Dossiê 2006: Os laterais atleticanos
As laterais vêm se constituindo em um problema crônico para o Atlético ao longo dos últimos anos. Desde 1995, o time teve poucos atletas que se firmaram como titulares e ídolos da torcida jogando nestas posições. Alberto destacou-se tanto em 1996 a ponto de ter recebido a Bola de Prata da Placar. Depois, Alessandro honrou a camisa 2 e chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira. Do outro lado do gramado, marcaram época Fabiano, campeão brasileiro em 2001, e Marcão, vice do Brasileiro em 2004 e da Libertadores em 2005.
Por conta da intensa rotatividade de atletas nestas posições nos últimos anos, a temporada de 2006 iniciou de forma auspiciosa. Pela direita, Jancarlos teria a oportunidade de confirmar a boa temporada do ano anterior; pela esquerda, o Rubro-Negro contaria com Michel Bastos, que havia sido eleito o melhor lateral-esquerda do Brasileirão 2005 pelo Figueirense. Ivan, de retorno da Ucrânia, seria o reserva imediato. Para a lateral-direita, ainda faltava um reserva de qualidade.
Porém, nem tudo saiu como planejado. Michel Bastos apresentou problemas disciplinares e acabou sendo negociado no meio da temporada com o Lille, da França. Jancarlos atravessou momentos de altos e baixos, com atuações impecáveis e outras sofríveis. No final do ano, enfrentou a boa concorrência de Evanílson, cuja experiência foi importante nas partidas do Campeonato Brasileiro.
Atualmente, o Atlético tem oito laterais em seu elenco profissional: Carlos Alberto, Evanílson e Jancarlos, pela direita, e Beto, Ivan, Michel, Moreno e Stanley, pela esquerda. Durante a temporada, o clube também contou com Benetoli e Ney Santos, que não jogaram nenhuma partida oficial, e com Michel Bastos, negociado com o Lille. De todos eles, quem mais jogou foi Jancarlos, presente em 48 dos 65 jogos da temporada 26 no Brasileiro, sete na Sul-Americana, 12 no Paranaense e três na Copa do Brasil.
Se Jancarlos foi soberano na lateral-direita, na esquerda a situação foi bem diferente. Michel encerrou o ano como dono da posição, mas durante ao longo da temporada houve um revezamento entre Michel Bastos, Ivan e Moreno. Nenhum deles agradou em cheio a ponto de fazer a torcida esquecer do capitão Marcão, emprestado ao Kawasaki Frontale, do Japão.
BENETOLI:
Benetoli foi contratado pelo Atlético depois de uma frustrada passagem pelo Goiás. Sua contratação não chegou sequer a ser informada de forma oficial pelo clube. Ele permaneceu treinando no CT do Caju e participou apenas de jogos amistosos. Como havia assinado um contrato de curta duração, já foi liberado – sem nem mesmo ter feito um jogo oficial.
BETO:
Beto foi emprestado ao Paulista, de Jundiaí, no início da temporada. Começou mal o ano, mas depois fez bons jogos contra o Palmeiras e o River Plate. Contudo, foi atrapalhado por uma grave lesão, que o afastou dos gramados por vários meses. Voltou ao Atlético, onde se recuperou clinicamente. Em 2006, só atuou pelo Atlético em partidas válidas pela Copa dos 100 Anos.
CARLOS ALBERTO:
Carlos Alberto foi contratado para ser o reserva imediato de Jancarlos, depois de ter se destacado pelo Itabuna, no Campeonato Baiano. Teve poucas oportunidades e participou de apenas três jogos no Brasileirão: contra Santos, Juventude e Vasco. Sob o comando de Vadão, não jogou sequer uma partida. Tem contrato com o Furacão até 2009, mas foi emprestado ao Bahia para a próxima temporada.
