7 jan 2007 - 0h46

Artilheiro com a cara do Atlético

Além de um grande torcedor atleticano, uma promessa para o ataque vermelho e preto. Destaque das categorias de formação do Furacão, o atacante Eduardo Salles é torcedor do Rubro-Negro desde que se conhece como gente. O jovem Eduardo Faria Machado de Salles Filho, de 16 anos, começou a jogar futebol não nos gramados, mas nas quadras de futsal. Em Ponta Grossa, o pequeno craque marcou seus primeiros gols e, em um Campeonato pelo Colégio Marista, balançou a rede nada menos do que 84 vezes. Mas até chegar ao time do coração, Salles percorreu um longo caminho. O primeiro clube que defendeu fora das quadras foi o Malutrom, em 1997. Logo depois, passou pelos rivais, Coritiba e Paraná. Porém, como não conseguia esconder sua paixão e vontade de atuar no Furacão, logo foi descoberto pelo ex-coordenador das categorias de formação do clube, Vinicius Eutrópio.

Desde 2004, ano em que passou a jogar pelo Atlético, o atacante vem colecionando títulos e marcando muitos gols. Pela categoria infantil, conquistou a Copa Nossa Senhora da Graças e a 3ª Copa Brasil, em 2004, e o Campeonato Metropolitano do 1º Semestre e o Torneio Brasileirinho, em 2005. No ano passado, sagrou-se campeão e também artilheiro do Campeonato Metropolitano juvenil.

No final de 2006, recebeu a notícia de que iniciaria esta temporada na categoria júnior, a última etapa antes da carreira profissional. O jovem atacante integra a equipe que buscará o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, algo inédito na história do Atlético. A estréia será neste domingo, contra o Mirassol e Eduardo Salles foi inscrito com a camisa 11, uma responsabilidade a mais para um garoto de apenas 16 anos, que enfrentará adversários até três anos mais velho. Em entrevista exclusiva à Furacao.com, o atacante contou um pouco sobre sua breve carreira, o sonho de ser convocado para a Seleção Brasileira Sub-17, a preparação da equipe para a Copa São Paulo, e o sonho de jogar na Kyocera Arena vestindo a camisa do time principal do Atlético.

Como você começou a jogar futebol?
Comecei a jogar futsal com seis anos, lá em Ponta Grossa, no colégio em que eu estudava. Depois, em 97, quando já morava em Curitiba, comecei a jogar futebol de campo no Malutrom e ainda jogava salão no Colégio Marista. O último campeonato que disputei no futsal aconteceu no Clube Curitibano. Participaram do torneio as equipes B dos times da capital. Em 2002, passei a me dedicar mais ao futebol de campo. Antes de chegar ao Atlético, joguei cerca de um ano no Coritiba e oito meses no Paraná, mas desde pequeno sempre fui atleticano.

Quem te levou para o Atlético?
Na época, o coordenador das categorias de base do Atlético, Vinicius Eutrópio, me viu jogando pelo Paraná. Conversou com meu avô e com o meu pai e me chamou para jogar o Campeonato Nossa Senhora das Graças pelo Furacão.

No infantil e no juvenil você se destacou por marcar vários gols. De quais campeonatos você já foi artilheiro?
Pelo infantil, fui artilheiro do Metropolitano do primeiro semestre de 2005, e do Torneio Brasileirinho, em Cascavel. Em 2006, fui artilheiro do time no Paranaense Juvenil, mas me machuquei e perdi vários jogos. E no Campeonato Metropolitano fui artilheiro com 25 gols.

Apoio da família é um dos incentivos de Eduardo [foto: FURACAO.COM/Nadja Mauad]


Apesar de ainda ter idade de juvenil, você foi convocado a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Você já esperava a convocação?
De certa forma eu já estava esperando. Eu venho me destacando, a idade diminuiu (a partir desde ano a Copa SP é sub-19), e dentro do CT mesmo eu já ouvi comentários sobre o meu nome. Então eu meio que esperava, mas continuei treinando do mesmo jeito.

