28 dez 2006 - 10h43

Dossiê 2006: Os atacantes do Furacão

"Lá na frente Cléo e Neto Baiano formam a dupla de ataque". Assim poderia ser terminada a escalação do Atlético por qualquer locutor de rádio em 2006. Com um elenco saturado de atacantes de qualidade suspeita, o torcedor teve de esperar até o segundo semestre para saber quais seriam os matadores do Furacão. Marcos Aurélio e Denis Marques só foram lançados por Vadão quando as opções, apesar de excessivas, não agradaram a comissão técnica.

Problemas extra-campo, como a pendência judicial de Dagoberto e a descoberta de uma hepatite C em Rodrigão, também causaram certo incômodo no CT do Caju. Até mesmo Givanildo Oliveira pediu o boné quando soube que Dago seria reintegrado ao elenco. "Aqui eu não fico mais. Ou ele ou eu", chegou a declarar o então treinador. Eternas promessas, como Selmir e Ricardinho "Rei do Drible", também foram testadas. O resultado é de conhecimento público.

Passando por experiências exóticas, como o colombiano Herrera, e Caetano, o único jogador da posição que não atuou nenhuma partida em 2006, a Furacao.com faz uma análise geral dos atacantes neste ano que passou. Da letra C ao W, treze atletas estão na relação.

CAETANO
Uma lesão em 2005 deixou o atleta fora dos gramados por um bom tempo. Chegou a se recuperar no começo do ano mas não foi relacionado por nenhum treinador que passou pelo clube em 2006. Em junho foi emprestado ao Avaí, onde não agradou.

CLÉO
A descoberta de Borba Filho no período da Libertadores de 2005 tinha tudo para estourar. Com atuações bizarras, não foi aproveitado no Brasileiro pelo técnico Vadão e sequer atuou pelo time B. Dos sete jogos que disputou no começo do ano pelo Estadual e Copa do Brasil, a única coisa que ganhou foi um amarelo. Em setembro foi para o Olivais e Moscavide.

DAGOBERTO
O garoto-enxaqueca da Baixada foi outro que jogou 2006 no lixo. Perdeu mais um ano da sua já não curta carreira. Entre brigas com a diretoria, ações na justiça, advogados, liminares, teve tempo de atuar algumas vezes. Nas sete partidas pelo Paranaense, seis do Brasileiro e uma na Sul-Americana, fez cinco gols, recebeu quatro amarelos e um vermelho. No fim de novembro, o assessor da presidência Antônio Carletto Sobrinho afirmou: "Esse rapaz não joga mais no Atlético". Ponto final para Dagoberto.

DENIS MARQUES
O atacante que mais vestiu a camisa do Atlético neste ano com 52 apresentações, Denis Marques teve momentos de brilho no mês de outubro. Um passe de letra e um gol antológico contra o Paraná Clube serviram para a torcida esquecer do péssimo 2005 e de um irregular começo de 2006 do jogador. A fama de desligado, no entanto, voltou a rondar a cabeça de Denis no fim do Brasileiro e na fase decisiva da Sul-Americana. Especulado para atuar no Palmeiras na próxima temporada, o atacante deve permanecer no elenco em 2007. Denis fez 14 gols, recebeu sete amarelos e não levou nenhum vermelho.

HERRERA
Um pênalti perdido quando a oportunidade foi dada. Um gol quando ninguém esperava. E só. Herrera chegou ao clube com a fama de atuar na Seleção Colombiana ao lado de Ferreira. O que mais fez no Atlético foi despertar o sentimento de raiva. Apesar de atuar 15 vezes no Brasileiro e uma na Copa dos 100 Anos, não conseguiu se firmar e teve o contrato encerrado no dia 5 de dezembro, quando acertou a transferência para o Deportivo Cali.

MARCOS AURÉLIO
O jogador com maior destaque no segundo semestre em 2006 foi capaz de fazer a torcida esquecer Dagoberto. Herói do jogo na Argentina contra o River Plate, foi um dos nomes principais na inesquecível partida contra o Vasco da Gama, na Kyocera Arena. Mesmo não tendo uma exemplar habilidade nos pés, sabe se posicionar bem e chegou a marcar até de cabeça. Pecou em alguns momentos no preparo físico, mas quando saía do gramado era aplaudido pelos torcedores. Ao lado de Denis Marques, terminou o ano na artilharia com 14 gols. Recebeu quatro advertências amarelas e nenhuma vermelha.

NETO BAIANO
Entrou na fogueira no pior momento do Atlético no Campeonato Brasileiro. Atuou contra Fortaleza e Paraná. Em setembro foi parar no Palmeiras, onde acabou marcando um gol justamente contra o rubro-negro.

PAULO RINK
De 1996 o que sobrou dez anos depois foi a vontade. Passes errados, discussões e um único gol anotado nos 18 jogos de atuação, Paulo Rink leva na bagagem para o ano que vem o carinho da torcida. Ele fica no clube na próxima temporada.

PEDRO OLDONI
Sim. O Atlético teve por algumas rodadas o artilheiro do Campeonato Brasileiro. Pedro Oldoni sentiu esse gostinho depois da goleada contra o Botafogo, no Maracanã. Afastado do grupo por causa de uma briga da diretoria com a Massa Sports (a mesma empresa que agencia Dagoberto), o jogador só foi recuperar o tempo perdido já no fim da competição nacional. Também atuou com precisão na Sul-Americana e foi um dos heróis rubro-negros no Uruguai. Dos 23 jogos, fez 12 gols e não recebeu nenhum amarelo ou vermelho.

RICARDINHO (REI DO DRIBLE)
Tinha se esquecido dele, né? Não tem problema. A Furacao.com relembra o projeto de craque que desembarcou na Baixada. Uma das únicas alegrias que Ricardinho deu ao torcedor foi a vitória contra o Galo Maringá, em fevereiro, na estréia de Lothar Matthäus. Dos seis jogos, marcou duas vezes. Em maio foi parar na Ponte Preta e logo depois acertou com o Marília, onde jogou a Série B do Campeonato Brasileiro, mesma divisão do Coritiba.

Rodrigão: hepatite o afastou dos gramados por quase toda a temporada [foto: PR PRESS/Giuliano Gomes]


RODRIGÃO
Rodrigão amarelou em 2006. Não por querer. O atacante contraiu hepatite C, uma das doenças mais perigosas que atacam o fígado. A descoberta foi um balde de água gelada na carreira do jogador, que chegou ao clube com status de artilheiro. Antes do tratamento começar, em abril, Rodrigão jogou nove vezes e marcou três gols. É o único atleta a não receber férias e está aprimorando a forma no CT do Caju. Como recompensa aos funcionários do Atlético, o jogador distribuiu diversas cestas de Natal àqueles que o acolheram. É presença garantida no clube em 2007.

SELMIR
Por onde anda o Selmir? De março em diante a pergunta fica difícil de responder, mas em janeiro e fevereiro ele pode ser visto com a camisa nove do Atlético na Kyocera Arena ou nos campos do interior do Paraná. Qualidade mais do que discutível, o atacante fez apenas um gol nas sete partidas em que atuou. Agora está do outro lado do mundo, numa terra onde se comem cachorros, no Incheon United, da Coréia do Sul.

WILLIAN
Willian com "n" no fim, atacante. Não o William com "m", meio-campo. Dos onze jogos que vestiu a camisa do Atlético, não conseguiu marcar território. Escalado para atuar no time B, também não fez muita coisa: apenas dois gols na temporada.



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