19 maio 2007 - 13h59

Está nas mãos de Requião

“Evidente que a Arena é o estádio mais moderno do Brasil, que a Arena se terminada e com as alterações que o Atlético pretende fazer se encaixar nos encargos da Fifa, é a melhor solução, é a solução mais rápida, mais viável, mais barata”. A afirmação é do diretor da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde. Em entrevista exclusiva à Furacao.com, ele explicou o cronograma para o preenchimento do caderno de encargos do Brasil à sede da Copa de 2014 e afirmou: a função de indicar qual é o estádio que vai representar o estado do Paraná na disputa para ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014 compete exclusivamente ao governador do Estado do Paraná, Roberto Requião. Segundo Gomyde, a Paraná Esporte (braço do governo do estado dedicado ao setor esportivo) e a Secretaria de Estado do Turismo são responsáveis pelo preenchimento do caderno de encargos da Fifa, que deverá ser entregue à Confederação Brasileira de Futebol até o dia 31 de maio.

Após essa data, a CBF tem ainda mais dois meses para reunir todas as informações das 17 cidades candidatas a receber jogos do Mundial e entregar, em 31 de julho, a proposta de candidatura brasileira. A partir daí, a Fifa tem até o mês de novembro para avaliar a proposta do Brasil e se posicionar se o país tem ou não condições de receber o evento.

Na entrevista, Ricardo Gomyde afirmou que nesses 12 dias que ainda restam para que o caderno de encargos seja entregue à CBF é possível fazer uma mobilização para convencer o governador Roberto Requião de que o projeto da Arena consegue atender às exigências da Fifa. “Essa é uma questão que precisa se avaliar tecnicamente, para ver o que eu preciso ou que eu não preciso, o que é possível adequar e o que não é possível. A Fifa vai querer que cumpra 100% ou é mais ou menos? Tem algumas coisas que são flexíveis? Evidentemente que se mostrar que é só concluir a Arena e fazer algumas alterações e que assim a CBF aceita, então é ali, é óbvio que é ali”, afirmou Gomyde.

Segundo ele, exemplos ocorridos em outras Copas, com a utilização de estádios em localização semelhante à da Kyocera Arena, podem ser outro trunfo atleticano nessa disputa. “Tem que levantar, esse é o período. Se esses argumentos estão postos, este é o período para se mostrar que esses não são argumentos válidos e que não é por causa disso que a Arena vai ser excluída”.

O presidente da Paraná Esporte afirmou, ainda, que o projeto da Arena é o mais simples e viável economicamente para representar o estado do Paraná na disputa, restando apenas a segurança plena de que ele vai atender a todas às exigências da Fifa. “Se o estádio do Atlético atender às demandas da Fifa, natural que é o mais apto a receber a Copa, gasta-se menos dinheiro, há mais viabilidade. Se não atender você tem que partir para uma outra solução”, completou. E mais: admitiu que sequer teve acesso ao projeto da Federação. "Eu não conheço o projeto, eu não conheço o investidor, não participei disso", alegou.

Confira a entrevista que a Furacao.com fez com o presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, abordando a questão do caderno de encargos da Fifa e a indicação do estádio paranaense a representar o estado na disputa por uma das sub-sedes do Mundial de 2014:

Comentou-se que o critério para preencher o caderno de encargos será técnico. Em que consiste exatamente esse critério técnico?
Vai prevalecer o critério técnico. Tem os prazos, que são rigorosos. O primeiro prazo foi dia 9 de abril. Tem o segundo que é dia 31 de maio, em que as 19 cidades candidatas apresentam as respostas do caderno de encargos, com informações extremamente detalhadas, inclusive com a indicação do estádio. A CBF pega essas respostas de todos os estádios, vai compilar tudo, porque o prazo que a CBF tem é 31 de julho para entregar para a Fifa a candidatura brasileira, que é candidatura única, mas que a Fifa vai analisar até novembro para dizer se o Brasil cumpre com as exigências para poder sediar a Copa do Mundo ou não. O Brasil é candidato único, mas não quer dizer que vai sediar a Copa do Mundo. Ele vai ter que convencer o Comitê Executivo da Fifa de que o Brasil tem condições de sediar a Copa do Mundo. Aí em novembro a Fifa diz se o Brasil pode ser candidato e já diz quais serão as cidades pré-selecionadas ou se não tem condição. Aí vai escolher uma outra alternativa, Estados Unidos, México já se posicionaram, mas nunca aconteceu na história que um país na condição do Brasil (como candidato único) perdesse. Então, o que nós temos que fazer agora é preencher o caderno de encargos.

