27 out 2006 - 0h13

Por dentro do mosaico

O espetáculo dos Mosaicos que colorem e embelezam o setor Buenos Aires Superior nos principais jogos do Atlético está conquistando a torcida atleticana. A iniciativa pioneira no futebol brasileiro ganha, a cada dia, mais admiradores e colaboradores. O que poucos sabem é que para se produzir um mosaico é necessário um trabalho intenso, muito além de se levantar os painéis no momento em que o time do Atlético pisa no gramado da Kyocera Arena.

Para que o Mosaico Furacão saia perfeito, a comissão organizadora entra em campo muito antes de a bola rolar. Cerca de dez dias são necessários para se preparar a festa da torcida atleticana. "O Mosaico não dura mais que dois minutos num grande jogo, mas é um trabalho de mais de dez dias, seja na compra e manutenção dos materiais, estudo e viabilidade do layout, reuniões, mutirões, arrecadando a verba necessária e, enfim, montando o mosaico", explica o presidente da Comissão Mosaico Furacão, Thiago Henk.

A primeira preocupação é quanto à escolha do jogo para realizar a coreografia. A necessidade é que tenha setor cheio, para que o mosaico seja formado sem grandes falhas, possibilitando um visual bonito e perfeito. Após isso, explica o membro da comissão, André Marcondes, o trabalho é de planejamento. "Iniciamos o trabalho discutindo o desenho a ser criado, após todos da comissão chegarem a um consenso do desenho a ser formado partimos para o levantamento do material que será necessário e o custo de todo ele", diz.

Um dos primeiros passos é cortar os painéis [foto: MOSAICO FURACÃO]


Com o layout definido, o trabalho da comissão é braçal. "Após todo o material comprado partimos para a preparação dos painéis, que são cortados na medida necessária. Esse trabalho normalmente é o mais duro, levando muitas vezes o fim de semana dos integrantes da comissão", afirma André. Com os painéis de TNT cortados, contados, separados e embalados, a comissão aguarda o esperado dia do jogo, para enfim entrar em campo, ou melhor, entrar na Arena, pronta para dar mais um show. Mais de 2 mil painéis foram utilizados no último Mosaico, contra o Nacional, que formou o desenho da bandeira do Brasil na arquibancada.

Depois, os integrantes separam e contam os painéis [foto: MOSAICO FURACÃO]


No dia do jogo, os integrantes da comissão entram no estádio cerca de uma hora antes de os portões abrirem. Com o desenho da coreografia a ser formada, eles vão distribuindo os painéis nas cadeiras da Buenos Aires Superior. "Seguindo o layout, vamos distribuindo o material cadeira por cadeira. Após a abertura dos portões, tentamos orientar da melhor forma possível os torcedores que ficarão no setor. Após isso, é torcer para que dê tudo certo. E, felizmente, é o que tem acontecido", resume o atleticano Gustavo Rolin, integrante da comissão.

No dia do jogo, trabalho começa bem antes de a bola rolar [foto: MOSAICO FURACÃO]


Depois de todo esse trabalho pré-mosaico, chega o momento mais esperado por todos: a formação do desenho. Quando o time do Atlético pisa no gramado da Baixada é recepcionado com uma gigante homenagem. A festa dura poucos minutos, mas chama a atenção e é motivo de orgulho para todos os atleticanos. E depois que o árbitro apita o fim do jogo, os membros da comissão ainda têm mais um trabalho: recolher todo o material, para que ele possa ser reaproveitado num novo mosaico.

Cultura dos mosaicos

A iniciativa de se formar um gigante mosaico nas arquibancadas de um estádio de futebol é inédita no futebol brasileiro. A idéia foi lançada em agosto do ano passado, na partida entre Atlético e São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. Até hoje, já foram realizadas seis edições do Mosaico Furacão (nos jogos contra o São Paulo, Flamengo, Paraná Clube, Galo Maringá, River Plate e Nacional). E, com o tempo, a principal conquista foi a de se criar uma cultura dos mosaicos entre os torcedores atleticanos, tornando a coreografia numa mania na torcida do Furacão.

"A maioria dos torcedores já entende que a sua participação é importante e colabora. A comissão de mosaicos já é identificada com suas camisa azuis e com isso fica mais fácil coordenar todo o setor", explica André Marcondes. "Nosso desejo é que depois de ser introduzida esta cultura de Mosaico, possamos realizar projetos maiores e mais ousados", completa Gustavo Rolin.

Exausta, a comissão descansa antes do grande espetáculo [foto: MOSAICO FURACÃO]


E esses projetos ousados podem entrar em vigor já a partir do próximo ano. "Após esse sexto Mosaico temos a segurança para afirmar que a iniciativa deu certo. O empenho do torcedor em ajudar na formação do mosaico aumentou de mosaico em mosaico e nesse último chegamos no ideal. Com isso podemos afirmar e programar para 2007 a expansão do Mosaico para outros setores. Nosso objetivo é fazer com que todo torcedor participe, pois muito em breve faremos um mosaico fechando o estádio por completo. Parece sonho, mas se tornará realidade antes do que imaginamos", revela Thiago Henk. "Chegamos no ponto ideal para difusão do Mosaico. Após mais de um ano de preparação e experiência o torcedor está preparado e muito motivado para continuar e aumentar o tamanho e freqüência dos Mosaicos na Kyocera Arena. A cultura do Mosaico está, enfim, na torcida atleticana", conclui.



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