23 dez 2006 - 1h15

Cinco anos depois

O que você estava fazendo nesta data há exatamente cinco anos? A lembrança pode não ser tão rápida, mas certamente foi um dos dias mais felizes de sua vida. Em 23 de dezembro de 2001, o Clube Atlético Paranaense conquistou o principal título de sua história. Em um dia como hoje, há cinco anos, o Rubro-Negro jogou a final do Campeonato Brasileiro contra a Associação Desportiva São Caetano. Eram cerca de cinco e meia da tarde quando, em um rápido contra-ataque, Fabiano chutou cruzado e o iluminado Alex Mineiro surgiu para fazer o gol e levar à loucura os milhares de fanáticos atleticanos que tomaram conta do Anaclerto Campanella, em São Caetano do Sul.

Meia hora depois, o Brasil era rubro-negro. O guerreiro Gustavo escalou os alambrados para comemorar com a torcida. O capitão Nem ergueu a taça de campeão, almejada durante tantos anos. O visionário Petraglia agitou uma bandeira atleticana, feliz tal qual os demais um milhão de atleticanos. Muitos jogadores vestiram gorros de Papai Noel para celebrar a conquista em tempo natalino. Aliás, o Natal de cinco anos foi especial para a nação atleticana. A felicidade derivada do espírito religioso e de confraternização com familiares e amigos foi elevada a um ponto jamais atingido.

Parece que foi ontem, mas já faz cinco anos. As lembranças estão tão vivas na nossa memória que talvez não tenhamos nos dado conta de como o tempo passou. De lá para cá, já transcorreram quase dois mil dias. O Atlético fez mais de trezentos jogos depois daquela histórica final em São Caetano. Vitórias, derrotas, títulos, fracassos. Muita coisa mudou.

Para celebrar a conquista, a Furacao.com propõe ao torcedor atleticano que faça uma retrospectiva de sua vida e de sua relação com o Atlético desde o título brasileiro de 2001. O colunista Ricardo Campelo escreveu um artigo sobre o tema:

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Se você deseja compartilhar sua opinião, faça como ele: envie um texto para o Fala, Atleticano. Vale a pena fazer um balanço do que melhorou, do que piorou e planejar como serão os próximos anos. Para dar o impulso, mostramos o que mudou na vida dos heróis atleticanos de 2001. Boa leitura!

Os heróis da conquista

Flávio: o goleiro campeão brasileiro deixou o Atlético no final de 2002, ano seguinte à conquista do título. Teve uma curtíssima passagem pelo Vasco, mas retornou a Curitiba para defender o Paraná Clube. As lembranças pela sua brilhante passagem pelo Atlético ficarão para sempre, mas a condição de ídolo foi arranhada pela postura escolhida ao defender um adversário na mesma cidade.

Alessandro: nunca mais atingiu o mesmo nível de seu tempo no Atlético. Foi para o Atlético Mineiro em 2004 e para o São Caetano no ano seguinte. Nesta temporada, foi reserva de Anderson Lima no Azulão, o adversário daquela final de 2001.

Gustavo: o herói do título paranaense de 2000 deixou o Atlético em 2003. Teve uma passagem terrível pelo Palmeiras, mas foi acolhido pelo São Caetano, tão conhecido dos atleticanos. Recuperou seu bom futebol e foi contratado pelo Corinthians há poucos dias.

Nem: o capitão do time campeão ficou pouco tempo no Atlético. Foi levado por Geninho para o Atlético Mineiro, mas não se firmou. Em 2004, foi contratado pelo Sporting Braga e está no futebol português desde então, com certo destaque.

Rogério Corrêa: um dos jogadores que mais tempo permaneceram no Furacão depois da conquista do título. Foi emprestado ao Shimizu S-Pulse e ao Goiás, clube pelo qual jogou no último ano e meio. Em 2007, voltará a vestir a camisa rubro-negra, agora mais experiente.

