30 jul 2007 - 19h04

Petraglia fala sobre futebol, torcida e projetos

O presidente Mario Celso Petraglia concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Banda B (AM 550) na noite desta segunda-feira. O bate-papo com Marcelo Ortiz, Valmir Gomes, Sicupira e Fernando César ocupou boa parte das duas horas do Panorama Esportivo, programa diário da emissora.

Além das perguntas dos cronistas, Petraglia também esclareceu a dúvidas de ouvintes. Ele tratou basicamente de três temas: a situação atual do Atlético no Campeonato Brasileiro, os projetos da diretoria para o futuro do clube e a participação da torcida do Atlético. Petraglia ainda aproveitou a oportunidade para comentar os acontecimentos lamentáveis do jogo contra o Grêmio, no último sábado, e para esclarecer algumas passagens de uma entrevista concedida à Tribuna do Paraná e publicada na edição desta segunda-feira.

Com a palavra, Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético:

TIME ATUAL

"O momento está com essas dificuldades dos resultados. Mas o Atlético tem grandeza, estrutura para resolver seus problemas. É jogo, é futebol. Se fosse outro esporte, o melhor venceria sempre. Veja o caso da seleção de vôlei do Brasil. No futebol não acontece isso. Corre-se o risco de perder um jogo, de cair de divisão. O que não pode é cair e ficar. Isso comprova que o time é pequeno, quando o time vai e fica. Hoje isso não acontece mais com o Atlético. Além do risco de cair ser extremamente pequeno, mas existe essa probabilidade, a probabilidade do Atlético Paranaense voltar é infinitamente maior do que qualquer outro timinho que está aí remando tentando voltar e não consegue."

Risco de rebaixamento
"O que vale é a última rodada. Hoje não significa nada estar com 18 pontos."

Contratação de reforços
"Não estou entendendo vocês. Vocês não têm a informação de que acabamos de contratar o Antonio Carlos, que veio da França, e o Ramon, que veio do Qatar? Já jogaram esses dois? Querem mais? Me desculpem a franqueza, e a minha forma de ser, mas vocês estão buscando crise onde não existe. As exigências da nossa torcida não são sobre não cair. A exigência, pela nossa estrutura, é de estar na Libertadores. Lamentavelmente, por um incidente de um jogo na Arena, perdemos para o Fluminense. No futebol só tem uma verdade, que é a vitória."

Reforço para a lateral-esquerda
"É uma posição muito difícil, mas já temos um jogador em vista para esta posição, mas é muito difícil. Na lateral-direita nós não vemos absolutamente nenhuma preocupação porque temos o Jancarlos e o Nei."

Carências do elenco
"Esse tipo de avaliação eu faço durante o jogo porque sou torcedor, mas não me meto nisso porque não é a minha praia. Inicialmente, era um meia, um zagueiro, que já vieram, um lateral-esquerda e atacantes. Agora muito mais. Já vendemos o Denis Marques e perdemos o Alex. Eu teria sido crucificado, morto e sepultado se nós tivéssemos vendido o Alex. Mas agora nós estamos sem o Alex. E perdemos 5 milhões de dólares."

Claiton e Ramon: mudança na política de reforços?
"Não é verdade. São premissas que eu não posso concordar porque não são verdadeiras. Veja o Marcão, o Washington…nós estamos mesclando. Se o Claiton e o Ramon darão esse retorno é outra história. Mas que estão fora da política do Atlético não é verdade. Veja o próprio Alex Mineiro, que tem 32 anos."

Por que Ramon não ficou no início do ano?
Houve um desencontro, com o então diretor de futebol Marcos Teixeira. Quando eu falei com o Ramon ele já tinha dado a palavra dele que não ficaria e ele não quis voltar atrás. Tudo conversa fiada. Um jogador desse nível você acha que vamos discutir mil, dois mil reais de aluguel? Tudo mentira. Era seis mil reais o aluguel da casa e o Atlético pagaria cinco mil reais, era mil reais a diferença. Foi uma questão de relacionamento. Perguntem ao Ramon.

Exigência da torcida e jogadores que não vão bem no Atlético
"Sabe quantos clubes querem o Dinei? Por que não servem para nós os Jorges Henriques e servem para os outros? Eu não entendo as razões da falta de respeito que está havendo, certamente vamos fazer uma pesquisa qualitativa para entender. Nós queremos ser campeões do mundo. Agora, a concorrência, os Kellys da vida, estão aí. Fizemos um grande sacrifício para ficar com o Alex Mineiro. O próprio Denis Marques, foi vaiado quantas vezes na Arena? Esse tipo de posição que eu não consigo entender. Foi vaiado pela turma da reta que não suporta mais um passe errado. O Ilan (já foi vaiado pela torcida)! O mundo já foi vaiado na Arena da Baixada. O nível de exigência da torcida, que foi produzido por nós mesmos da diretoria, admito, é altíssimo."