EVANÍLSON:
Evanílson foi uma das principais contratações do Atlético durante o ano de 2006. Chegou ao clube no segundo semestre, razão pela qual não pôde ser inscrito na Copa Sul-Americana. Iniciou sua passagem pelo Rubro-Negro de modo tímido, atuando em partidas da Copa dos 100 Anos. Disputou sete partidas pelo Campeonato Brasileiro, sendo pelo menos duas de maneira memorável: contra o Paraná Clube e o Vasco da Gama, na Kyocera Arena. Marcou gols em ambas e foi um dos destaques do time. Vadão pretende a renovação de seu contrato, mas a negociação não é fácil.
JANCARLOS:
Jancarlos foi o lateral que mais vezes jogou pelo Atlético em 2006. Foram 48 partidas, com cinco gols marcados. Certamente, seu melhor momento foi o jogo contra o River Plate, na Kyocera Arena. Fez os dois gols atleticanos em belíssimas cobranças de falta e ajudou o Furacão a se classificar para as quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Porém, teve atuações muito ruins, demonstrando mau preparo físico e desinteresse. Além disso, foi o jogador mais indisciplinado do elenco; levou 16 cartões amarelos e foi expulso quatro vezes. Sua permanência no Atlético em 2007 é incerta. O Grêmio tem interesse em sua contratação.
IVAN:
Ivan começou o ano como reserva de Michel Bastos, mas ganhou a posição com a saída do então titular para o futebol francês. Não conseguiu repetir as boas atuações de 2004, que convenceram o Shakhtar a levá-lo por empréstimo para uma temporada na Ucrânia. Depois de uma seqüência de más atuações, foi sacado do time, para alívio da torcida. Disputou 15 jogos e recebeu três cartões amarelos.
MICHEL:
Michel foi uma grata surpresa em 2006. Ele estava há duas temporadas na Bélgica e poucos lembravam desse lateral-esquerda surgido no Atlético Mineiro e com passagens pela Seleção Brasileira Sub-23. Logo que chegou, teve atuações consistentes e se firmou como o dono da posição. Mas depois de algum tempo, a torcida passou a duvidar se a boa impressão derivou da qualidade técnica do jogador ou da comparação com Ivan, seu competidor imediato. Mesmo assim, foi o lateral-esquerda que mais vezes jogou, com 26 partidas, sete cartões amarelos, um vermelho e dois gols. Destaque negativo para a conduta disciplinar nos jogos contra o Corinthians, na Arena e o River Plate, na Argentina.
MICHEL BASTOS:
Michel Bastos poderia ter sido um grande lateral-esquerda do Atlético. Porém, a conduta extracampo acabou minando as chances deste talentoso futebolista. É bem verdade que em 14 partidas disputadas (dois gols marcados) ele ainda não havia conseguido repetir as boas atuações do ano anterior, com o Figueirense. Mas mesmo assim havia a perspectiva de que seu futebol fosse crescendo ao longo da temporada. Deixou o Atlético antes do meio do ano, negociado com o Lille, da França.
MORENO:
Moreno foi a terceira opção atleticana para a lateral-esquerda. Teve oportunidades quando os principais jogadores não tiveram condições de atuar. Por isso, disputou treze partidas, tendo recebido um cartão amarelo. Dificilmente permanecerá no Atlético para a próxima temporada.
NEY SANTOS:
Ney Santos chegou sem chamar atenção e saiu de modo ainda mais obscuro. Realizou a pré-temporada no CT do Caju, mas em fevereiro foi emprestado ao Sport. Foi muito mal e acabou indo parar no Coritiba.
STANLEY:
Stanley é apontado como uma das maiores promessas já surgidas no PSTC. Resta saber se isso irá se confirmar na categoria profissional. Em 2006, só teve chances atuando na Copa dos 100 Anos. Seu melhor momento foi no clássico Atletiba, quando marcou um lindo gol e ajudou o Furacão a vencer de goleada. Está cotado para ser emprestado a outro clube em 2007.