1 dez 2006 - 15h33

Para jornalista, Arena é um "choque de modernidade"

Mauricio Noriega é um dos principais expoentes da nova geração de jornalistas esportivos do país. Aos 39 anos, ele ocupa um dos postos de comentarista do canal Sportv, da Rede Globo. Sua carreira registra passagens pelo Diário Lance!, Gazeta Esportiva, Folha da Tarde e Diário Popular. Foi também comentarista da Rádio Bandeirantes e editor-chefe do extinto site SportsJá. Em 2005, ele foi eleito o melhor comentarista esportivo de televisão em São Paulo pela Aceesp.

Recentemente, Noriega esteve em Curitiba para comentar a partida entre Atlético e Pachuca, pela semifinal da Copa Nissan Sul-Americana. As impressões do jornalista foram registradas em seu blog. Confira:

A Arena do futuro
por Mauricio Noriega

Estive em Curitiba na quarta-feira, para comentar, ao lado de Alex Escobar, com narração de Luiz Carlos Jr. e reportagens de Marcos Peres e Janaína Xavier, a semifinal da Copa Sul-americana. O Atlético Paranaense perdeu para o Pachuca mexicano por 1 a 0. Mas para quem vive o caos urbano que é São Paulo, uma breve passagem pela acolhedora, civilizada e limpa Curitiba é mergulhar num oásis de urbanismo.

Em 1996 fui a Curitiba cobrir um jogo da Seleção Brasileira pela Gazeta Esportiva. Eram os últimos dias do velho estádio Joaquim Américo, que começava a ser derrubado para dar lugar à Arena da Baixada. Também fui conhecer um hotel-fazenda que o Atlético acabara de comprar e que hoje é o espetacular CT do Caju. Àquela época, quando a Internet ainda era embrionária no Brasil, o Atlético me deu um CD-ROM com a história do clube e o projeto do que viria a ser o mais moderno estádio brasileiro.

Eu já tinha visitado a Arena, mas nunca havia trabalhado no estádio até esta quarta-feira. É um choque de modernidade e cultura para quem está acostumado com os ultrapassados e decadentes estádios brasileiros. A inclinação das arquibancadas lembra muito a Bombonera e confere ao estádio uma aura de caldeirão. As instalações são novas, limpas, muito bem cuidadas. Cabines com banheiro e bom espaço, praça de alimentação, orientações claras.

Tudo isso resulta numa mudança de perfil do torcedor que vai ver o Atlético. Certamente, a frequência no Joaquim Américo era mais popular (o Atlético é o time de massa em Curitiba). Agora é um público mais classe média, familiar, que consome e festeja o conforto que o estádio oferece consumindo produtos que voltarão em receita para o clube.

A Arena é a maior contratação do Atlético nos últimos anos. Faz parte do projeto de transmormar o time num grande do futebol sul-americano, mas não apenas por uma ou duas temporadas. O objetivo é firmar o Furacão como força da natureza do nosso futebol.

O estádio gera receita, o CT idem. Para completar, o Atlético tem uma bem montada rede de escolinhas pelo Brasil, além de algumas também na China.

Chega-se à Arena para trabalhar e o departamento de marketing do clube mostra ao que veio. Revistas bilíngues, camisas, brindes, tudo que possa vender a imagem do Atlético ao visitante.

Claro que o rubro-negro paranaense ainda não é uma força de grande popularidade no Brasil, mas as fundações deste edifício foram bem plantadas. Claro que há críticas, denúncias e contratempos pelo caminho. A aura profissional ainda tem um ranço de amadorismo.

Ao deixar a Arena, algumas perguntas martelavam em minha cabeça:

a) o que seria de Flamengo e Corinthians se tivessem um estádio como a Arena da Baixada?
b) por que clubes como Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro e Cruzeiro, por exemplo, não conseguem construir um estádio como a Arena?
c) numa primeira etapa de seu projeto, o Atlético conseguiu um título brasileiro e um vice da Libertadores. O que virá nas outras etapas?



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