"Você sabe que eu não tenho boa relação com os Fanáticos. Mas durante o jogo os Fanáticos têm se comportado melhor que o pessoal da reta. Terminou o jogo, o cara não vai bem, tudo bem, pode vaiar. Mas durante o jogo? Eu não consigo entender. A sua torcida, que se diz fanática, gritar olé a favor do adversário na sua casa? Isso é um desrespeito! Por que está chegando a esse nível eu não sei e estamos buscando a explicação. Está se voltando contra nós o nosso projeto? Então quem sabe seria melhor deixar como estava na época em que você (Sicupira) jogou."

Cobranças
"Toda essa pseudo-crise por que não foi campeão paranaense nem da Copa do Brasil e por que não está entre os quatro primeiros nas quinze primeiras rodadas? Vejam o nível de exigência que o Petraglia e seus companheiros levaram a essa torcida e a imprensa. Quando começamos a dizer que o Atlético seria campeão brasileiro, lá atrás, muitos riram. Quando compramos a Estância João XXIII riram. Disseram que seria um elefante branco. Quando a Arena estiver pronta quem sabe não riam mais. Quando nós formos campeões brasileiros, da Libertadores e quiçá campeões do mundo quem sabe não riam mais."

Política de investimentos
"Nós sacrificamos o futebol nesses doze anos, isso sem dúvida. O Atlético tem contratado bem e tem se aproveitado dessa política de exportação de jogadores do Brasil porque com isso o Atlético construiu esse patrimônio que construiu. Nossos antepassados não fizeram e nós fomos obrigados a fazer hoje. Milagre não existe. Estamos aí para finalizar a Arena, tivemos esses desgastes todos e acabou prevalecendo o projeto certo, o bom. Claro que vamos prejudicar o futebol. Porque a cabeça do Petraglia, as cabeças das pessoas mais importantes estão voltadas para terminar a Arena. No momento em que tivermos toda a infra-estrutura, vamos nos voltar exclusivamente ao futebol."

"Esse é o tema de sempre. Porque o Atlético Paranaense é um clube de futebol. Tudo o que nos fazemos é para fazer time, é para vitória, é para ganhar campeonatos, ganhar partidas. Só que num certo momento você tem de investir, tem de estar sempre reinvestindo no seu negócio. Nos doze últimos anos, fomos obrigados a investir em patrimônio em sacrifício do time porque não foi feito no passado. Se já tivéssemos um estádio moderno, um centro de treinamentos, não precisaríamos investir tanto em patrimônio. Se tivéssemos investido todos esses dólares em jogadores, nós poderíamos ter conquistado mais um ou dois títulos. O que seria melhor para o nosso futuro? Ter mais uma estrela no peito ou toda essa infra-estrutura que criamos?"

PROJETOS DA DIRETORIA

"Eu não tenho culpa de ter herdado um clube que no passado ninguém fez. Que não tinha onde treinar, onde jogar, que não tinha nenhuma infra. No momento em que o Atlético tiver uma Arena pronta, com 40 mil pessoas, vamos pensar só em bola. Todo esse patrimônio, que será um dos maiores do Brasil, pago e próprio, nos ajudará. Nós gostaríamos de fazer tudo isso e ainda ganhar todos os títulos. Mas isso é impossível."

Comparações com o desempenho do Paraná Clube
"O Atlético foi vice-campeão da Libertadores em 2005. O Paraná chegou perto de ser campeão da Libertadores? Então não comparem alhos com bugalhos. Eu sou humilde para saber das nossas limitações, por paradoxal que possa parecer, mas não admito ouvir coisa errada."

"Com todo o respeito que temos ao Paraná Clube, tem futuro o projeto do Paraná? Vai chegar onde o Atlético vai chegar? É atípico o ano do Atlético e foi atípico o ano do Paraná."

"O Paraná não recebe 20%, recebe em torno de 40% (da verba da televisão). É muito choro e pouca veracidade. Pergunte quanto o Paraná recebe e quanto nós recebemos. Nós recebemos uma média de quase 10, 11 milhões e o Paraná recebe 4 milhões e pouco. Dá em torno de 40% do que a gente recebe. A Ponte Preta, o Figueirense, o Juventude também recebem isso. O Paraná não é isolado. O Figueirense quase foi campeão da Copa do Brasil e ganha o mesmo."

