19 fev 2007 - 10h32

Desvendando os mistérios do Coxim

Enquanto a torcida atleticana comemorava o título de Campeão Brasileiro de 2001, o Coxim, adversário do Furacão na primeira fase da Copa do Brasil, sequer existia. O Coxim Atlético Clube, da cidade de Coxim, no Mato Grosso do Sul, foi fundado em 10 de janeiro de 2002.

Apesar do pouco tempo de existência, a equipe já vem se destacando como uma das forças do futebol Sul-Mato-Grossense, tendo sido campeã estadual no ano passado.

Apesar de desconhecido da torcida atleticana, alguns detalhes do time do Coxim mostram que o Furacão deverá tomar todos os cuidados na partida da próxima quarta-feira. A começar pelo mascote do clube, o Jaú, um peixe forte e traiçoeiro, que exige muita paciência. Por ser conhecedor das correntezas locais, o Jaú exige muita paciência do pescador, que muitas vezes tem de trabalhar por mais de uma hora para que a linha não arrebente e o peixe escape levando a isca por água abaixo. Que o mascote sirva de alerta para os comandados do técnico Vadão.

Mesmo com pouco tempo de fundação, o Coxim já se destaca no futebol local. Em 2002, ano de sua primeira participação na primeira divisão do Campeonato Sul-Mato-Grossense, o clube fez boa campanha, e no ano seguinte chegou às quartas-de-final, com 5 vitórias em 10 jogos. Em 2004, ficou em penúltimo lugar na tábua de classificação e foi rebaixado com apenas 7 pontos em 18 jogos. Em 2006, de volta à primeira divisão estadual, o Coxim Atlético Clube sagrou-se campeão Sul-Mato-Grossense com 41 pontos em 22 jogos, com duas goleadas por 9 a 0, sobre o Pantanal e o Maracaju, ambas em casa, no Estádio Municipal André Borges.

O tricolor sul-mato-grossense tem camisa vermelha, com listras branca e azul em horizontal. Mesmo sem a tradição de clubes como Cene, Operário e Comercial, do Mato Grosso do Sul, o atual campeão estadual vem se destacando por suas boas campanhas e por ostentar um título na primeira divisão em tão pouco tempo de existência.

Coxim no mapa do futebol brasileiro

O jogo contra o Atlético Paranaense, nesta quarta-feira, às 21h30, será histórico para os torcedores do Coxim. Afinal, a partida marca a estréia do clube em uma competição nacional.

Apesar de mandar a maioria dos seus jogos no Estádio Municipal André Borges, em Coxim, também conhecido como o "Caldeirão do Borjão", a partida desta quarta-feira foi confirmada pela CBF para o estádio Morenão, em Campo Grande. Isso porque o Caldeirão do Borjão não tinha a infra-estrutura necessária para abrigar a partida. Prevendo outros jogos em competições nacionais (ou até mesmo a classificação do Coxim para a segunda fase da Copa do Brasil), a prefeitura da cidade fez uma reforma no estádio, com a troca do gramado, orçada em aproximadamente R$ 60 mil. De acordo com o prefeito Moacir Kohl, foram colocados oito mil metros de grama para que o campo passe a medir 110 x 75 m. Além disso, foram feitas outras reformas pequenas no estádio, como a mudança do alambrado e a recuperação do muro, para atender às exigências da Confederação Brasileira de Futebol. Hoje, o Caldeirão do Borjão tem capacidade para 5 mil torcedores, mas em jogos de maior importância recebe estrutura pré-moldada para elevar a capacidade para 15 mil.

O jogo, está movimentando os ânimos de toda a cidade, ao Norte do Mato Grosso do Sul e à margem esquerda do Rio Taquari, que tem pouco mais de 30 mil habitantes. Tradicionalmente conhecida como ponto pesqueiro na região Centro-Oeste e tendo sua base econômica na agropecuária, com a criação de bovinos e na produção de soja, banana e laranja, Coxim agora é o centro do futebol do estado no cenário nacional – ainda mais depois da eliminação da Serc (Sociedade Esportiva Recreativa Chapadão), outro representante do estado na Copa do Brasil, que perdeu para a Portuguesa-SP na semana passada por 2 a 0.

"Temos que acreditar no potencial do nosso futebol, a torcida do Coxim vive grande momento por ter conquistado o campeonato estadual no ano passado e deve ir em grande quantidade ao Morenão assistir ao jogo no próximo dia 21, estamos torcendo por um bom resultado", disse o prefeito Moacir Kohl, torcedor do Coxim e um dos mais animados para a partida contra o Furacão.

Raio-X do Coxim

O desconhecido time do Coxim é motivo de preocupação ao técnico Oswaldo Alvarez. Nas últimas semanas, o Atlético enviou ao Mato Grosso do Sul um "espião", para desvendar os mistérios do primeiro adversário do Furacão na Copa do Brasil. Vadão admitiu que o estilo eliminatório da competição tem que ser levado em conta durante a partida. "Eu recebi um relatório do Coxim. A Copa do Brasil é uma competição eliminatória, então temos de ter preocupações defensivas, mas temos de saber que temos potencial de chegar lá e vencer. Já tivemos uma experiência boa com esse grupo na Sul-Americana, então acho que saberemos o momento certo de dosar a parte ofensiva", afirmou Vadão.

Uma das principais armas do Coxim está no fator entrosamento. A equipe comandada pelo técnico Amarildo Carvalho manteve a base campeã do ano passado e, por isso, o treinador promete um esquema de jogo ofensivo para surpreender o Rubro-negro paranaense.

Carvalho é um dos técnicos mais respeitados em Mato Grosso do Sul e carrega a experiência de ter sido zagueiro do Palmeiras e Noroeste. O estilo de jogo que implantou no Coxim é muito parecido com o utilizado pelo Atlético: marcação forte na defesa e saída com perigo nos contra-ataques.

Para a partida de estréia na Copa do Brasil, o Coxim não contará com o atacante Tainha, conhecido da torcida paranaense por ser o artilheiro do Campeonato Paranaense em 2004, quando jogava pelo Roma. Com a ausência de Tainha, os principais jogadores do Coxim são os jogadores que formavam a base campeã estadual do ano passado como o goleiro Cléber, os zagueiros Belisca e Láudio, os laterais Paulinho e Léo e os meias Clécio e Bruno.

Reportagem: Adriano Sachweh e Patricia Bahr. Colaboração: Eduardo Coelho e Silvio Toaldo Junior



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