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17 ago 2007 - 18h29

Paixão desinteressante

Este texto foi escrito a princípio como resposta à coluna “O que se fez do amor eterno?”, do Rafael Lemos em 17/08/2007, e achei que talvez fosse interessante publicá-la por aqui também.

Apenas pra me apresentar, sou nascido em Curitiba, e hoje moro em Cuiabá onde envido todos os meus esforços para alimentar minha paixão pelo Atlético. Inclusive, tive a oportunidade de ajudar um pouco este que é o principal site do Atlético, quando o Furacao.com ainda engatinhava, e tenho muito orgulho de ter meu nome até hoje na página da Equipe do site.
Gostaria de fazer alguns comentários quanto à sua coluna.

Sou atleticano ao extremo – provavelmente não mais atleticano que você e, com certeza, não menos.
Aliás, digo isso apenas pra te responder o quão atletciano sou, porque não gosto de medir a “atleticaneidade” dos outros. Pra mim, cada um demonstra sua paixão a seu próprio modo, e seria arrogância de minha parte querer me definir mais atleticano do que qualquer outro.

Agora, eu uso a camisa do Atlético quando eu quiser. Eu assisto o jogo quando estiver com vontade. Eu gasto meu dinheiro com o Atlético quando me der na telha!

Quando me conheci por atleticano, na década de 80, o Atlético estava na segunda divisão. O primeiro jogo que assisti foi no Torneio da Morte do Brasileiro de 89. E eu chegava a chorar quando descobria, na sexta-feira, pela Placar, que o Atlético tinha perdido o jogo do domingo (naquela época não existia Internet e os jornais de onde eu morava não davam sequer nota sobre o Atético).

Portanto, não venha me dizer que sou menos atleticano que você porque prefiro ir ao cinema assistir um bom filme do que pagar o Pay-per-View pra ver um jogo do Atlético. Nem por preferir comprar uma boa camisa de marca do que a camisa do Atlético. Entenda que, simplesmente, um bom filme é atualmente MUITO mais interessante que um jogo do Atlético. Ver Robert De Niro e Julia Roberts é mais agradável do que ver Danilo e Marcelo.

Mesmo assim, entro neste site todo dia, na esperança de ver a notícia de que o Alex Mineiro já está pronto pra voltar, ou a que o Washington está sendo contratado, ou de que o Marcão se desentendeu no Inter e está voltando pro Atlético, etc. Tenho a esperança, todo dia, de que o time pelo qual sou apaixonado, volte a ser interessante.

Entenda que interessante não é o time que ganha todos os jogos ou que dá espetáculo. Interessante não é apenas uma boa fase. Interessante é ver jogadores jogando pela camisa que vestem ao invés de usar nossa paixão como trampolim para a estabilidade financeira deles. Interessante é ver seu ídolo jogar e comemorar seus gols junto com a galera. Interessante é ver o técnico colocar em campo os melhores jogadores e aqueles que tem mais vontade de ajudar o time a vencer, e não aqueles que a diretoria tem interesse em negociar logo. Interessante é ver o Atlético na Baixada intimidando o adversário, tocando a bola, colocando os caras na roda, e não deixando-os passar do meio campo.

Quando o adversário sente medo e o juíz pensa duas vezes antes de marcar uma falta contra o nosso time, me dá orgulho do nosso Atlético, da nossa torcida e do nosso estádio. Mas, quando o adversário chega em nossa casa e nos bota na roda, sinto vergonha. Quando a torcida adversária tem motivo pra gritar mais alto que a nossa, sinto vergonha. Quando nosso zagueiro dá chutão atrás de chutão, sinto vergonha. Quando nosso meio-campista erra todos os passes, sinto vergonha. E sinto vergonha também quando nosso atacante está na marca do penalti e isola a bola pra arquibancada.

Vergonha não do Atlético, vergonha daquele momento, daquele cara ali que foi contratado por aquela diretoria que está ali no momento.

Meu amigo vascaíno me disse na quarta-feira: “Cara, fica tranquilo, esse aí não é o seu Atlético não. Eu sei que o Atlético é muito mais que isso, principalmente aí dentro desse estádio”. Apesar da vergonha do momento, senti um imenso orgulho pela imagem muito mais ampla que o Atlético tem.
Apenas não quero que deixem essa imagem morrer.

Eu não posso ir ao estádio gritar que estou insatisfeito – aliás, mesmo que pudesse, provavelmente não seria ouvido. Mandar um e-mail pro site oficial ou pro Petraglia? Nem seria lido.

Sabe o que eu posso fazer pra demonstrar meu protesto? Ignorar. O pior castigo é ser ignorado. E, desculpe se você me acha um atleticano sazonal, mas meu protesto é ignorar.

Talvez, quando a diretoria ver o estádio completamente vazio, percebam que o Atlético é, atualmente, interessante apenas pra eles e pra mais ninguém. E, no dia em que o Atlético voltar a ser interessante pra mim, voltarei a investir meu tempo e meu dinheiro na minha paixão.

Abraço.



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