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29 maio 2007 - 1h52

O triste passado do Atlético

Todo atleticano sabe que foi a diretoria comandada por Petraglia, que em 95 revolucionou o clube e colocou o Atlético numa posição que o Brasil passou a nos ver de forma diferente. A base do time de 95 foi mantida para 96, a Fanáticos era um tesão e na volta à 1ª divisão, o Caldeirão do Diabo causou surpresa e medo à muitos times. Jogadores do Palmeiras, um dos times com melhor elenco no campeonato, graças ao patrocínio da Parmalat, afirmaram: “o Palmeiras perdeu, mas quero ver quem vai ganhar aqui”.

Diretoria séria, trabalhando sem o amadorismo que marcou a passagem de muitos dirigentes e presidentes do passado (salvo algumas excessões, como o empreendedor Jofre Cabral) fez do Atlético uma nova força. A torcida atleticana, aquela mesma que a cada derrota, a cada nova crise e títulos perdidos até 95, se enchia de brio e cantava cada vez mais alto, agora via um time competitivo. Pois bem, essa torcida vibrante junto ao agora organizado Clube Atlético Paranaense trouxe uma combinação explosiva ao futebol brasileiro.

A torcida do Fluminense nos tirou da briga pelo título de 96, ao agredir Ricardo Pinto. Perdemos um título, mas a torcida ainda era vibrante e a diretoria trabalhava cada vez mais e o Atlético ia crescendo. Tentaram suspender o clube por 1 ano do futebol brasileiro e punir injustamente o Petraglia, devido ao “caso Ivens Mendes”. Tudo pra beneficiar o Fluminense (a vergonha do Brasil) e tentar segurar a força do Atlético, que já começava a incomodar. Mas graças a união de toda torcida atleticana, no estado do Paraná e com a ajuda de políticos atleticanos e outros com grande influência, a punição foi transformada na perda de 5 pontos no Brasileirão de 97. O Furacão fez ponto de sobra e não correu o risco de rebaixamento.

A velha Baixada foi demolida e deu-se início a uma obra ousada: o estádio mais moderno da América Latina. A liderença do Petraglia foi importante. Ele teve o culhão de demolir um estádio para fazer outro. Poucos teriam essa coragem. No entanto, só o fez porque TODA a diretoria do CAP ajudou a bancar a obra. Depois o que se viu foi uma nova fase na vida do clube: títulos da Seletiva em 99 e Brasileiro em 2001. Em 2 anos o Atlético ganhou 2 campeonatos importantes e debutou na Libertadores. Um sonho! Tudo fruto do trabalho árduo e apaixonado da diretoria que tinha ainda: Ênio Fornea, Ademir Adur, Samir Haidar, Valdo Zanetti, Nelson Fanaya, Marcus Coelho, Valmor Zimmerman, Dr. Edílson Thiele e outros. Aquela diretoria deu certo por alguns motivos: trabalho feito a partir de planejamento, investimentos dos próprios dirigentes, foco em títulos e principalmente pela união de todos e trabalho em equipe.

Em 2002, o Atlético iniciava o ano como campeão brasileiro. Infelizmente o sucesso subiu à cabeça do Petraglia e este rompeu com os demais dirigentes, que indignados, deixaram o clube. Não venham falar que atleticano de verdade não abandona o barco. Se coloquem no papel deles: doação ao clube e em troca receber ingratidão do líder da diretoria! Não deve ser fácil passar por isso. Ainda mais quando o trabalho é feito pela paixão, ou melhor, religião chamada Atlético.

Depois o que se viu foi um Atlético vivendo à sombra do título de 2001, da construção do novo estádio e principalmente do seu sofrido passado. Tudo isso serviu para ser usado como desculpa aos fracassos que ocorreram. Ninguém podia reclamar porque tudo isso era bom demais pra um clube que até 95 acumulava dívidas e épocas terríveis em que a única coisa que aumentava era a paixão do atleticano e a própria torcida, mesmo em longos períodos de jejum. Petraglia começou a se sentir acima do bem e do mal, pois foi o líder da revolução. Todos atleticanos deviam à ele. Contestar as decisões da diretoria? Ingratidão!

Junto com a convicção de que os atleticanos deviam a ele, Petraglia passou a ser cada vez mais arrogante. Investiu no time apenas no Brasileiro de 2004 e por questões salariais com o técnico Levir Culpi (que também agiu errado, é verdade, mas quanto vale um título brasileiro?) e por decidir desafiar a torcida, aumentando o preço dos ingressos e proibindo a bateria da Fanáticos, quando perdeu a disputa pela majoração, mostrava sua força: “eu mando aqui!”.