Se um estádio é indicado e lá na frente percebe-se que ele não cumpre as exigências da Fifa pode-se mudar a indicação?
Evidente que pode, a África do Sul está trocando de estádio agora. Não é o adequado, não é o correto, é recomendável que a preparação seja desde já, mas pode. A CBF avisou em abril que tinha que fazer uma indicação, todo mundo correu e vai ter que indicar até essa data de 31 de maio. Agora, evidente que se indicou um estádio e aí descobriu-se em dezembro de 2008, portanto ainda seis anos antes da Copa do Mundo, que teve um problema, que a construção do estádio vai ter um impacto ambiental e não vai dar certo, então vão transferir para uma outra área, com um projeto magnífico que vai ficar pronto até 2010, portanto quatro anos antes da Copa. Ou seja, o bom-senso impera. Claro que se for em função de uma trapalhada, mostrar que tecnicamente está comprometido todo o projeto, o maior evento do mundo fica comprometido com todas aquelas pessoas gerindo…. Mas é tudo muito subjetivo o que eu estou te dizendo, lógico que o bom-senso impera, os prazos têm que ser respeitados, eles têm o seu peso, mas o bom-senso sempre vai ter que prosperar.

Indicar mais do que um estádio não é possível?
Isso foi o que nós tentamos. Eu consultei o presidente (da CBF, Ricardo Teixeira) na reunião conjunta com as cidades-candidatas de que o ideal era de que o Paraná fizesse mais do que uma indicação para que a CBF fizesse uma análise técnica, escolhesse aquele que mais se adequasse, para não correr o risco de a gente morrer na praia. A gente acreditava que essa alternativa era válida porque o Ricardo Teixeira fez parte da comissão que avaliou os estádios nas últimas Copas do Mundo, ele conhece com profundidade a questão, a gente iria deixar na mão da CBF, para que a CBF escolhesse tecnicamente que a gente não iria correr riscos. Ele falou que isso não é possível, que isso é uma questão de Estado e a indicação era única.

Todos os estados vão indicar apenas um estádio?
Isso, só um estádio, quem indicar dois, segundo o Ricardo Teixeira, está automaticamente fora da disputa.

São Paulo vai indicar um só?
Ele disse isso. São Paulo disse que ia indicar dois e ele (Ricardo Teixeira) disse que se indicar dois está eliminado.

Quem é o pai do projeto do Pinheirão? Ele é do Coritiba, é da Federação, de quem é o projeto do Pinheirão, que dizem que será apresentado na reunião do governador com os secretários de terça-feira?
Não, na reunião de terça-feira não vai. A reunião tem uma pauta específica em que não está incluída a apresentação do projeto. Olha, eu não conheço o projeto, eu não conheço o investidor, não participei disso. O que eu sei é o seguinte: a Federação é a proprietária do Pinheirão, o Pinheirão é administrado por um ente privado. Então é a Federação, é o Oinareves (Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol) quem vai ter que assinar. As responsabilidades elas terão que ser assinadas algumas pelo prefeito Beto Richa, outras o governador, que vai ter que assinar o termo de compromisso.

A figura Oinareves Moura no cenário paranaense e nacional é bastante manchada, repleta de escândalos e denúncias envolvendo o nome dele. Você acha que esses antecedentes dele poderiam prejudicar a candidatura paranaense? Você acredita que o Oinareves Moura é a pessoa mais indicada para comandar essa candidatura paranaense?
Eu acho que o governo vai ter que tomar as suas garantias. Eu não sou o Requião, eu não sou o governador, não fui eu quem indicou. Eu acho que o governo vai ter que tomar garantias para que possa se proteger de eventuais desvios. Mas isso é o Requião quem vai ter que tomar.

Você confia no Onaireves Moura?
Ah, eu a vida inteira fui da outra banda. Nunca tive relação com essa turma, pelo contrário, sempre enfrentei. Quando fui deputado federal pedi a CPI da CBF, hoje tenho boa relação, mas na época pedi a CPI da CBF. Inclusive naquela época do Ivens Mendes pedi a quebra do sigilo fiscal e telefônico do Ivens Mendes, do Dualib, do próprio Petraglia e depois ajudei bastante naquela coisa que queriam fazer a virada de mesa para colocar o Fluminense, ajudei bastante naquele período lá, o próprio Petraglia sabe disso, todos os dirigentes do Atlético sabem que fiz tudo que precisasse fazer. Você perguntou se eu confio, o Requião é quem deve confiar.

Não seria uma irresponsabilidade o Paraná indicar um estádio que não existe?
Aí o Requião que vai ter que fazer essa leitura, ele já fez e vai ter que mantê-la ou mudá-la. Eu acho que ele deve ter tomado todas as garantias. Agora estádio que não existe não é problema porque em vários locais vai ter que se construir novos estádios. Eu estou entrando numa seara que não fui consultado pelo governador e não deveria dizer.

E esses pontos que têm saído na imprensa de que você teria afirmado que a Arena não poderia ser indicada porque é norte-sul, leste-oeste, da área fora do estádio. A gente tem vários exemplos de estádios que já sediaram jogos da Copa e que não cumpriam essas determinações. Esses argumentos não são muito vagos?
Tem que levantar, esse é o período. Se esses argumentos estão postos, este é o período para se mostrar que esses não são argumentos válidos e que não é por causa disso que a Arena vai ser excluída. Eu nunca disse que a Arena está excluída, quem disse isso e não afirma isso hoje foi o Celso Caron, o pessoal da prefeitura também já disse isso, o Luiz de Carvalho disse. A Paraná Esporte não tem uma posição em relação a isso, o governo do estado tem. Em momento nenhum eu disse esse não tem condição.