Visão geral do futebol
"A minha indignação é a falta de profundidade da análise. O momento de transformação do futebol necessita de uma análise mais profunda. Eu não aceito quando eu vejo informações deformadas. Quando eu me sinto injustiçado, eu não aceito. Agora, quando eu recebo críticas que eu vejo que têm fundamento, nós humildemente aceitamos. Que existem erros, óbvio. Agora, o nosso projeto é este: de transformarmos o Clube Atlético Paranaense num dos maiores clubes das Américas. E este é o começo, há 12 anos, quando demolimos a velha Baixada todo mundo nos chamou de louco. Agora, o salto de qualidade está aí, todos podem ver."

Objetivos
"Eu não estou atrás de votos, de elogios, nem de estátuas, nem de nome de estádios. Estou atrás de realização. Estou atrás de provar que com honestidade, com trabalho, com competência é possível. Não se trata de prometer o que podemos fazer. Hoje nós estamos mostrando o que já fizemos."

Revelação de jogadores
"É verdade que a concorrência aumentou e muito. Se você observar desde o time do Juventude, do Grêmio, do Internacional, você verá o nível que tem de idade. Ou são velhos que estão voltando ou novos que estão sendo promovidos. E os bons novos pouco ficam. Não temos mais como segurar os jogadores jovens. Os Schumachers da vida são assediados todos os dias. Está aí o Pato para comprovar. A velocidade de formação é impossível comparativo à velocidade de venda. Não dá tempo de formar, óbvio. Neste fundamento, o Atlético Paranaense foi extremamente vitorioso. Tudo o que fizemos foi baseado em cima dessa premissa: valorizar a qualidade da marca para vender por altos valores. Jogou no nosso clube vale mais. Porque tem o melhor CT do Brasil, joga na Arena, é o clube mais organizado, porque é administrado por gente competente, porque não solta por quaisquer 30 moedas, porque não precisa, porque não está morrendo de fome."

Concorrência com clubes de formação de atletas
"Nós atuamos numa econômica de mercado, quem tiver competência se estabelece. Não tenho preocupação com isso."

Venda de jogadores
"Nós temos uma estatística que nos assegura a nossa tradição de vendedor. Esse foi o trabalho que entendemos que foi o melhor trabalho feito por essa gestão. Demos a qualidade ao nosso clube para transferir jogadores por altos valores. Temos a venda mais alta do Brasil, que foi a do Oséas para a Parmalat, e a segunda maior para o exterior, que foi a do Lucas para o Rennes. Por isso os resultados estão aí."

"Já cumprimos neste ano (a meta de receitas em negociação de atletas). Sicupira, você está redondamente enganado. Nós temos propostas para cinco jogadores do nosso grupo hoje. Eu nem penso em vender. O Alex Mineiro teve uma oferta de 5 milhões de dólares em cima da mesa para abrirmos mão dele para o Japão e nós nem pensamos. E eu não estou mentindo, não estou inventando. Tem oferta para o nosso goleiro, que jogou dez partidas. Temos oferta para cinco jogadores. Então, a média de venda de 10 milhões de dólares por ano está assegurada, mas a reposição não está."

Fortalecimento da marca Paranaense
"Este é outro case polêmico. O nosso projeto exige necessariamente uma marca forte fora da nossa província, do nosso quintal. Como seremos chamados em Belém do Pará se quisermos conquistar torcida fora das nossas fronteiras? Eu tenho recebido vários e-mails de pessoas contestando isso: “Você quer trocar o nome do meu Atlético”. Eu não quero trocar o nome de ninguém, do nosso Atlético. Só quero complementar o nome. Eu quero que o mercado chame de Atlético Paranaense. Eu quero que em Belém saibam que o Petraglia torce pro Atlético Paranaense. E amanhã na Ásia, nos Estados Unidos, na América Latina toda, saibam que é o Paranaense, assim como o River Plate e o Boca Juniors, que são Clube Atlético também. Se não for assim, vamos ficar só entre nós."

