Frustração
O Clube Atlético Paranaense há cerca de cinco anos recebeu em sua casa uma daquelas que poderia ser a maior revelação do futebol paranaense das últimas décadas, que atende pelo nome de Dagoberto. Clube que tradicionalmente sempre revelou grandes jogadores, principalmente na era Petraglia, Dagoberto chegou trazido do PSTC e prenunciava-se o grande talento que o futebol paranaense alçaria nacional e internacionalmente. Teve uma carreira meteórica, enriquecida com convocações em todas as categorias de base (sub´s) e vinha demonstrando, até 2004, um grande potencial.
Por ironia do destino ou sabe-se lá pela marca implacável da justiça, quando se contundiu numa partida do Brasileirão, a contusão não atingiu somente o joelho, mas o ser Dagoberto. Em toda minha vida de torcedor do Atlético e lá se vão mais de quarenta anos, vi muitas estrelas serem reveladas e fazerem sucesso no Clube e Brasil afora; mas confesso, em Dagoberto via a grande oportunidade do Atlético, do futebol do Paraná e brasileiro serem premiados com um dos maiores craques que o esporte pode produzir. Atacante arrojado, técnica refinada, visão de jogo, coragem, precisão nos fundamentos básicos e juventude faziam a combinação perfeita dos pré-requisitos para um sucesso espetacular e duradouro. Mas com a contusão, começaram os grandes equívocos de sua carreira, a começar pela cirurgia nos EUA, o primeiro desprezo as coisas “nossas” que gerou inclusive a reformulação do Dep. Médico do clube.
Depois veio a parceria dele com “procuradores” mal intencionados, a sua indisposição com a diretoria e com a torcida. Mal formado e depois mal orientado, Dagoberto foi se enrolando num emaranhado de atitudes cada vez mais infeliz, que culminou com a contratação de advogados vinculados do pescoço a raiz com nosso arquiinimigo. Dagoberto desprezou a recente história de conquistas do Atlético, dentro e fora do campo (quando me refiro a fora do campo quero dizer nas revelações e negociações de jogadores) que proporcionaram ao Atlético uma espetacular virada na história do clube, fruto da dedicação, trabalho e competência de quem vem lhe dirigindo nos últimos anos – sem demérito algum a quem trabalhou no Atlético nas décadas anteriores, de difícil luta pela sobrevivência. Aliás, em termos de história é bom que se diga, não há maior ou melhor no quesito de quem fez ou deixou de fazer, a história é senhora de si quando trata de registrar cada fato e cada momento da vida de uma instituição.
O Atlético é o que é hoje, porque quem lhe dirigiu em todos os momentos sempre acreditou na força do Clube e na sua predestinação. E o que faltou ao jovem Dagoberto foi justamente respeito com a instituição chamada Atlético, com os dirigentes que sempre lhe assistiram e deram apoio, inclusive nas horas mais difíceis e também com a torcida que, até então, sempre lhe dedicou carinho e admiração. Eu não quero saber o que vai acontecer com Dagoberto daqui pra frente.
Só digo uma coisa, um atleta que desrespeitou o clube e sua torcida, que desrespeitou seus colegas de profissão, quando declarou há uns três meses que as contratações foram equivocadas e que o time precisava de reforços, que debochou da nossa paixão ao ir buscar apoio jurídico em nosso arquiinimigo no futebol, esse atleta não merece meu respeito e não merece vestir novamente “nossa camisa”. Se daqui pra frente, em algum jogo o Dagoberto tiver sua escalação confirmada antecipadamente, eu certamente não estarei lá na Kyocera Arena para assisti-lo, aprendi, desde a infância, que respeito só merecem aqueles que o praticam.