Atlético e São Paulo: semelhanças e diferenças
Sei que muitos atleticanos vão odiar o que eu tenho a dizer, mas o São Paulo é um exemplo a ser seguido. Sobretudo, um exemplo de posicionamento como instituição e de competitividade como equipe. Pois vejam: mais um ano que termina e, enquanto as notícias relacionadas ao Atlético especulam sobre a venda de nossos poucos destaques, as notícias relacionadas ao São Paulo especulam sobre os reforços que devem chegar, alguns deles, curiosamente, do próprio Atlético. Vejam que um clube que acabou de ser tetracampeão brasileiro, e no ano passado tricampeão mundial e da Libertadores, já projeta o ano de 2007 com reforços e aquisições, fazendo de maneira equilibrada a troca de seu elenco, pois negocia com poder e autoridade a compra e a venda de jogadores. O Atlético não possui a verba do São Paulo, eu sei disso. Mas, sobretudo nesta época do ano, quando a bola não rola, o Atlético transmite a seu torcedor uma sensação de pequenez, de regionalidade, fronteira a qual já ultrapassamos há algum tempo. Parece que a palavra “reforço” tem significados diferentes em São Paulo e no Paraná, mas não, o dicionário Aurélio é o mesmo no Brasil inteiro, e é ainda por cima editado em Curitiba.
O São Paulo tem um projeto ambicioso para ser cumprido em 2020: ter a maior torcida do Brasil, ultrapassando Flamengo e Corinthians. Eu não duvido disso, pois a filosofia lá é ganhar um título nacional ou internacional a cada temporada, ou ao menos planejar esta conquista; ou seja, o clube paulista tem o foco no resultado dentro de campo, pois este alavanca a instituição, que alavanca poder e mídia, que atraem torcedores e patrocinadores, o que fecha o círculo com dinheiro e possibilidade de elencos fortes. Claro que lá também não é um mar-de-rosas: se a estrutura do CT do São Paulo é comparável à do CT do Caju, o clube paulista perde feio no quesito estádio, pois o Morumbi é antigo, desconfortável, tem um projeto ultrapassado, enquanto a Kyocera Arena consolida-se como o melhor estádio do Brasil, palco onde o tricolor paulista nunca venceu na vida.
Longe de mim querer julgar dirigentes e gestores dos clubes, pois acho que eles até são semelhantes quanto ao profissionalismo e ao comprometimento, só acho que o Atlético ainda não projetou, como o São Paulo, um círculo tão virtuoso de conquistas e poder. O dia que estivermos nesta roda – espero que seja logo – não tenho dúvidas que a rivalidade entre São Paulo e Atlético tornar-se-á cada vez mais acirrada. Uma rivalidade sadia, para o bem do futebol.