Fabiano: era uma grande aposta, mas também enfrentou dificuldades depois que deixou o Atlético, em 2002. Defendeu o São Paulo e o Palmeiras, mas foi hostilizado por ambas as torcidas. Andou no Perugia, da Itália e no Fenerbahçe, da Turquia. Em 2006, esteve no CT do Caju para recuperar-se de uma lesão e foi cogitado para reforçar o time. Acabou indo para o Arezzo e foi tão bem que arrumou um contrato com o tradicional Genoa para a próxima temporada.

Cocito: ficou conhecido nacionalmente naquele ano por seu estilo de jogo viril. Indicado por Geninho, jogou pelo Corinthians em 2003. No ano seguinte, foi rebaixado com o Grêmio. Voltou ao Atlético em 2005 e ajudou o time a chegar ao vice-campeonato da Libertadores. Depois, foi negociado com o Tenerife, da segunda divisão espanhola. Seu último clube foi o Murcia, com o qual rescindiu contrato há um mês.

Kleberson: tornou-se a principal estrela daquele grupo. Ainda representando o Atlético, foi pentacampeão mundial em 2002 pela Seleção Brasileira. Foi contratado pelo Manchester United em julho de 2003. Dois anos depois, acabou indo parar na Turquia. Recuperou sua boa forma defendendo o Besiktas.

Souza: deixou o Atlético logo após a conquista do título. Passou pelo Atlético Mineiro, Kryliya Sovetov, da Rússia, e Flamengo. Após recusar uma série de propostas, aceitou jogar a temporada de 2006 pelo time que o revelou, o América de Natal. Ajudou a equipe a subir de divisão e foi eleito um dos melhores jogadores da Série A. Foi indicado por Geninho para reforçar o Goiás no ano que vem.

Adriano: o Gabiru disputou posição com Souza na reta final do Brasileirão e teve participação decisiva na conquista do título. Foi negociado em julho de 2004 com o Cruzeiro, teve uma passagem relâmpago pelo Atlético no início de 2006 e seguiu para o Inter. Há poucos dias, marcou o gol da conquista do Mundial de Clubes da FIFA pelo colorado contra o Barcelona.

Kléber: o maior artilheiro da história da Arena foi também uma das principais negociações do Atlético. Contratado pelo Tigres em 2002, está jogando no futebol mexicano desde então. Depois de passagens pelo Veracruz e América, hoje defende o Necaxa. Já marcou mais de 60 gols no México.

Alex Mineiro: o maior herói do título de 2001 ainda está vinculado ao Atlético. Seguiu junto com Kléber para o Tigres, mas por empréstimo. Voltou ao Furacão em 2003, colaborando com a recuperação do time no Campeonato Brasileiro. Teve uma passagem pelo Atlético Mineiro e jogou os últimos dois anos no Kashima Antlers. Deseja sair do Japão, mas ainda não decidiu onde jogará no próximo ano.

Geninho: desde que deixou o clube, em maio de 2002, a torcida costuma cantar "ah, que bom seria se o Geninho voltasse algum dia". O sonho ainda não se concretizou. Nos últimos cinco anos, Geninho dirigiu Atlético Mineiro, Corinthians, Vasco da Gama, Al Ahli, Goiás, novamente o Corinthians e voltou para o Goiás em agosto último.

