Eliminar o River Plate numa competição internacional foi como uma espécie de entrada na "maioridade" para o Atlético. Afinal, derrotamos um dos mais tradicionais clubes do futebol mundial. Mais do que isso, significou de vez a perda de um certo "anonimato" que o Furacão tinha, em especial em terras argentinas. "De 2000 para trás não sabemos de nada sobre o clube", afirmou Walter Queijeiro, da Fox Sports. As informações sobre o Furacão passaram a vir com a participação do clube pela primeira vez na Copa Libertadores da América, em 2000, e aumentaram consideravelmente após a excelente campanha vice-campeã na competição, no ano passado. Se o clube ganhou reconhecimento no continente, na Argentina ainda havia poucas informações, já que o Atlético não havia enfrentado clubes do país vizinho em suas participações anteriores na Libertadores.

Se da história do "El Paranaense" os argentinos pouco sabiam, quando o assunto são os rivais do Furacão aqui no estado eles se limitaram a dizer o simples, porém necessário. "Tem o Coritiba, que está na Série B, e o Paraná", sintetizou Silvio Chattás, da Rádio Del Plata, de Buenos Aires, considerado por muitos o mais preparado jornalista esportivo da Argentina.

Equipe do Diário Olé: repórter Billy Culleton e o comentarista Eduardo Ferreira [foto: FURACAO.COM]


Algumas curiosidades marcaram também a visita dos argentinos à Baixada. A equipe do Diário Olé, por exemplo, não sabia o porquê do nome "Kyocera Arena" – dúvida prontamente respondida pela equipe de reportagem da Furacao.com. Eles também comentaram sobre a existência de um Furacão (ou melhor, Huracán) em terras argentinas – um clube com este nome, em Buenos Aires, do bairro Parque Patrício.

Durante o jogo, os argentinos tiveram que provar de seu próprio veneno. Provavelmente, em vários momentos da partida, eles se esqueceram que estavam na Rua Buenos Aires e pensaram estar na própria cidade de Buenos Aires, tamanha a pressão que a torcida do time da casa fez – jogando junto com o Atlético durante todo o jogo, trazendo para nós, brasileiros, uma tradição que sempre acompanha a Argentina.

Depois da partida e do empate que garantiu a classificação do Furacão para as quartas-de-final da Sulamericana, brasileiros e argentinos se viram separados fora de campo também, com a proibição dos jornalistas brasileiros de acompanhar a entrevista coletiva do técnico Daniel Passarella. E se depois da eliminação do River, os hermanos ainda tinham o desejo de retornar em breve ao estádio que eles mesmos consideraram espetacular, o retorno terá que ser adiado – afinal, o Boca Juniors foi eliminado pelo Nacional de Montevidéu, próximo adversário do "El Paranaense" na Copa Sul-Americana. Que venham os uruguaios!

Reportagem: Patricia Bahr e Nadja Mauad, da Furacao.com.



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