Não terminem a Arena!

Já disse aqui nesse espaço que o pior defeito do homem é a ingratidão. Na década de 90 quando conseguíamos colocar no máximo trezentas pessoas no Pinheirão, ninguém reclamava, ninguém criticava, pelo contrário, se omitiam. Hoje os engenheiros-de-obra-pronta (prefiro ainda o “depois da onça morta, todo mundo é valente”) reclamam de tudo. Ano passado poderia ser melhor? Podia, é claro. Mas o que tenho lido e ouvido de alguns “torcedores” é lamentável. Coisas do tipo: “pior time de todos os tempos”, “esse time é uma piada”, etc. Será que essas pessoas assistiam o Atlético do final da década de oitenta até 1995? É bom lembrar que mesmo com o “pior time de todos os tempos” chegamos na semifinal da Sulamericana, e um ano antes na final da Libertadores. É claro que eu queria que o Atlético fosse campeão todo ano e tenho certeza que o Petraglia também, mas isso nem o Santos de Pelé conseguiu.

Por falar em Santos, li esses dias que o dinheiro da venda do Robinho acabou. Mas com certeza o do Luxemburgo não. Alguns atleticanos acham que devemos pagar R$ 500.000,00 mensais a um treinador para ser campeão. É a mesma política sonhadora do crediário nas Casas Bahia. Chega uma hora que a pessoa não agüenta pagar.

Temos que continuar tendo os pés no chão e lembrar que nossa cota da televisão não é grande como a de outros times, bem como nossa torcida é pequena perto dos times do eixo RJ-SP. O Atlético não é auto-sustentável.

Voltando a reclamação infundada de nossa torcida, hoje a pior profissão que existe para uma pessoa é ser lateral do Atlético (até o Alberto que errava menos cruzamentos era vaiado). É errar o primeiro passe e pronto. Se não conquistamos um título, a culpa é toda do Petraglia. Tem pessoas que não conseguem nem organizar a sua casa, mas criticando e xingando toda hora acham que vão ajudar o Atlético. E depois exigem o término da Arena. Não conseguimos lotar a Kyocera Arena nem na semifinal contra o Pachuca. Nossas vendas de pacote era uma vergonha, e não me venham com a desculpa que é caro. A cerveja, o cigarro, o show do RDV (?) é que é de graça. Mas contribuir com a paixão pelo clube e tentar ajudar é caro.

Podem notar que são sempre os mesmos quatro mil, cinco mil torcedores que vão aos jogos. Mais do que isso, é só quando o time está bem ou o adversário “é grande”. Por isso, não terminem a Arena sob pena de virar um verdadeiro elefante branco. Ou dêem as mãos a palmatória uma vez na vida, pois o plano para virar sócio ficou acessível à pelo menos 75% dos atleticanos. Mas será que conseguiremos ter cinco mil sócios? Eu não acredito. O dia em que a torcida resolver ajudar ao invés de criticar (e alguns brigar), e conseguir ter vinte mil sócios em dia, aí sim poderemos manter um elenco melhor, ter a Arena completa e exigir mais de nossa diretoria. Mas isso é utopia. Enquanto esse dia não chega, continuarei sendo eternamente grato ao que Petraglia fez pelo Atlético.

No meu caso mesmo morando a 550 km de Curitiba, e assistindo no máximo 4 jogos por ano, serei sócio. É minha obrigação. Quero o Atlético maior e melhor. Vou fazer a minha parte. Sofro em razão da distância por não conseguir ver na Arena os jogos do Atlético e mais ainda por ouvir as narrações da Sky. O Atlético é minha vida e uma das coisas mais importantes, se não é a mais importante para mim.