Os reservas

Emerson: o último clube do goleiro foi o Vilavelhense, do Espírito Santo. Está sem contrato.
André Luís: não disputou nenhuma partida, mas foi o goleiro reserva da final. Jogou por vários anos no Ituano e foi emprestado ao Sertãozinho, clube pelo qual disputará o Paulistão 2007.
Rogério Souza: o lateral-direita que veio do Goiânia perambulou por clubes como Brasiliense e Botafogo. Jogou este ano no Marília, mas foi dispensado ao final da temporada.
Igor: continua vinculado ao Atlético. Nos últimos anos, foi emprestado ao Fluminense e ao Juventude. Há poucos dias, foi contratado pelo Botafogo.
Daniel: o zagueiro revelado pelas categorias de base jogou no México e na China, mas recentemente retornou ao futebol paranaense e atuou no Galo Maringá e no Londrina. Foi indicado por Lio Evaristo para jogar no Roma Apucarana.
Altair: também revelado no CT do Caju, o zagueiro jogou no Vasco, Portuguesa e Santos, mas sem muito destaque. Em 2006, atuou no futebol sul-coreano. O Sport cogita a sua contratação para 2007.
Rodrigão: chegou a ter passagens pela Ferroviária e Paysandu, mas encerrou precocemente a carreira em razão de uma lesão.
Ivan: um dos poucos que permaneceram no Atlético por bastante tempo. Em 2005, foi emprestado ao Shakhtar Donetsk, mas voltou ao Furacão no início desta temporada. Ainda tem contrato com o Rubro-Negro, mas pode ser negociado.
Erandir: o volante foi para o Fortaleza ainda no meio da campanha de 2001 e passou quatro anos no clube que o revelou. Foi recontratado pelo Atlético em 2006 e começou a escrever uma nova história com a camisa rubro-negra.
Pires: jogou no Figueirense, mas seu nome surgiu na mídia em função de um problema cardíaco que o afastou dos gramados por um tempo. Nesta temporada, defendeu o Maranhão. Agora, está sem clube.
Leonardo Oliveira: volante contratado do União São João durante a disputa do Brasileirão 2001. Jogou no Atlético Mineiro algum tempo depois, mas a Furacao.com não conseguiu localizar seu atual paradeiro.
Bruno Reis: o volante revelado pelo Fluminense saiu do Atlético e jogou no Maccabi Tel-Aviv, de Israel e Acadêmica de Coimbra, de Portugal. Há poucos dias, foi contratado pela Federação Goiana em uma promoção para reforçar os times que disputam o Campeonato Estadual.
Douglas Silva: depois de deixar o Atlético, o volante rodou por uma série de clubes. Esteve no Grêmio, Flamengo e Sport. Em 2006, jogou no América-MG, Brasiliense e Gama. Atualmente está sem clube, mas negocia com o América-RJ.
Rodriguinho: era uma grande aposta, mas que nunca se confirmou. Nos últimos cinco anos, envolveu-se em episódios de indisciplina, dispensas e empréstimos. Jogou no Botafogo, Portuguesa, Bahia e Sport. Está sem clube.
Geraldo: o meia jogou muito pouco no Brasileiro de 2001 e deixou o Atlético logo em seguida. Passou pelo Sport, pelo futebol saudita e retornou ao time pernambucano neste ano. Contudo, não repetiu as mesmas atuações e acabou dispensado durante a Série B.
Adauto: o atacante teve participação importante em alguns jogos de 2001, mas brilhou mesmo no início de 2002. Depois, foi negociado com o Slavia Praga e jogou na República Tcheca a maior parte dos últimos cinco anos. Retornou em 2006 para o Brasil, mas teve uma passagem frustrada pela Ponte Preta. Treina para manter a forma no Central Español, do Uruguai, à espera de uma negociação.
Dagoberto: curiosamente, o único atleta do elenco de 2001 que permanece até hoje no Atlético. Depois de jogos brilhantes e convocações para a Seleção Brasileira de base, tornou-se centro de confusões e envolveu-se em um litígio judicial com o clube. Seguramente não atuará pelo Furacão em 2007.
Ilan: marcou o primeiro gol do primeiro jogo da final contra o São Caetano e jogou no Atlético até 2004, quando foi negociado com o Sochaux. Foi bem na França e neste ano foi adquirido de modo definitivo pelo tradicional Saint-Etienne. Atualmente, é um dos vice-artilheiros do Campeonato Francês, com 7 gols.
Mário Sérgio: foi o primeiro técnico do Atlético na campanha de 2001. No ano seguinte, foi contratado pelo São Caetano. Passou pelo Atlético Mineiro, retornou ao Atlético em 2003/2004 e esteve também no Grêmio, mas como diretor de futebol. No início de 2006, voltou a exercer a função de comentarista na Band, mas se encrencou com Dunga e pediu demissão.



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