Como tem sido reiteradamente escrito pelos torcedores que freqüentam essa site o Atlético, como um todo, não é mais o mesmo. Além dos problemas em campo, a torcida murchou.

Como moro em Porto Alegre, assisto aos jogos pela TV e raramente os cantos e incentivos se sobrepõem às vaias. Nos últimos três anos, o único jogo que me relembrou o espírito do saudoso Caldeirão foi contra o River Plate, em 2006. Confesso que já havia notado o abrandamento da ARENA nos poucos jogos a que pude ir, mas no último jogo contra o Fluminense constatei de perto a horda de corneteiros que se acham donos do time só porque se associaram. Irritei-me com as vaias e xingamentos deles mas, considerando o nível de futebol apresentado pelo Atlético, considerei-os uma manifestação normal de pessoas desapontadas.

Contudo, vaias no decorrer dos jogos não são legítimas. Há que se tomar providências urgentes no sentido de que a torcida transforme esse sentimento de raiva e desgosto com o time em um grito de incentivo.

Quem, em sã consciência, pode afirmar que vaias durante o jogo ajudam o time???
Os jogadores estão no gramado trabalhando. E o futebol, na minha opinião, depende mais da raça e ousadia do que da pura técnica.
É óbvio, ululante, que jogadores fracos técnica e psicologicamente (que sequer deveriam ter sido contratados, diga-se de passagem) não vão tentar um lance mais agudo, que possa gerar um contra-ataque adversário. Eles vão passar a jogar de maneira temerosa. E o medo de perder tira a vontade de ganhar.
Além disso, sendo o futebol um esporte coletivo, se uma das peças falha ou não cumpre integralmente sua função, o time todo é prejudicado.
Daí, se o time não rende, mais gente começa a vaiar e forma-se um ciclo vicioso horrendo.
Portanto, pense três vezes antes de vaiar. Guarde sua indignação para o fim do jogo ou transforme-a num grito de “atléticoooooooo”.
E mais um detalhe prático. Por pior que seja o Michel, a ele aplica-se o velho “só tem tu, vai tu mesmo”. O “atleta” sabe que está devendo (e não sei se pode pagar) mas as vaias que começam antes mesmo de ele receber a bola o inibem. A culpa por ele estar em campo é dessa Diretoria descompromissada com a paixão. Vaiar apenas o jogador é a mesma situação do corno que pega a mulher com outro no sofá e queima o sofá.

Saudações rubro-negras e lembrem-se de que jogadores e diretores passam, mas o Atlético fica.