"Com todo respeito a nós, Atlético no Brasil é Atlético Mineiro. Hoje que nós começamos a mudar e já se pergunta qual Atlético, se Mineiro ou Paranaense. Mas há uma tradição de que Atlético no Brasil é Atlético Mineiro, desde a era Tostão (sic), da era Mineirão, é um time que foi campeão brasileiro em 1971. Por que vamos tirar o Paranaense do nosso nome se queremos o mercado paranaense inteiro e se queremos ser reconhecidos no Brasil inteiro e fora do Brasil? Como seremos conhecidos sem fazer isso? Se vocês me ensinarem, eu não proponho mudança nenhuma."

Novos planos de Sócio Furacão
"Não foi prometido nem a idosos nem a estudantes. Aqui mesmo nessa rádio eu antecipei um projeto nosso, que está em elaboração, infelizmente ainda não está pronto, as vezes as dificuldades são maiores, mas nós pretendemos ter um lançamento de um projeto para menores de 18 anos, para não-residentes e para base da pirâmida. Esse é o nosso projeto. Agora, não me pergunte maiores detalhes. Não está pronto ainda porque não queremos cometer os mesmos erros do lançamento do Sócio Furacão desse ano, que foi um horror. Já pedimos desculpas, não conduzimos bem aquele lançamento e criamos problemas para a nossa torcida. Vai demorar um pouquinho, mas quando lançarmos vamos lançar da forma que a nossa torcida merece."

BATALHA DO OLÍMPICO

Nota oficial assinada por João Augusto Fleury da Rocha
"Você tem de fazer essa pergunta ao presidente Fleury, que é presidente do Conselho Gestor. Obviamente que nós vimos o jogo, que temos uma opinião particular desse pseudo-jogo do sul do Brasil que imita os argentinos e os uruguaios, mas isso ainda não chegou ao Conselho Deliberativo. O jogo que nós vimos é de covardia, porque estava em casa e o Grêmio jogou com violência. O Atlético Paranaense se fará representar e buscaremos esclarecer as culpas e punir os resultados."

Opinião sobre a nota
"Totalmente endossada, ratificada, a posteriori pelo Conselho Deliberativo do Atlético Paranaense na pessoa do seu presidente porque é um assunto que não foi apreciado pelo Conselho Deliberativo. Mas a priori, nós endossamos integralmente. Apesar de o presidente do Grêmio não ter gostado, não retiramos uma só palavra do que foi dito."

Recuperação de Alex Mineiro
"Não se sabe ainda (o tempo de recuperação do Alex Mineiro). A estimativa é precária, preliminar, porque daqui a dois ou três dias será efetuada a cirurgia. Há um edema muito grande, haverá uma cirurgia reparadora de sua face, com colocação de placas de metais. Demoliu o rosto do Alex Mineiro. Há fraturas de palato, de nariz. Será que o bonzinho deu um pontapé na cara de seu colega por querer? Isso eu não sei, só ele vai poder dizer. Mas se ele usou uma atitude com imperícia e levantou o pé a nível de massacrar o seu colega, há punição do mesmo jeito. Não podemos nos conformar com o pseudo-jogo da raça, um jogo dividido. Futebol é um esporte que tem de ser jogado com lealdade. E essa palavra não houve no jogo de sábado."

ENTREVISTA À TRIBUNA DO PARANÁ

"É muito mais fácil estar aqui porque você tem condições de esclarecer o que disse em relação ao que o jornalista escreve e o espaço que ele tem. Eu disse que estou dono, que não sou dono e que a cultura do futebol brasileiro exige que tenha ações, comportamento de dono. Você não é dono, mas tem de agir como dono. Você tem de agir como se o prejuízo, se tiver, fosse seu. Você não pode atuar num clube levianamente como se não fosse seu. Você tem de administrar como se fosse seu. Eu estou comprometido com milhões de pessoas, então eu tenho de comportar muito mais como dono do que como não dono. Já foi dito que “o olho do dono engorda o gato”. Agora, lamentavelmente, não se faz omelete sem quebrar os ovos. E você enfrenta, e confronta e desagrada alguns durante a caminhada."

"Eu não falei que o Atlético é uma falácia. Eu falei que essa expectativa dos atleticanos, dessa massa de torcedores que temos em todas as camadas sociais. Três mil associados é uma falácia. O Atlético precisaria de 35 mil para fazer o time que a torcida gostaria de ver. Como vamos fazer o time se a arrecadação antecipada é de 3 mil sócios? Isso pra mim é frustrante. Por isso que eu falei que essa torcida é falaciante. Porque parece que a torcida paga todas as nossas contas, e o nosso orçamento mostra que as receitas de bilheterias não passam de 8%. Nós temos de tirar 92% de outras fontes de receita. O futebol brasileiro sobrevive de venda de seus “palhaços”, de seus artistas, e não de venda do espetáculo circo. Já pensou se o Cirque du Soleil vendesse todos os anos seus artistas? Quem não está quebrado no futebol brasileiro só não está quebrado porque vendeu seus craques para o exterior. No mínimo 40 a 50% de sua despesa fixa advém da receita de transferência de jogador."

