Quebra de tabu
Sempre tento influenciar pessoas, adultos ou crianças, a se tornarem atleticanos. Já consegui alguns, porém havia um tabu: todo primeiro jogo que eu levava os “influenciados”, o Atlético perdia. Foi assim com o Dudu, que recém vinha de Ponta Grossa em meados do fim da década de 90. Comecei a exercer o papel de arrebatador de fiéis ao atleticanismo e chegou o dia de irmos ao primeiro embate: Pinheirão, jogo de volta da copa do Brasil, primeiro jogo 2 a 1 pra nós “lá em Corinthians”, perfeito pra levar o Dudu! Não preciso nem dizer o que aconteceu… mas o Dudu é hoje tão atleticano como eu.
Com o Bruno e o Victor, meus priminhos hoje com 10 e 8 anos, a influência começou cedo. Comprei camisas para os dois quando eles mal sabiam o que era futebol. Mesmo com a resistência da tia Márcia, meio paranista e são-paulina por completo, o Bruninho é sim atleticano. O Victor ainda precisa de uma dose extra de influência. E não é que depois de muita insistência de minha parte, a tia Márcia deixou eu levá-los a um jogo? É claro que o tio Agnaldo foi junto. Aproveitei e levei o Régis, meu irmão. Com tendências meio verdes, nunca tinha ido a um jogo do hoje representante paranaense da divisão de acesso. Pensei comigo: “ainda tem salvação”. Fomos. Paguei o ingresso dele. E ele e meus priminhos torceram muito. Triste foi ouvir do Vitinho “ahh, eu gostei dos gols da Adap” e do meu irmão “é mano, até que eu torci, mas…”
Quarta-feira decidi levar minha namorada. Ela diz que é atleticana mas não sabia nem quem era Denis Marques ou Bolinha. Comprei os ingressos, obriguei-a a faltar a aula (que feio) e fomos. Meu maior receio era que o tabu fosse mantido e o Furacão me decepcionasse mais uma vez. Ela, bem humorada como sempre, disse que era pra eu fingir que era ela quem estava me levando. Não preciso dizer que ela ficou maravilhada com a beleza do nosso estádio. Começa o jogo, 1 a zero pra nós! Pensei, o tabu já era! E despensei e pensei de novo mais quatro vezes… mas no final das contas, vibrei junto com a Leidy seis vezes emocionadamente, com a certeza de ter assistido a um dos mais fantásticos jogos do Furacão, e com um alívio: Tabu quebrado! O melhor foi quando cheguei em casa e ouvi do meu irmão: “viu o show do nosso time?”
Bom, se eu consegui converter o Dudu, numa época que jogávamos no Pinheirão, nem sonhávamos com títulos nacionais e menos ainda internacionais, hoje, com tudo isso e mais a Arena e a grandeza adquirida após o mais bem sucedido planejamento e execução de um projeto em um clube brasileiro, fica muito mais fácil! Hoje, o próprio Atlético Paranaense tem o poder de arrebatar seus fiéis. Cabe a nós dar aquela “forcinha”. E viva o atleticanismo!