Nos últimos meses, o Ricardo Teixeira, que como você mesmo comentou já participou da escolha de estádios em outros países, e o ministro do esporte, Orlando Silva, declararam que no Brasil, apenas a Kyocera Arena possui condições de adaptação aos moldes exigidos pela Fifa. Diante disso, como é possível rejeitar a afirmação do ministro do Esporte e afirmar que a Arena não tem condições de cumprir as exigências da Fifa?
Eu trouxe o Orlando (Silva Júnior, ministro dos esporte) para conhecer o estádio do Atlético. O Ricardo Teixeira não disse isso, o Orlando se disse hoje não fala mais isso. Se o Orlando falou isso é uma bobagem, porque não é verdade, você acha que tem algum estádio hoje no Brasil que, de acordo com a Fifa, pode receber algum jogo de Copa do Mundo? Não. A Baixada não está apta, tem que terminar o estádio. Evidente que a Arena é o estádio mais moderno do Brasil, que a Arena se terminada e com as alterações que o Atlético pretende fazer se encaixar nos encargos da Fifa é a melhor solução, é a solução mais rápida, mais viável, mais barata. O Requião vai analisar os aspectos técnicos e vai manter ou mudar a opinião dele. É isso que tem que fazer, levantar os aspectos e avaliar. Apontar, dizem que tem um estádio em tal lugar que recebeu tal jogo da Copa mesmo com esse problema. O trabalho de vocês é um trabalho fantástico, é o que eu falei para o Mario Celso Petraglia fazer lá atrás é o que vocês estão fazendo. Se os argumentos são facilmente desmontáveis ou passíveis de você mostrar de que apesar de ter esse problema, mas que ele foi aceito em outra Copa do Mundo, pronto.

Para definirmos corretamente a função da Paraná Esporte: o Requião indica e vocês preenchem o caderno de encargos, é isso?
É isso, imagine se nessa confusão, Assembléia Legislativa rachada, Mário Celso Petraglia, Giovani Gionédis, Onaireves Moura, os interesses financeiros envolvidos com construção de estádio, presidente de Federação Paranaense de Futebol, a amplitude que o futebol traz para a sociedade, e o Requião vai e fala: cuida disso aí, Gomyde. Só faltava, queria ter esse prestígio com ele.

Ele falou claramente para você que vai ser o Pinheirão?
Não, ele indicou o Pinheirão no dia 9 de abril.

Ele conhece o projeto do Pinheirão?
Imagino que sim, eu não estava aqui quando foi apresentado para ele, por duas vezes o secretário de Educação, o governador e o presidente da Federação se reuniram.

Curitiba tem hoje três clubes e todos têm o seu estádio. Depois da Copa, o que seria feito caso fosse construído esse novo estádio?
Se o estádio do Atlético atender as demandas da Fifa, natural que é o mais apto a receber a Copa, gasta-se menos dinheiro, há mais viabilidade. Se não atender você tem que partir para uma outra solução. Aí o Giovani aprovou no Conselho Deliberativo que se construir o novo Pinheirão ele manda os jogos lá. Aí o que vai fazer com o Couto? Construção de um novo estádio não é o caminho natural do Brasil inteiro, mas se os estádios existentes, mesmo que reformados, ampliados, não atenderem as exigências, aí você tem que partir para esse tipo de discussão. Se for pleitear a Copa do Mundo, você tem que pensar na Copa do Mundo. A questão é: eu sou o governador do estado X, eu tenho um estádio ali que é bacana, mas eu não tenho convicção técnica de que aquele estádio vai ser atendido pela Fifa. Eu arrisco ou eu parto para uma outra solução? Eu quero o evento, esse meu querer, qual é o tamanho dele?

Durante a entrevista muito se comentou que a escolha é feita por critérios técnicos. Se a questão é técnica, então entendemos que os dois estádios foram comparados e que o Pinheirão preencheu mais requisitos que a Arena. Mas o novo projeto do Pinheirão sequer existe. Como pode ser questão técnica se está sendo comparado a Baixada com nada?
Eu acho que foi o seguinte: tem que trazer a Copa. Dos que tem aí, tem algum que dá? O do Atlético, que é o melhor, dá? Não sei. Então vai ter que partir para uma outra solução, vamos fazer um projeto, vamos construir um novo estádio. Deve ter sido isso. É um projeto, no Brasil inteiro são projetos. Se fosse no Atlético, que já tem uma estrutura erguida, conhecidamente moderna, mais fácil, agora como que foi feito eu não sei, eu não estava aqui, não fui consultado. Se vocês acham que nessa confusão, interesse financeiro, interesse político, Paraná dividido, todo mundo jogando com todas as armas que têm, o Requião vai me consultar sobre essa questão? Pode até me consultar, mas até agora não me consultou.

Colaboração: Eduardo Coelho



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