TORCIDA

Valor dos ingressos
"Nós estamos pagando por essa quebra de paradigmas. Com as condições de conforto e segurança de alto nível que a Kyocera Arena nos dá nos jogos, aquelas mesmas condições que nós temos nas nossas casas, se fizermos uma comparação de custo-benefício, é evidente que nosso ingresso é mais barato. O Coritiba cobra, no Couto Pereira – precisa falar mais? – 100 reais a cadeira. Nós cobramos 40 reais. Além de outras coisas, nós estamos na primeira divisão, então o espetáculo tem de ser melhor."

Espaço para as torcidas na segunda etapa da Kyocera Arena
"Obviamente que não poderemos contentar a todos. Que temos nossos erros, evidente que sim. Mas vamos conversar, vamos discutir. Para concluir a Arena, temos a necessidade de definir. A FIFA nos obriga que não tenhamos mais essa coisa medieval que é o fosso e nem o alambrado, porque teve aquele acidente na década de 80. Também não podemos ter um local para torcida organizada porque todos têm de ficar sentados. Como vamos fazer para satisfazer a todos os pontos? Não há como atender a todas essas condições na atual situação do futebol brasileiro."

"A legislação ainda não atende a essa necessidade. Se algum torcedor jogar uma moedinha e o clube não o punir, o clube será punido. E isso já melhorou muito. Não se vê mais nos estádios brasileiros aquela bagunça que era. Precisaremos de uma legislação que não deixe na impunidade aquele torcedor que invadir o campo. Claro que isso não existe ainda, mas é inevitável."

"O Maracanã não tem mais fosso. Se você quiser pular, você invade tranquilamente. Nós precisamos definir situações adequadas: por exemplo, a torcida adversária. Na Arena pronta, onde ela vai ficar? Hoje ela fica naquele local, por uma questão inadequada. Mas na hora que estiver pronta, qual espaço vamos destinar aos Gaviões da Fiel, por exemplo?"

Poucos sócios
"Não é um caso isolado particular nosso. É o caso da fé. Qual é o clube ajudado pro sua torcida? O Coritiba Foot Ball Club, que é mais velho, tem mais títulos, veja quantos sócios eles têm. Veja o Paraná Clube. Estamos pesquisando, vamos contratar um sociólogo, um antropólogo para nos explicar as razões."

"Hoje a gente diz de boca cheia: (a estrutura do Atlético) não é a melhor do Brasil, é uma das melhores do mundo. Isso não dito por mim, mas dito por gente de altíssimo nível. O caso do Atlético, nós particularmente pensávamos que com isso tudo déssemos a motivação para que pessoas que nunca se envolveram ajudassem. Não podemos ser injustos totalmente, porque naquele momento de 1999, quando iniciamos a grande campanha para construção da arena nova, tivemos uma adesão muito grande. A torcida ajudou, comprando cadeiras a valores caros. Depois, tivemos 9 mil pacotes vendidos. Depois isso foi caindo e estamos a três mil, a valores infinitamente mais baixos. Vamos tentar descobrir por que o Criciúma, que vem da terceira divisão, é de uma cidadezinha, com todo respeito, comparavelmente a Curitiba, tem sete mil sócios? O Figueirense tem 12 mil sócios e nós temos três mil. É insignificante, é ridículo para uma cidade de dois milhões de habitantes.

"Há uma cultura no Brasil de que o futebol é um bem cultural do povo. Então, o torcedor se sente no direito integral de ter todas as benesses do seu time. “Eu sou torcedor”. Mas você colabora com o que para o seu time? O torcedor não alimenta a sua paixão, não tem o compromisso. Estou falando do nosso caso, porque no Rio Grande e em Minas, tem."

Fusão entre os clubes de Curitiba
"Não há como pensar nisso hoje. Há uma depuração natural do próprio mercado, que o tempo irá nos mostrar. Mas nós precisamos de torcedores não só em Curitiba, precisamos no Paraná inteiro. Ontem eu vi o jogo do Inter em Recife e tinha uma torcida razoável do Internacional. Isso é o que precisamos. Não podemos ficar só no nosso umbigo porque estamos vivendo só no nosso quintalzinho."



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