Pra quem achava que isso era o bastante, no ano seguinte ao constatar o eminente fracasso do time na 1ª fase da Libertadores disparou contra a imprensa (curioso como ela não atrapalhou em 2001) e a culpou pelos maus resultados. Afirmou ainda: “vocês acham que o Atlético vai ganhar a Libertadores esse ano? Não vai! Estamos no meio de um projeto e ainda não chegou a hora, não está no planejamento!”. Após uma combinação de resultados inesperada em que o time reserva do Libertad derrotou o América de Cáli na Colômbia, o Atlético se classificou para a fase seguinte, mesmo sendo goleado em casa, por 4×0, pelo fraco Independiente Medelin. Pouco depois o ETA fez o movimento “Fora Petraglia” e então o todo-poderoso se sentiu ameaçado. Resultado: bateria liberada nas Oitavas de final, no jogo contra o Cerro Porteño. O movimento foi engavetado em prol de uma trégua e união entre diretoria e a parcela da torcida que era oposição.Todos sabem que o Atlético novamente unido, foi batendo os adversários um a um na Libertadores até chegar a final. Tudo com participação decisiva da torcida. Tão decisiva que o São Paulo, mesmo sendo time grande e com 2 títulos Mundiais, usou toda sua influência para tirar a decisao da Baixada.

Só acho engraçado a cara de pau em afirmar após o vice da Libertadores que isso foi parte do planejamento da diretoria. O que aconteceu foi um time enfraquecido em relação ao de 2004 que mostrou raça e contou com a ajuda da torcida, ao levar a sorte de passar da 1ª fase.

Não acho justo usar o sofrimento do passado como justificativa para tudo que está errado como a diretoria faz. O pior é nos vender a imagem de grande e se comportar como pequeno. Chega de técnicos desconhecidos que “vem para tentar se destacar aqui”. Chega dos jogadores do nível de Jorge Henrique e Erandir que nos fazem engolir. Isso não é planejamento. O Atlético de antes de 95 cansou de trazer caminhões de jogadores medíocres. Quero jogadores que decidam! Poucos e bons. Não falei em medalhões. Hoje o Atlético não tem um artilheiro como era o Kléber, não tem um meia da categoria do Kelly ou do Gabiru para jogar com o Ferreira. Não tem um zagueirão igual o Gustavo ou o Paulo André.

Também nunca vou esquecer do Petraglia ter afirmado que chegou a propor fusão com o Paraná e o coxa. Gerir o clube como uma empresa é o correto. Mas passar por cima da história e da tradição do Atlético é inaceitável. “Business” tem limite. Hoje o que mais me incomoda é o trabalho de “marketing de ilusão”. Aquele em que vemos estrutura, mas não times competitivos. A estrutura não está se traduzinho em resultados: os títulos. Incomoda ainda, a falta de uma diretoria que trabalhe em equipe e que não tenha apenas uma pessoa no comando de tudo. Sozinho não se constrói nada.

Agora reflitam: porque não unir a força da torcida, que sempre amou o Atlético, mesmo quando o time era fraco, com a diretoria? Não adianta falar que esse papel cabe à torcida e que ela tem que parar de “criticar e reclamar”. Cabe única e exclusivamente à diretoria. E esta, todos sabem ,é o Petraglia. Ele manda no clube e ninguém contesta. Proibir bateria, faixas, caveiras e elitizar o clube, não são atitudes de quem quer união. Quem faz acordo com o deputado Algaci Túlio, sem a presença de representantes da torcida, não é digno de cobrar participação, nem de se queixar de ingratidão.

A torcida agradece todo o trabalho feito, a revolução, a nova Baixada, o CT, mas não perdoa a indiferença da diretoria e a arrogância. Petraglia: você tem a solução, basta querer. Vá conversar com os ex-dirigentes, seja humilde, peça desculpas e os traga de volta. O Atlético precisa deles e precisa da torcida. Você tentou proibir a entrada da Fanáticos e da Ultras com seus adereços na própria inauguração da Baixada em 99. Não é preciso disso. Ninguém é adorado usando da força. É tão simples resolver alguns problemas de relacionamento. Basta humildade. Em 2001 você foi humilde, por que não agora? O Atlético precisa de união pra voltar a ser forte…

Recomendo a quem não leu: “O monge e o executivo”. É um livro que fala sobre liderança. A parte que mais me chamou atenção trata da diferença entre Poder e Autoridade. Poder: “é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer”. Autoridade: “a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”. Quem age com autoridade é líder. Quem age com poder é ditador.



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