Você acredita que pode ganhar uma vaga no time titular?
Acredito sim. Apesar de o Atlético ter seis bons atacantes, eu acho que posso ganhar uma chance. Como vim me destacando no Juvenil acho que o Leandro (Niehues, técnico dos juniores) vai me dar uma oportunidade. Eu vinha jogando bastante, tenho qualidade na hora de finalizar e é uma oportunidade boa de me colocar na vitrine.

O que você espera do time na Copa SP?
Eu tenho quase certeza que o time irá bem. O grupo tem uma qualidade física e técnica excelente. A torcida pode esperar uma boa campanha, com muita vontade, raça e gols.

O Atlético vai enfrentar o Flamengo de Guarulhos, Mirassol e São José do Rio Grande do Sul na primeira fase da Copa SP. Qual será o jogo mais difícil?
Desses três, quem tem mais tradição é o Mirassol. Geralmente os times do interior são times de bastante força e velocidade e podem complicar. Não vai ser que nem no juvenil, com jogos de placares elásticos, vão ser jogos apertados como 1 a 0 ou 2 a 1.

Quais são as principais diferenças no treinamento com o técnico Leandro Niehues?
A cobrança. Pelos jogos que eu vi do time júnior, ele cobra bastante, então não posso perder gols. Espero ter oportunidades, apesar de ele ter jeitão de bravo, ele é um cara gente boa, experiente e vencedor. Ele pode me ajudar muito a evoluir.

Quais os seus defeitos e suas virtudes dentro de campo?
Eu acho que preciso melhorar a parte física e a marcação. Não pelos treinamentos, porque me dedico bastante, mas pela alimentação. Se eu fico uns três ou quatro dias de folga eu já ganho alguns quilos. Então preciso controlar isso e para melhorar a marcação tenho que melhorar a parte física. As minhas características são força e finalização. Segundo o professor Oscar (Erichsen, assessor científico do Atlético), eu devo crescer até mais ou menos 1.93 m. Meu pai é bastante alto, tem quase 2 metros de altura. Eu ainda tenho 16 anos e estou com quase 1.80 m.

No ano passado você teve algumas contusões que te deixaram sem atuar por algumas semanas. Como foi enfrentar o departamento médico tão cedo?
Você perde totalmente o ritmo e até conquistar o lugar no time titular de novo é difícil. Com a troca de técnicos, então, o cara não te conhece, a competição já esta no meio, e é complicado ganhar a confiança do novo treinador. E quando a gente volta fica com um pouco de medo de botar o pé, de fazer um esforço maior. Mas não foi um drama tão grande porque foram contusões simples. Foi uma pancada no joelho e uma torção de tornozelo. Coisa séria assim eu nunca tive e espero nunca ter.

Como foi a reação da sua família quando você decidiu que quer ser jogador profissional?
A minha família sempre me apoiou, até pelo fato de o meu pai ter sido jogador de basquete. Foi ele quem mais me apoiou. A minha mãe também sempre fica na torcida quanto tem jogo. Meu pai sempre gravava os meus jogos no infantil e depois a gente assistia e ele me ajudava a corrigir erros que durante o jogo a gente não percebe.

Você assinou contrato profissional até 2009. Você espera continuar no Atlético?
Eu pretendo ficar no Atlético, mas a gente não sabe o futuro. Eu, como torcedor, espero continuar por muito tempo para poder jogar na Arena. Eu sei como é sofrer e comemorar junto com o time. É um sonho jogar na Arena, ouvir a galera gritar meu nome, mas também é uma responsabilidade. Quero continuar fazendo o meu trabalho, procurar evoluir mais a cada categoria, fazer mais gols e subir mais rápido para o profissional.

Teoricamente você ainda tem mais um ano como juvenil. Você fica no júnior ou desce para o juvenil neste ano?
Tudo depende dessa Taça São Paulo. Se eu for titular, provavelmente eu fique no júnior. Mas se precisarem de mim no juvenil eu vou descer com a mesma vontade e a mesma determinação, sem problema nenhum.

Atacante se inspira em Adriano e Kaká [foto: FURACAO.COM/Nadja Mauad]


Que jogadores da atualidade você admira?
O Adriano, da Inter de Milão, pela força, pelo estilo de jogo e por ser um atacante canhoto como eu. Mas tento pegar como exemplo o Kaká, por ser cristão – eu também sou evangélico – e como ele conquistou as coisas na vida com muito esforço, apesar de muita gente pensar que para ele foi fácil. Todo mundo pensa que a vida de jogador de futebol é fácil.

Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser de uma família de classe mais alta do que a maioria dos atletas?
Não, preconceito não. Mas os caras sempre brincavam e me chamavam de “piazão de prédio”, “playboyzinho”. Mas eu levava tudo na brincadeira. No fundo eles sabem que para mim também não é fácil, porque eu passo mais tempo no CT com eles do que com a minha família.

Com quem você tem mais amizade no CT?
Tem vários. Os que eu tenho mais afinidade são o Choco, o Lorran, Raul, Lauro, Neto e o Chico. Quando estou concentrado gosto de jogar Playstation 2, ganhar do Lorran na sinuca, assistir filmes e ver DVD’s de música.

Como você concilia o futebol com os estudos?
Eu estou fazendo supletivo a distância porque é muito corrido. Mais para frente pretendo fazer faculdade de Educação Física. Quando eu parar de jogar eu pretendo continuar no ramo do futebol.

Como foi a conquista do Campeonato Paranaense Juvenil, quando o Atlético entrou na última rodada dependendo de um tropeço do Paraná contra o Coritiba? Teve algum sentimento especial por saber que o título veio com quatro gols seus na última partida?
Sempre tem. É sempre bom marcar quatro gols em uma partida. Foi emocionante. A gente fez a nossa parte. Nós nunca imaginávamos que o Paraná fosse empatar, tanto é que naquele domingo nem teve clima de final, nem nada. A gente jogou fácil, jogamos para ganhar. Não menosprezando o adversário, mas jogamos bem e torcendo pelo outro resultado ajudar. Quando ficamos sabendo do empate comemoramos muito e depois fomos almoçar na Napolitana da Arena.

Qual o seu principal objetivo em 2007?
Conseguir uma convocação para a Seleção Sub-17. Estou treinando ao máximo para ir bem nessa Copa São Paulo e ser lembrado. Eu sempre sonhei em ir para a seleção. Vou tentar mostrar que eu mereço.

Como está o clima na preparação para a Copa SP?
O clima está alegre. A gente já se conhecia, éramos amigos, então a gente sempre brinca bastante. Mas ao mesmo tempo em que o clima está descontraído o grupo sabe da responsabilidade da competição e ficamos concentrados para alcançarmos o nosso objetivo.

Colaboração: Nadja Mauad e Julia Abdul-Hak

PERFIL

Nome: Eduardo Faria Machado de Salles Filho

Data de nascimento – 06/04/1990

Signo – Áries

Local – Curitiba (PR)

Estado civil – Solteiro

Hobby – jogar Winning Eleven

Bairro onde mora em Curitiba – Champagnat

Lugar que mais gosta em Curitiba – Parque Barigüi

Restaurante preferido – Napolitana da Arena

Carro – Audi A3

Lugar para viver – Barcelona, Espanha

Filme – Todo Poderoso

Ídolo fora do futebol – Deus

Ídolo no futebol – Kaká

Mulher bonita – Juliana Paes

Lugares que freqüenta – Cinema, Park Shopping Barigüi

Ponto negativo em Curitiba – Centro da cidade

Time que torcia na infância – Atlético

O que faria se não fosse jogador de futebol – Algo ligado ao futebol

Jogo inesquecível – Atlético x Coritiba, Metropolitano do 1º semestre de 2005. Ganhamos por 3 a 0 e fiz os três gols

Sonho – Morar fora do país com a família

Sonho de consumo – Casa própria

Atlético em uma palavra – Família



Últimas Notícias

Sul-Americana

Que preguiça meu Furacão!

No lendário estádio Centenário, em Montevidéo, Danúbio 0 x 1 Athletico. Cuca escalou o time praticamente reserva para a partida, poupando a maioria dos jogadores.…

Brasileirão A1|Opinião

NEM 8, E NEM 80

O título do que será relatado abaixo, resume muito o sentimento desse ilustre torcedor quem vos escreve.   Na noite de ontem o Furacão entrou…